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Passando vergonha! Jogo "Bolsomito 2k18" expõe Brasil no exterior, diz MP

No game "Bolsomito 2K18", presidente eleito Jair Bolsonaro espanca e mata opositores - Divulgação/BS Studios
No game "Bolsomito 2K18", presidente eleito Jair Bolsonaro espanca e mata opositores Imagem: Divulgação/BS Studios

Helton Simões Gomes

Do UOL, em São Paulo

05/12/2018 11h56

Após sofrer derrotas, o MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Território) mudou a estratégia para suspender "Bolsomito 2k18", o jogo em que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) aparece espancando mulheres, gays, negros e integrantes de movimento sem-terra.

A procuradoria regional já havia tentado tirar o jogo do ar por meio de canais administrativos, mas não obteve sucesso. O Ministério Público Federal tentou abrir uma ação civil pública para conseguir isso. Só que a Justiça Federal não deu prosseguimento ao processo.

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Agora, o MPDFT ajuizou uma ação civil pública contra a Valve, a plataforma em que o game foi ofertado. O objetivo é não só obrigar a Valve a tirar o jogo de seu sistema como também forçá-la a fornecer os dados cadastrais e financeiros da BS Studios, desenvolvedora de "Bolsomito 2k18".

O jogo foi lançado no dia 5 de outubro e diz ser inspirado pelo "atual momento político brasileiro", com um "cidadão de bem que está cansado da crescente corrupção e inversão de valores que abala a sociedade" como protagonista. Cinco dias depois, o MPDFT abriu um inquérito civil público. Naquela época, o MP-DF considerava que o jogo causava danos morais coletivos a movimentos sociais, gays e feministas, além de "possuir clara intenção de prejudicar candidato à Presidência da República e com isso embaraçar as eleições 2018".

Agora, o MPDFT argumenta que há violação ao direito de personalidade de Bolsonaro. Por ele ser o presidente eleito, isso geraria danos morais a todos os brasileiros. Por mostrar o político espancando pessoas, o jogo também viola o direito de personalidade de mulheres, negros, integrantes da comunidade LGBT, membros de movimentos sociais e parlamentares. Por tudo isso, o game, diz o MP, incita ódio às minorias.

A ação foi ajuizada pela Unidade Especial de Proteção de Dados e Inteligência Artificial do MPDFT. Para o coordenador do órgão, o promotor de Justiça Frederico Meinberg, o jogo faz o Brasil passar vergonha perante o resto do mundo.

O jogo expõe o país de forma negativa no cenário internacional

Frederico Meinberg

O game é um beat'em'up ao melhor estilo dos clássicos de fliperama. Ou seja, o que o jogador tem de fazer é bater nos inimigos e correr.

O principal adversário no jogo é o "exército vermelho". Além disso, há alusões óbvias ao então presidenciável do PT, Fernando Haddad, além do presidente Michel Temer (MDB), aos ex-presidentes Dilma Rousseff (PT) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e até ao jornalista William Bonner, da TV Globo.