21/07/2005 - 19h42 Virtual Boy, o videogame 3D "real" da Nintendo, faz dez anos Da Redação A Nintendo é conhecida como uma empresa que estabeleceu diversos paradigmas dos videogames, como o direcional em forma de cruz (Nes), os botões de gatilho (Super Nintendo), o direcional analógico e motor vibratório (Nintendo 64). Mas alguns de seus inventos, como o Virtual Boy, não tiveram o sucesso esperado, seja por falta de interesse ou mesmo incompreensão.
Em 21 de julho de 1995 a Nintendo lançou no Japão um novo console, que clamava ter gráficos 3D "reais". Tido como o "terceiro pilar" dos produtos da companhia - um é o videogame de mesa e o outro, o portátil - o Virtual Boy foi criado por Gunpei Yokoi, veterano engenheiro contratado em 1965 pelo então presidente Hiroshi Yamauchi. Desde então ele trabalhou em projetos como o Game & Watch e o Game Boy. Junto com o jovem Shigeru Miyamoto, fez um dos primeiros arcades da companhia, o "Donkey Kong", 1980.
Virtual Boy nasceu num período em que se discutia com grande interesse a realidade virtual, com os videogames usando cada vez mais os gráficos em 3D, como aqueles que se conhece hoje, popularizados pelo PSOne e Saturn. O assunto também chegava ao grande público, em filmes como "O Passageiro do Futuro". Gunpei, então, teve a idéia de um console em forma de visor, em que cada olho recebe uma imagem diferente, para que o cérebro interpretasse como uma imagem em três dimensões. O processo é semelhante ao dos óculos 3D.
A tela do Virtual Boy funciona com um sistema de lentes, espelhos e LEDs - diodo emissor de luz, aquelas lâmpadas usadas para saber se um aparelho está ligado. Por questão de custo, o engenheiro decidiu que o console teria apenas um espectro de cor. Gunpei escolheu o vermelho, por ter baixo consumo e alta nitidez. O controle trouxe também uma pequena inovação: vinha com dois direcionais, um para cada polegar, para poder controlar objetos num ambiente 3D.
O console foi lançado ao preço de 15 mil ienes (cerca de 135 dólares) no Japão e 179,95 dólares nos EUA, que foi considerado alto. O lote inicial de jogos incluiu títulos como "Mario's Tennis", "Galactic Pinball", "Red Alarm" e "Teleroboxer". Depois de um ano, as vendas ficaram em 140 mil unidades no Japão e 630 mil nos EUA, bem abaixo dos 1,5 milhão previsto. A falta de bons jogos, além do desconforto e gráficos considerados pouco atraentes podem ser apontados como a causa do fracasso.
Talvez, o Virtual Boy estivesse à frente de seu tempo, com um estilo de jogar nunca visto antes. A peça que faltava para fazer gráficos coloridos no Virtual Boy só apareceu em 1996, quando foram desenvolvidos LEDs verde e azul de alta luminosidade.
Por conta do fracasso, Gunpei Yokoi se desligou da Nintendo e fundou a Koto Company, onde desenvolveu um novo portátil, o WonderSwan. O primeiro jogo lançado para o portátil tinha o nome de "Gunpey", em sua homenagem. Em 1997, um acidente de carro mataria um dos maiores contribuintes para a história de sucesso da Nintendo. Em 2003, Gunpei Yokoi recebeu o prêmio pelo conjunto da obra na terceira edição da Game Developers Choice Awards, entrando para a galeria que já tem Will Wright, Yuji Naka e Mike Cerny.
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