Série educativa "Conflitos Globais" chega ao Brasil

da Redação

Não é de hoje que o potencial educativo dos jogos eletrônico é questionado. O forte aspecto comercial do mundo dos videogames e a violência que predomina em alguns títulos parece colocar em xeque essa possibilidade, mas outras iniciativas rebatem isso com resultados palpáveis, caso da Olimpíada de Jogos Digitais e Educação, competição entre escolas da rede pública de ensino em games educacionais.

Neste mês de março chega ao Brasil "Conflitos Globais", mais uma promissora ferramenta que utiliza os games como plataforma educativa.

"Conflitos Globais" é uma série desenvolvida pela produtora dinamarquesa Serious Games Interactive que se baseia em conflitos do mundo real para ensinar conteúdo relacionado às áreas de História, Geografia, Português, Relações Internacionais, Comunicação, Línguas Estrangeiras e Cidadania.

A iniciativa é da Iconomia Produções Culturais, empresa criada por Gilson Schwartz, líder do grupo de pesquisa da Cidade do Conhecimento, na USP, em São Paulo, que há cerca de dez anos pesquisa o uso de novas mídias como ferramentas educativas.

"Estamos enfrentando no Brasil uma série de problemas na área de educação, como alunos que leem cada vez menos, e talvez o game acabe sendo um caminho pedagógico e tecnológico para mudar isso", explica. "O 'Conflitos Globais' vem ao país para atender uma demanda de conteúdo educacional em novas mídias; ele cai como uma luva para nossas necessidades".

Crises educativas

A franquia até o momento é composta por três títulos e funciona como um adventure do estilo aponte-e-clique, gênero popular no computador. Assim, o foco está na história elaborada e na resolução de enigmas. Em todas as aventuras o jogador encarna um repórter que deve investigar os problemas da região e conversar com o máximo de pessoas para elaborar boas reportagens.

Por exemplo, o primeiro jogo da série acontece na Palestina e trata do conflito entre o país e Israel. Já "Conflitos Globais - América Latina", o segundo episódio, mas o primeiro a chegar no Brasil, são abordadas questões mais próxima aos brasileiros, como a pobreza extrema e condições precárias de trabalho nos países da região. Cada aventura leva cerca de 45 minutos para ser vencida.

O projeto, porém, não é constituído apenas por games. Cada episódio acompanha um pacote de suporte pedagógico, com um manual destinado ao professor que dá sugestões de como utilizar os jogos em sala de aula para suscitar debates e desenvolver outras atividades. Claro, tudo isso estará disponível aqui no Brasil: "não vamos apenas fazer a tradução do jogo para português, vamos trazer junto o pacote de suporte pedagógico", explica Gilson.

Assim, o foco do "Conflitos Globais" são grandes grupos em salas de aula. "Até é possível jogar individualmente para quem desejar, mas queremos que seja adotado por professores", conta Gilson Schwartz. "Atualmente, várias escolas particulares de São Paulo demonstraram interesse e estamos conversando também com escolas públicas e técnicas".

Sobre preços, Gilson explica que o valor para escolas variará conforme o número de alunos que utilizarão a ferramenta. "Estamos analisando cada caso, para assim trabalhar um plano de aulas. Vamos sempre licenciar com o plano pedagógico", esclarece ele. Quanto mais alunos, maior será o desconto para a instituição de ensino.

De acordo com Gilson, para as escolas cada cópia do jogo custará no máximo R$ 10 por pessoa.



Produção brasileira

Porém, a vinda do "Conflitos Globais" não se resuma a um projeto de localização de um produto internacional.

A Iconomia revela que produzirá no país um episódio de "Conflitos Globais" que acontece na Amazônia. Segundo Gilson, "esperamos lançar o jogo até 2011; por enquanto só a Iconomia está produzindo o game, mas estamos procurando parcerias, inclusive com escolas".

Em 2009 o "Conflitos Globais" foi um dos selecionados pelo Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime), o que garante ao projeto apoio financeiro do governo.

O lançamento oficial do "Conflitos Globais" no Brasil acontece nesta quarta-feira (17), na mesa-redonda "Educação Digital: Imersão e Experiência", que conta com a participação de Gilson Schwartz; Pedro Demo, professor de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB); Roseli de Deus Lopes, professora da Escola Politécnica, e Ceila Santos, gestora do "Conflitos Globais".

O evento acontece às 18 horas no Auditório Camargo Guarnieri, localizado na Rua do Anfiteatro, 109, dentro da USP, em São Paulo.

UOL Celular