SSX Blur

da Redação

Sob o selo EA Sports Big, "SSX" nasceu em 2000, no PlayStation 2, com a intenção de levar o snowboarding a sério, mas sem perder a atmosfera descontraída deste fascinante esporte radical. A empreitada deu certo e a série migrou para outras plataformas ao longo dos anos, mantendo a boa performance, até chegar ao Wii, com uma estréia, no mínimo, marcante.

Mudança radical

Se você concentrar seus olhos apenas na tela, verá que "SSX Blur" é bem parecido com os demais títulos da franquia: basta escolher um personagem e descer montanha abaixo em uma série de modalidades que, em comum, têm a empolgante gama de manobras, tudo ilustrado por gráficos estilizados e embalado por uma trilha sonora cheia de ritmo.

Agora, quando as atenções se voltam ao jogador, o que se vê é um uso extensivo do Wii-Remote e do Nunchuk, dando novas dimensões a "SSX". A alavanca analógica faz as vezes de acelerador e freio, enquanto, ao inclinar o Nunchuk para a direita ou esquerda, o personagem vira para as referidas direções. Para saltar, basta um rápido movimento da parte posterior do Nunchuk para cima, ou então pressionar o botão A.

A grosso modo, enquanto o Nunchuk cuida dos comandos no solo, o Wii-Remote se encarrega das funções fora dele - ou seja, no ar, onde se passa uma boa parte do tempo em "SSX Blur" (quem conhece a série sabe bem disso). O Wii-Remote, movimentado para diferentes direções, aciona as manobras, tais como flips e spins.

O problema é acostumar-se aos controles: não apenas é difícil no começo - mesmo com os tutoriais -, mas a verdade é que os jogadores dotados de pouca coordenação motora vão enfrentar muita dificuldade, em especial, com os chamados Ubertricks, manobras máximas de "SSX Blur".

Para executá-los, antes de qualquer coisa, é preciso preencher a barra Groove Meter com manobras menores. Uma vez no ar, ao pressionar o botão A, uma pequena figura aparece no centro da parte inferior da tela, indicando um desenho que precisa ser feito para completar o Ubertrick. Há vários deles no game e o jogador aumenta o acervo conforme progride pelas fases.

Fazer um Ubertrick pode ser um processo extremamente frustrante de tentativa e erro, pois os desenhos indicados pelas figuras têm quer reproduzidos de maneira bastante fiel, o que não é fácil. Logo, os Ubertricks podem rapidamente acabar com a paciência e até intimidar os jogadores casuais, que vão preferir se contentar com as manobras mais fáceis - o que até seria uma alternativa a se considerar, não fosse o fato de que em determinado momento executar as manobras máximas torna-se essencial para avançar no game, pois elas valem muito mais pontos.

Surfando com as mãos

Por outro lado, "SSX Blur" é altamente compensador para os mais habilidosos e persistentes, transformando-o em uma das experiências mais gratificantes do Wii até agora. A adaptação dos controles foi além da superfície e deu vida a um sistema, em geral, muito prático e eficiente.

No ar, enquanto executa uma manobra, basta um toque no botão A ou Z para interrompê-la e, em seguida, dar início à outra, criando seqüências simplesmente alucinantes. Antes de "aterrissar", é importante pressionar ambos os botões juntos para estabilizar o personagem e garantir um pouso tranqüilo.

O modo Career é onde o jogador pode testar definitivamente suas habilidades, pois ele engloba todas as variações possíveis de "SSX Blur". Há vários personagens para escolher - alguns já conhecidos de versões anteriores -, com diferentes características, equipamentos e tudo mais. E são diversos os "picos", onde acontecem os eventos, destravados conforme se obtém a quantidade necessária de pontos.

Como é de praxe, ao passar pelos desafios, não apenas extras são destravados, mas também os pontos de experiências acumulados servem para aprimorar as habilidades do personagem, o que dá acesso a novos truques, e assim o game avança, de forma envolvente e difícil o suficiente para fazer esquecer o "clima casual" do console da Nintendo.

Dentre as variações de provas, há a Race, na qual ganha aquele que atravessar em 1º lugar a linha de chegada; Half-Pipe, ideal para mantê-lo no ar por um bom tempo e treinar manobras; e Slalom, cujo objetivo é passar pelas bandeiras espalhadas na pista. Espere ainda por incontáveis outros desafios e o multiplayer por tela dividida ou "hot seat" (em que se alternam os joysticks), o primeiro para dois participantes e o segundo para até quatro.

Cheio de estilo

Os gráficos mantêm o clima estilizado da série e oferecem suporte para 16:9 e 480 linhas progressivas, mas não é raro acontecer quedas na taxa de quadros por segundo, o suficiente para atrapalhar o jogo. Mas, com o bom design das fases e os efeitos visuais bacanas de iluminação e blur, não há muito o que questionar neste quesito.

Na trilha sonora, as músicas, a cargo do DJ holandês Junkie XL, mudam de acordo com o medidor Groover Meter, nas batidas e instrumentação, uma adição interessante e que combina sobremaneira com a ambientação, estimulando ainda mais o ritmo quase "non-stop" ditado pela velocidade e pelas manobras.

A troca dos botões pelos movimentos caiu bem no Wii, embora ainda possa ser aprimorada, principalmente nos Ubertricks - que, certamente, farão fãs da série sentirem saudade do layout tradicional. Contudo, levando em consideração os controles do console, o trabalho da Electronic Arts tem um mérito inquestionável.

Só para os melhores

"SSX Blur" não é para os jogadores casuais. Muito pelo contrário: apenas os craques com os controles conseguirão extrair o que o game tem de melhor, mas a recompensa vale a pena. Ajustes são necessários para uma inevitável continuação, mas, nesta versão há toneladas de conteúdo à espera dos persistentes e habilidosos. É um desafio consistente e que faz jus às inovações proporcionadas pelo Wii.