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Dá para acreditar? As propagandas dos games já foram sexistas assim

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Imagem: Reprodução

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

09/11/2017 04h00

Hoje as mulheres representam a metade do público que compra e joga videogames e estão na mira da publicidade, mas acredite, nem sempre foi assim. Em 1989, as garotas representavam apenas 3% dos jogadores - e a propaganda de games era toda pensada para os meninos.

Nos anos 1980, época de ouro dos arcades nos EUA, as meninas eram vistas como intrusas no mundo dos games. Não é à toa que nos primeiros episódios da segunda temporada de "Stranger Things", os garotos não conseguem acreditar que a recém-chegada Max seja a dona do recorde na máquina de "Dig Dug".

Stranger Things 2 - Max - Divulgação - Divulgação
Para os garotos dos anos 1980, meninas como Max, que jogavam videogame, estavam invadindo seu território. Infelizmente, muitos garotos pensam desta mesma maneira em 2017.
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"Garotas não jogam videogame", concordam Dustin, Mike e seus amigos.

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Essa percepção de que videogame era brinquedo "de menino" se refletia e era alimentada pela publicidade, onde as mulheres sempre apareciam como objeto sexualizado e não como público consumidor de games.

Veja como eram as propagandas de games nos anos 1980 e 1990:

Com esse tipo de comunicação, era até difícil para as garotas se interessarem ou se sentirem confortáveis em entrar em um arcade ou sentar no sofá com os amigos para jogar um pouco no Nintendinho.

Pois é, nem a Nintendo, considerada tão 'certinha' hoje em dia, escapou: uma propaganda do Game Boy Advance mostrava um jovem deitado na cama, jogando no portátil, enquanto a namorada observava, deitada em seu ombro, em uma cena óbvia de pós-sexo. "A segunda melhor coisa para fazer no escuro", dizia a peça. Porque a menina não estava jogando também? A interpretação é que ela e o GBA são objetos para proporcionar prazer e entretenimento para o rapaz.

A Sega pegava pesado nas propagandas dos games de Megadrive. Um exibia um controle arcade com os dizeres "quanto mais você joga, mais 'duro' fica". Ou, pior ainda, em uma propaganda do Saturn, exibia uma mulher nua deitada em um lenço de cetim, com as partes íntimas cobertas apelas por telas de jogos do console.

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A Sony chegou com o PlayStation e seguiu a onda com propagandas controversas que passaram pelo racismo, preconceito religioso e machismo, numa estratégia que parecia voltada para atrair a atenção sem medir custos. E isso não ficou no passado: uma peça publicitária do PS Vita mostrava uma mulher com seios nas costas e os dizeres "Toque dos dois lados para prazer extra".

Nos últimos anos, a publicidade nos games tem dado sinais de mudança: a Nintendo foca suas campanhas em jogos para a família e para o público jovem, tanto masculino quanto feminino. A Sony e a Microsoft evitam escorregar para o sexismo. Isso se deve não só ao aumento da presença feminina na comunidade de jogadores, mas também ao fato de que as mulheres se sentem incomodadas por ações como essas e fazem suas vozes serem ouvidas.