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Fraquinho? Switch mostrou em 2018 que dá conta de receber jogos "grandes"

Em 2018, Switch recebeu bom número de jogos badalados de third parties - Arte UOL
Em 2018, Switch recebeu bom número de jogos badalados de third parties Imagem: Arte UOL

Rodrigo Lara*

Colaboração para o UOL

21/12/2018 04h00

Prestes a completar dois anos de vida, o Nintendo Switch parece ter acabado de vez uma das principais dúvidas que pairavam sobre o console: se ele teria o apoio de produtoras sem ligação direta com a Nintendo - as chamadas third parties.

A preocupação tinha motivo: games dessas desenvolvedoras estiveram praticamente ausentes no Wii U, o que contribuiu para que o console fosse um fracasso completo. Ele foi o console de mesa que menos vendeu na história da Nintendo e o segundo videogame da empresa a ter menos jogos - aqui, considerando consoles e portáteis, ele só perde para o esquecível Virtual Boy.

O que se viu com o atual videogame híbrido da Nintendo, no entanto, é um apoio considerável das third parties. É importante deixar claro que não é uma situação idêntica ao que ocorre entre PlayStation 4 e Xbox One. Os consoles de Sony e Microsoft compartilham boa parte da biblioteca, mas alguns desses grandes jogos multiplataforma - e até mesmo exclusivos, como "Mario + Rabbids: Kingdom Battle" - aterrissaram no Switch sem fazer feio.

E mais: mesmo com um hardware mais fraco do que PS4 e Xbox One, a proposta do Switch acabou se mostrando ideal para alguns jogos, que praticamente ganharam uma vida nova no videogame da Nintendo.

Diversão em qualquer lugar

Um exemplo é "Diablo III: Eternal Collection", versão do popular RPG de ação que desembarcou no Switch no início de novembro. Além de não decepcionar na parte técnica, a própria estrutura do jogo, com separação por missões, casa bem com a proposta portátil do console.

É possível jogar partidas curtas e, ainda assim, progredir no game sem precisar, necessariamente, de uma TV ou monitor para isso - o mais próximo que se poderia chegar disso seria rodar o jogo em um notebook.

Ainda assim, ficaria longe da praticidade proporcionada pelo Switch, que inclusive conta com três modos multiplayer: local na mesma tela, local com mais de um console e online. Até mesmo questões como a configuração do controle quando se joga utilizando um Joy-Con é algo que foi bem resolvido - dentro das possibilidades, claro.

A mesma situação se aplica para games que não passaram por grandes adaptações conceituais, como "Dragon Ball FighterZ", "Doom", "Skyrim" e "Wolfenstein 2". Enquanto o jogo de luta da Arc System Works é uma bela adaptação que mantém, por exemplo, os 60 quadros por segundo, os demais tiveram uma diminuição de sua qualidade gráfica para manter um bom desempenho.

Aqui, tirando possíveis complicações envolvendo controles - jogar "Dragon Ball FighterZ" no modo portátil é garantia de ficar com dores nas mãos, da mesma forma que nesse modo perde-se um bocado de precisão com games de tiro em primeira pessoa -, vemos uma situação similar à de "Diablo", com a possibilidade de se jogar em qualquer lugar sendo um fator extra de diversão.

O mesmo vale para jogos como "Fortnite" e "Rocket League", cujas partidas online rápidas se tornam parceiras ideais para o modo portátil do aparelho. Isso também se aplica a franquias esportivas gigantes, como "FIFA" e "NBA 2K", que marcam presença na lista de jogos do aparelho.

Caso único

Considerando essas conversões, um jogo que merece destaque no Switch é "Civilization VI". E aqui, há duas razões para isso: essa versão é a primeira do game para consoles, já que ele era restrito, até então, a PCs.

Aqui, dois pontos: a natureza de "Civilization VI" já o coloca como aquele tipo de jogo que pode ser jogado por 20 minutos ou por horas a fio. O que surpreende é que o Switch segura bem em termos de desempenho mesmo quando o mapa começa a ficar lotado de outras civilizações.

Há, no entanto, um preço a se pagar: quando jogado no modo portátil, "Civilization VI" mostra um apetite pela bateria do console maior até mesmo que o de "The Legend of Zelda: Breath of the Wild", que esgota a reserva de energia do aparelho em cerca de três horas.

Nem sempre vai bem

Há casos, no entanto, de algumas versões de games para o aparelho que se mostram excessivamente ambiciosas. Um caso recente é o do jogo de sobrevivência "ARK: Survival Evolved", que já não era um exemplo de game tecnicamente redondo, mas que desembarcou no Switch de maneira desastrosa.

Aqui, o pacote de problemas é completo, com o game encontrando dificuldades de renderização e, em alguns momentos, como o canal Digital Foundry apontou tendo uma resolução com menos pixels do que a encontrada em um jogo de Mega Drive.

Outro caso um tanto "agridoce" é o de "Dark Souls Remastered". Lançado meses após as versões de PC, PlayStation 4 e Xbox One, a versão de Switch passou por algumas concessões técnicas para rodar de forma estável.

O problema é que uma dessas concessões acabou sendo a taxa de quadros, que ficou em 30, contra 60 dos demais consoles e PC.

Pode parecer trivial, considerando que o jogo original de 2011 rodava a 30 quadros por segundo e era menos estável do que a versão refeita para Switch, um dos principais atrativos da edição remasterizada é justamente o benefício trazido pelos 60 quadros por segundo, que melhoram a jogabilidade e a fluidez do game. Ou seja: ainda que não inviabilize a experiência, essa diferença torna a versão de Switch defasada em relação aos demais consoles.

Pior: no Switch, "Dark Souls" ainda tem quedas ocasionais de quadros por segundo, ainda que elas aconteçam em uma frequência menor do que ocorria no PlayStation 3 ou Xbox 360. Isso sem falar dos sons do game, que soam pior nesta edição.

De qualquer forma, a possibilidade de jogar "Dark Souls" no ônibus ou metrô só existe no Switch e funciona bem. O modo portátil é ótimo para o famoso "grind", ganhar almas para subir de nível e ficar mais poderoso para encarar partes mais difíceis do game.

Esse é um caso que mostra como a presença de games de peso de empresas terceiras no Switch nem sempre é perfeita, mas é uma opção positiva e diferente do que o oferecido pela concorrência.

Resta saber se esse ritmo continuará nos próximos anos, uma vez que nos aproximamos de uma mudança de geração para os videogames de Sony e Microsoft e, portanto, é de se esperar jogos que utilizem o poderio adicional dos novos consoles. Para 2019, jogos como "Mortal Kombat 11" e o remake de "Crash Team Racing" já têm versões de Switch confirmadas.

Até lá, no entanto, o híbrido da Nintendo tem tudo para seguir firme e forte.

*com a colaboração de Rodrigo Trindade

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