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Epic Mickey

13/12/2010 11h41

Após anos sumido dos jogos eletrônicos em uma aventura própria, o ratinho Mickey Mouse reaparece nesta ousada produção para o Wii.

Encabeçada por Warren Spector, criador da lendária série de RPGs "Deus EX", a empreitada apresenta diversos altos e baixos, com a balança pesando, infelizmente, mais para o lado dos pontos negativos.

Ainda assim, "Epic Mickey" é um título de proposta empolgante que, apesar dos muitos deslizes, quando acerta o faz muito bem, e certamente agradará fãs antigos do herói e apreciadores de animações antigas.

Nostalgia e repetição

A história mostra Mickey se aventurando por um mundo chamado Deserto (Wasteland, em inglês), que por sua vez é habitado por personagens criados por Walt Disney e esquecidos pelo tempo. Seu habitante mais antigo é Oswaldo, o Coelho Sortudo, primeiro personagem criado por Disney e de quem a empresa perdeu os direitos em 1928, recuperando apenas em 2006.

UOL Jogos mostra trechos do game
Meio que sem querer, Mickey é responsável pela ruína do lugar, já que tempos atrás ele derrubou solvente sobre a maquete do Deserto, causando a aparição de monstros e destruição de alguns lugares. Agora, preso lá, ele deve utilizar um pincel mágico para sobrepujar obstáculos e procurar uma maneira de voltar para casa.

O pincel é responsável pela principal mecânica do game: usando tinta você pode construir elementos no cenário e converter inimigos em amigos, enquanto com o solvente é possível fazer objetos sumirem e apagar inimigos.

O sistema é engenhoso e acaba integrando bem partes de exploração e aventura com quebra-cabeças. Contudo, peca pela falta de variedade e repetição. A primeira vez que você usa solvente para abrir uma parede ou apagar o chão e fazer cair pedras, mas logo se tornam truques velhos - e vale o mesmo pelo lado da tinta, como criar pontes ou engrenagens que ativam engenhocas.

"Epic Mickey" ainda erra no excesso de missões simplórias e sem emoção. Boa parte delas envolve pegar um item com certo personagem e levar a outro, passando por cenários que você já visitou várias vezes. Para piorar, às vezes para conseguir um determinado item você precisa fazer outra missão idêntica - pegar um item, levar para alguém e aí sim conseguir o outro objeto para levar até o primeiro personagem que te pediu. Repetição vira palavra de ordem, e isso não é legal.

Veja cenários da aventura
O título brilha ao aproveitar de forma inteligente e criativa o enorme arquivo da Disney. Todos os cenários aludem a obras da empresa ou então a atrações dos próprios parques de diversão, mas tudo embalado por uma abordagem sombria e distorcida, renovando de forma inesperada o vasto acervo. A própria história amarra bem vários desses elementos, e acaba sendo a principal motivação para jogar "Epic Mickey" até o final. A progressão poderia ser um pouco menos enrolada e poderia haver mais explicações sobre a origem de cada referência, mas, de maneira geral, o roteiro inteligente é o verdadeiro tesouro que Warren Spector criou no game.

No mais, "Epic Mickey" é uma aventura plataforma em 3D das mais tradicionais, com diversos tipos diferentes de itens para pegar - como bilhetes que servem como moeda e rolos de filmes que habilitam animações e outros conteúdos extras. De fato, sofre até de problemas peculiares ao gênero, como uma câmera que nem sempre se posiciona da melhor maneira para a ação e pulos um tanto quanto escorregadios demais. Ainda assim, são detalhes que não comprometem demais a experiência.

Na parte visual o título capricha bastante, equiparando-se a produções da Nintendo na qualidade e driblando bem as limitações técnicas do Wii. Cenários são imensos e repletos de detalhes, pontuados por designs criativos e uma ou outra textura borrada demais. A trilha sonora faz um belo trabalho, recriando de forma levemente alterada temas clássicos e criando outros originais que ajudam a manter o clima sombrio de fantasia.

Para completar, há uma quantidade legal de conteúdo extra, como artes conceituais, animações do game e até desenhos animados completos, que servem como um outro incentivo extra para completar a jornada, que leva lá boas 8 a 10 horas para terminar.

Nota: 6 (Razoável)