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Xenoblade

Douglas Vieira

do Gamehall

30/05/2012 14h38

Um game online, só que offline. Esse é o melhor termo para definir “Xenoblade Chronicles”, que conta com um mundo grande o suficiente para oferecer dezenas de horas de exploração, além de missões paralelas e outros conteúdos. O sistema de afinidade entre os personagens, que afeta várias ações realizadas no decorrer da história, também chama a atenção por levar a amizade dos guerreiros para além das cenas de corte.

Se você encostou o Wii em um canto qualquer após terminar “The Legend of Zelda: Skyward Sword”, esse é o momento de tirá-lo do descanso para boas doses de aventura.

 

Introdução

Mechonis e Bionis. A história de “Xenoblade Chronicles” tem início apresentando esses dois seres colossais que servem de moradia para várias criaturas: no lado Mechonis estão as raças que lembram máquinas, enquanto no outro estão os seres biológicos. Com o passar do tempo – e anos após uma luta entre os próprios titãs –, seus habitantes passaram a se enfrentar, e é no meio dessa guerra que você se encontra.

O jogador ganha o controle da situação em uma espécie de tutorial, onde Dunban e outras pessoas ajudam a defender uma pequena colônia localizada dentro de Bionis de um ataque dos seres originários de Mechonis. O grupo consegue conter a investida dos atacantes, mas a paz acaba em outra ação adversária, da qual o protagonista Shulk toma parte e vê seu destino mudar ao entrar em contato com a espada chamada Monado.

A partir daí você é levado a conhecer uma história na qual amizade e justiça nortearão os acontecimentos boa parte do tempo. Onde personagens vão mostrar que a primeira impressão nem sempre é a certa, e mesmo aqueles que não estão ao seu lado possuem um propósito para lutar. E, o mais importante: a sua diversão estará garantida por mais de 60 horas, isso sem considerar todo o conteúdo paralelo que aumenta ainda mais esse tempo.

Pontos Positivos

Mundo vasto

“Xenoblade Chronicles” é um game que mistura ideias orientais e ocidentais. Pelo lado oriental está o estilo dos personagens e o sistema de batalha, que usa menus para que o jogador possa acessar suas técnicas enquanto o personagem ataca automaticamente o inimigo. No lado ocidental, a inspiração vem do vasto mundo pronto para ser descoberto.

A primeira impressão que se tem ao ingressar no mundo do jogo é a de estar em um game online: é incrível verificar que o game não tem uma taxa de carregamento tão grande, e uma vez numa área você é livre para transitar por ela até acontecer um diálogo ou trocar de região. Enquanto isso, diversos monstros o aguardam - e bichos de todos os tipos, dos pequenos aos que são capazes de pegar a Monado para palitar os dentes.

Da mesma forma que em títulos como “World of Warcraft”, os monstros possuem indicações para ajudar o jogador. Quando selecionado, a cor no retângulo mostra sua dificuldade (os mais difíceis aparecem em vermelho), e também há o indicador do nível e se ele reage de alguma forma - passar na frente ou usar alguma técnica -, tudo para deixar a sua escolha um pouco mais fácil.

Evidentemente a grandeza deste game não se resume a isso, e é gratificante ver que o Wii é capaz de reproduzir um ambiente em que as coisas acontecem naturalmente, esteja isso relacionado as monstros que ficam do tamanho de formigas enquanto se movem na distância ou às paisagens, que dão um show à parte quando observadas de determinados pontos.

Exploração

O mundo de “Xenoblade Chronicles” é muito, muito grande. Quem quiser apenas ver a história do jogo pode fazer isso, mas vai perder uma parte divertida: a exploração.

A visita a várias áreas existentes no jogo não será cobrada durante a jornada, mas muitas delas sempre terão algo a oferecer para os exploradores. Seja itens que podem aparecer no caminho para completar uma lista e ganhar prêmios ou experiência por descobrir uma nova área (da mesma forma que ocorre em “World of Warcraft”), você dificilmente fica com a sensação de que foi enganado por andar e não chegar ao ponto desejado.

Conversar com os personagens que estão nas cidades também é algo a ser feito. Muitas pessoas não tem paciência para bater papo, e a Monolith Software, inteligentemente, incluiu uma recompensa para aqueles que fizerem isso: encontrar pessoas dispostas a trocar itens. A lista varia de espólios a equipamentos, e melhora conforme você oferece auxílio à população daquela região realizando missões paralelas.

Após a metade da aventura, também é recomendado enfrentar todos os inimigos que estão no caminho, pois alguns deles derrubam livros úteis para elevar as técnicas de cada guerreiro até o nível máximo (do contrário, muitas delas vão ficar no nível intermediário).

Interação entre personagens

É comum ver que muitos RPGs orientais gostam de explorar a amizade entre os personagens em suas histórias. Isso está presente em “Xenoblade Chronicles”, e vai além daquilo que é visto em games como “Tales of the Abyss” ou até mesmo “Chrono Trigger”.

Diferente dos games mencionados, aqui os personagens não se relacionam apenas nas cenas de corte. No calor da batalha, gestos simples como levantar um aliado tombado contam pontos para aumentar a barra de relacionamento dos guerreiros. Eles, aliás, não param de berrar durante as lutas, e é possível ouvir claramente mensagens de incentivo ao acertar um ataque forte ou mesmo sinais de preocupação quando um personagem é atingido mais forte.

A afinidade entre os personagens torna este um game completo neste sentido, e o fará perceber que quase tudo está associado à amizade desenvolvida: guerreiros mais próximos podem compartilhar um número maior de técnicas aprendidas para melhorar as condições dos parceiros, bem como aumentar as chances no processo de criação de Gems, pedras que fornecem bônus aos equipamentos que possuem espaços (“slots”). E isso não é tudo.

Há pontos com uma marcação em que é possível ativar eventos chamados Heart-to-Heart. O sistema é simples: basta levar os personagens indicados e responder a algumas perguntas para melhorar a afinidade entre os envolvidos naquela cena. Pode parecer pouco, mas tudo isso mostra que a produtora achou uma maneira inteligente de realizar rodízios entre os lutadores, uma vez que só é possível elevar ao máximo a força deles dando chances iguais para todos.

Visões do futuro

A primeira informação que chamou a atenção de muitos jogadores foi a possibilidade de modificar o futuro graças às visões de Shulk. Isso passa a acontecer depois de um determinado evento, e dá novo gás aos combates.

A partir da primeira ocorrência, sempre que um personagem estiver prestes a sofrer um ataque que vai causar grande dano ou matá-lo o protagonista tem uma visão, e pode mudar esse futuro de duas formas: atacando o monstro que está mirando o parceiro na tentativa de atrair a sua atenção ou avisando um dos outros dois guerreiros.

Caso opte pela segunda, será gasto um dos três blocos da barra de Party (que também serve para reviver aliados e é preenchida com habilidades aplicadas de forma correta e com Quick Time Events que ocorrem durante as lutas). Essa é uma das únicas formas de ter o controle de um de seus parceiros durante a batalha - a outra é realizando Chain Attacks - e escolher uma habilidade que possa alterar o destino da luta.

Pontos Negativos

Inteligência Artificial

Verdade seja dita: a inteligência artificial de “Xenoblade Chronicles” é boa, mas vez ou outra vai falhar, seja na hora de curar os membros do grupo ou de levantar o moral de um personagem que acabou de morrer (estima baixa para lutar significa várias mensagens de “miss”) - e o pior é que às vezes isso acontece mesmo quando você fica lá, parado ao lado dele ou dela, esperando apenas um “tapinha nas costas”.

Erros como esses seriam evitados se o game tivesse um sistema parecido com os Gambits de “Final Fantasy XII”, em que é possível selecionar algumas ações e colocá-las em ordem de prioridade para facilitar o trabalho em equipe. Isso seria útil especialmente quando você está numa área em que os monstros não param de aparecer para lutar.

Nota: 9 (Excelente)