22/08/2008 - 12h33
Direto da GC: diretor de "Hellboy II" critica Hollywood
THÉO AZEVEDO
Enviado especial a Leipzig
Théo Azevedo/UOL Diretor Guillermo del Toro diz que os jogos não podem ser tratados como 'filmes B' |
Um gamer hardcore e apaixonado. Foi assim que o diretor Guillermo del Toro, atualmente envolvido com a produção de "Hellboy II - O Exército Dourado", que estréia no Brasil em 5 de setembro, se definiu durante conferência na Games Convention 2008, feira européia de games que acontece em Leipzig, na Alemanha. Sincero, o mexicano falou sobre a relação entre games e cinema.
"Comecei jogando 'Pong' em Guadalajara e, desde então, tudo o que foi lançado passou pelas minhas mãos", explicou. "Tenho várias idéias para games e, como sou jogador, sei enxergar pela perspectiva do consumidor", emendou, ao falar sobre "Sundown", comentando que deseja retomar a produção de seu jogo com zumbis anunciado em 2006.
Del Toro criticou a relação entre Hollywood e os games, dizendo que muitos jogos inspirados em filmes ficam ruins porque são tratados como "filmes B", tanto em termos de orçamento quanto em tempo de desenvolvimento. Ele não poupou nem "Hellboy: The Science of Evil", da Konami: "Gostaria de trabalhar em um jogo de 'Hellboy' desde o começo, e não em algo limitado, com uma tecnologia que lembra 'God of War'".
Para o diretor, que definiu Hollywood com um dinossauro grande e lento, a solução é dar maior importância aos jogos. "Hollywood não pode pensar nos games como algo secundário, e sim como parte da narrativa do filme". Del Toro vê com grande expectativa a relação entre Peter Jackson, diretor de "O Senhor dos Anéis", e a Bungie, produtora de "Halo": "Peter está com algumas das pessoas que melhor entendem de jogos".
O filme de "BioShock", sob a batuta de Gore Verbinski, também figura na lista dos promissores do diretor mexicano.
Se o papo com a imprensa era sobre o filme "Hellboy II", os jogos acabaram roubando mesmo a cena. A respeito da próxima iteração, Del Toro comentou que nunca vai conseguir agradar 100% dos fãs, mas destacou a "história muito mais maluca" da continuação, "que expressa mais arte que o original". Ele até considera fazer um terceiro filme, este com tom apocalíptico, mas disse que o sucesso comercial de "Hellboy II" é que vai definir tal possibilidade.