23/03/2006 - 17h55 Direto da GDC: "Zelda" e DS dominam conferência da Nintendo THÉO AZEVEDO Enviado especial a San Jose
"Iwata: drop the bomb" ("Iwata: solte a bomba", em português), era a inscrição na placa de um fanático pela empresa que, minutos antes do início da conferência, circulava pela calçada do auditório de San Jose, local do evento. A exemplo do que acontecera na conferência da Sony, na quarta-feira (22), a disputa por uma vaga - e a fila - era enorme. Todos querem saber o que Satoru Iwata, presidente da Nintendo, tem a dizer.
Minutos antes do início da conferência, o local já estava completamente lotado e, nas primeiras filas, célebres como Reggie Fils-Aime, executivo da Nintendo, e Will Wright, criador da série "The Sims", tomavam seus lugares. No palco, uma bancada com quatro paredes enganava à primeira vista: o que pareciam, ao longe ser exemplares do Revolution, eram aparelhos de captura de imagem conectados ao DS. Um prenuncio de que o portátil era mesmo a estrela do dia, e não o console de próxima geração da companhia.
Bem humorado e com seu inglês carregado de sotaque, mas muito claro, Satoru Iwata iniciou a conferência falando sobre as inovações da Nintendo e traçando um divertido paralelo com a Pepsi, arrancando risos e aplausos dos presentes - o que viria a acontecer várias vezes até o final.
Iwata destacou a importância do software explorar bem as capacidades do hardware e logo partiu para o principal assunto do evento (ou, pelo menos, o que ocupou mais tempo): a série de estimulação cerebral "Brain Training" que, depois de vender milhões de cópias no Japão, prepara-se para aportar em continente americano.
Sem limitar-se à teoria, Iwata deu lugar a um membro da equipe de testes da Nintendo, que chamou ao palco, alguns convidados, dentre eles Will Wright e Jamil Moledina, diretor da GDC, para algumas disputas multiplayer do jogo. Novamente, muitos risos e aplausos, no momento inusitado.
Então para alegria do público, Iwata revelou que cada um dos presentes, ao final do evento, ganharia um exemplar de "Brain Age - Training Your Brain in Minutes a Day!", para o DS. Contudo, o dia ainda reservava mais surpresas.
Após alardear o sucesso da rede sem fio do DS - um milhão de usuários e 29 milhões de acessos -, houve uma demonstração do multiplayer de "Metroid Prime: Hunter", entre quatro pessoas da equipe de desenvolvimento do game. Em seguida, Iwata apresentou "Tetris DS", dizendo que até a sua avó gostaria de jogá-lo, e falou de "New Super Mario Bros".
Então, Iwata revelou, através de um breve vídeo, a principal surpresa da conferência: "Legend of Zelda: Phantom Hourglass", primeiro jogo de Link para o DS, com perspectiva bidimensional, mas belos gráficos em 3D. Na E3, o jogo poderá ser experimentado pelos visitantes, junto com "Twilight Princess", do GameCube.
E para não dizer que o presidente da companhia não falou do Revolution, veio à tona a compatibilidade do Virtual Console, recurso do videogame que rodará jogos antigos, com títulos do Mega Drive e do TurboGrafix-16.
Como a concorrente Sony, a Nintendo preferiu deixar o principal para a E3. E quem se saiu vencedor e fortalecido no evento foi o DS, com o modelo Lite e franquias célebres da companhia, como "Mario", "Metroid" e agora "Zelda", levando a diversão a níveis máximos.
Decepcionante? De maneira alguma. Iwata falou sobre o desenvolvimento do portátil, que na realidade era o tema de sua conferência. Além do mais, a platéia era formada predominantemente por desenvolvedores de jogos, que certamente ficaram agradecidos pelas palavras de Iwata sobre inovação e como conquistar públicos distintos. Isso, sem dúvidas a Nintendo sabe fazer muito bem.
De fato, a bomba não veio, mas todos deixaram o auditório satisfeitos, e com um exemplar de "Brain Age" com direito à cartinha do Iwata. E que venha a E3.
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