Quer ir bem em "Project Cars 2"? Então é bom ter paciência e habilidade

Você joga um game de corrida para se divertir ou para ter uma experiência próxima de pilotar um carro de verdade? Ter em mente essa distinção é fundamental caso você queira se aventurar pelas pistas em "Project Cars 2".

O game de Slightly Mad Studios separa bem essas duas vertentes do automobilismo virtual. E, da maneira como foi concebido, é bem provável que ele agrade muito mais quem busca essa tal "experiência realista" do que aqueles que querem apenas sentar em um carrão, pisar no pedal da direita e se divertir.

E, a seguir, explicamos o porquê disso.

Muito a fazer antes de correr

No início do ano, falamos aqui que "Assetto Corsa" era um game "praticamente injogável" em um controle padrão de videogame. O primeiro "Project Cars" sofria de mal semelhante - ainda que em menor proporção - e, para ser melhor aproveitado, o uso de um volante era quase mandatório.

Essa sequência, felizmente, mudou um pouco as coisas. É possível jogar "Project Cars 2" com um controle convencional e, ainda assim, obter uma experiência satisfatória.

Para chegar neste ponto, porém, o jogador terá que dedicar um bom tempo na área de ajustes de controle, localizada no menu de opções. Eu, pelo menos, passei, e deixo aqui a dica: o ideal é diminuir a sensibilidade dos comandos, em especial do quanto a direção vira quando o carro está em alta velocidade.

De qualquer forma, esses ajustes só podem ser feitos no menu principal e, para testar cada mudança, leva-se um bom tempo. Ou seja: você vai precisar de uma boa dose de paciência até deixar os controles ao seu gosto.

Caso você tenha um volante, uma boa notícia: "Project Cars 2" claramente foi projetado para donos desse tipo de acessório, com um sistema de force feedback bastante fiel que possibilita manobras precisas.

Dentro da pista, (quase) tudo certo...

O tempo gasto configurando controles é recompensado pela física precisa de "Project Cars 2". A tecnologia de escaneamento de pista usado pela produtora do game se revela quando o carro "copia" as imperfeições e elementos como zebras e poças d'água com perfeição e, somada ao chamado "Live Track 3.0", um sistema que alterna características do piso de acordo com variáveis como clima, hora do dia etc, transmitem um realismo invejável e que não é encontrado em concorrentes.

Em resumo: carros diferentes - são cerca de 180 deles - reagem de formas bem distintas entre si e pistas simples se tornam desafiadoras dependendo das condições do asfalto - há 60 circuitos, com diversas opções de traçado em cada.

Da mesma maneira, fazer ajustes nos carros pode melhorar de maneira determinante seu tempo de volta. Há uma enorme quantidade de opções para quem quer dar uma de mecânico. Por outro lado, parte dessa complexidade é aliviada com o uso da função "Engenheiro", que promove mudanças de acordo com o diagnóstico apontado pelo piloto virtual.

Além dessa função, novatos têm opção de auxílios que ajudam a ficar na pista. Aqui, a regra é não ser orgulhoso: até pegar o jeito, a recomendação é que os pilotos iniciantes se valham de recursos como controle de estabilidade e de tração, o que também permite que o processo de dominar a jogabilidade punitiva do game seja algo prazeroso, não frustrante.

A experiência de pilotagem é complementada com um visual detalhado - se não é o melhor gráfico do gênero, em nada deve, em especial na versão para PC - e um som bem orgânico, em especial quando falamos dos roncos dos carros.

Por outro lado, enfrentar oponentes controlados pela inteligência artificial é algo frustrante. Eles alternam entre seguir uma fila indiana e ter momentos exageradamente erráticos.

...fora dela, nem tanto

"Project Cars 2" conta com três modos principais: carreira, corridas isoladas e online. O jogador típico do game, porém, deverá se concentrar nos dois últimos.

Explica-se: o modo carreira segue uma estrutura similar à vista em "Project Cars". O jogador vai subindo degraus em sua carreira de piloto conforme vence corridas. Esse modo, porém, é maçante: não há qualquer senso de recompensa, já que todos os carros estão disponíveis de cara. Outro problema é a duração dos eventos, que em geral incluem treinos livre e classificatório de mais de 20 minutos cada antes da corrida.

Nesse último ponto, aliás, há um agravante. Caso você decida por fazer uma volta e pular para o final do treino, pouco importa se o tempo marcado for imbatível: você automaticamente ficará na última posição. Isso parece ser um bug, mas durante o período em que UOL Jogos testou o game, ainda não havia sido corrigido.

Outro ponto que incomoda é a lentidão dos menus. Ao menos nos consoles, o tempo de carregamento do game é excessivamente longo, até mesmo para mudar de abas na tela principal do jogo. Acessar corridas ou, simplesmente, entrar nas opções e menus de ajustes é algo que irá testar sua paciência.

Entre erros e acertos, uma evolução

Há de se criticar "Project Cars 2" por não ter o mesmo visual e acessibilidade de "F1 2017", a abrangência em uma categoria do automobilismo como "DiRT 4" ou, ainda, a interface amigável de um "Forza". São argumentos bem plausíveis.

Ainda assim, o game longe de um concorrente a ser descartado na intensa disputa do gênero e marca uma boa evolução em relação ao seu antecessor. No final das contas, ele vai bem no ponto que mais importa: quando o aspirante a piloto virtual está dentro da pista. Nessa hora, o jogo tem tudo para agradar quem prefere uma experiência que entregue boas doses de realismo e não apenas uma diversão descompromissada.