Topo

Aegis Wing

16/05/2007 20h00

Desde que lançou o Xbox 360, em novembro de 2005, percebe-se que a Microsoft quer cada vez mais produtoras criando jogos para a sua plataforma (e também para o PC). Nesse curto espaço de 18 meses, empreendeu muitos esforços nesse sentido, lançando, por exemplo, a XNA, uma plataforma integrada entre o Xbox 360 e PC para a produção de games.

Com o serviço Live Arcade, seção da rede online do console que reúne jogos clássicos ou simples, produtoras de médio e pequeno porte têm a oportunidade de lançar títulos de orçamentos mais modestos, num canal de distribuição prático e de pouco custo.

O programa XNA Express vai ainda mais longe, permitindo que qualquer indivíduo com os devidos conhecimentos faça seu próprio jogo. A ferramenta não foi usada em "Aegis Wing", pois, no início do projeto, em 2005, ela ainda não existia. Fora isso, é um exemplo de democratização no que se refere a desenvolvimento de jogo, pois foi feito por três estagiários - Matt Monson, Danny Dyer e Scott Brodie - num programa de treinamento da Microsoft.

Proteja-se sob a égide

"Aegis Wing" é um jogo de tiro de nave com visão lateral, gênero que fez muito sucesso na década de 80, tendo "Gradius", da Konami, como um de seus principais representantes. O objetivo é simples: destruir tudo que aparecer no campo de visão. A mecânica do titulo é bastante simples e reflete o pouco tempo que o grupo teve para desenvolver o projeto: apenas três meses.

Nota-se que o título foi claramente concebido para o multiplayer, pois numa partida solitária o dinamismo é bem menor. A nave não tem aquele poder de fogo arrasador da maioria dos games de tiro atuais, como o clássico "Ikaruga" - a "metralhadora" principal é relativamente lenta.

Para compensar, há quatro armas auxiliares, que são estocadas ao pegar os itens correspondentes. Eles aparecem aleatoriamente dependendo da quantidade de inimigos derrubados. Além desses equipamentos, também surge um ícone de cruz, que serve para recarregar a energia (a aeronave agüenta alguns tiros, mas explode se você colidir com um oponente).

Cada uma dessas quatro superarmas tem características próprias. A hades beam é um feixe de laser poderoso que arrasa quem estiver na trajetória - até mesmo os "asteróides", quase inquebráveis, são pulverizados; já a gordon burst cria um campo eletromagnético que apaga o tiro dos oponentes e inutiliza os inimigos que passarem por perto; a arcus missile é um conjunto de projéteis que persegue os oponentes; e, por fim, a lambda shield ricocheteia os tiros endereçados à sua nave.

Desafio para um jogador...

Ainda que, com o passar das fases, mais e mais oponentes apareçam, a pouca variedade de naves inimigas deixa o jogo um pouco monótono. Como você tem pouco poder de fogo, muitas vezes se sentirá encurralado, mais desviando que atacando de volta - ainda mais se ficar sem estoque de superarma.

Os chefes quebram um pouco a uniformidade da ação, sem variar muito em design, mas cada um deles tem um padrão de movimentação, bem diferente, e será preciso estudar sua lógica para se dar bem. No fim das contas, o modo de um jogador deixa a desejar em destruição, mas para quem busca desafio é a melhor pedida, ainda mais na dificuldade insane.

... e diversão em multiplayer

Mas, como dito, o game ganha contornos melhores quando jogado em multiplayer. Isso deixa tudo mais fácil, pois a quantidade de inimigos não parece aumentar muito, mesmo com quatro jogadores. Por isso, se na dificuldade normal estiver muito fácil, parta para o insane, como o próprio game recomenda.

O desempenho das partidas pela Xbox Live está excelente (o multiplayer pode ser local também), sem deixar transparecer lags (atrasos de conexão). O melhor das partidas multiplayer é a possibilidade de engatar as naves. Para isso, basta pressionar o botão X perto do companheiro. Quem toma a iniciativa de conectar fica encarregado de ser o atirador, enquanto o outro fica com o controle do deslocamento.

Há duas vantagens em se conectar: o atirador passa a poder direcionar o tiro, permitindo, por exemplo, atacar até mesmo quem estiver atrás da nave. E, depois, a superarma fica mais poderosa: o laser fica mais grosso, mais mísseis são lançados etc. Quanto mais naves engatar, melhor nesse sentido (e também libera uma conquista). Com as quatro naves, a hades beam, por exemplo, ocupa quase a metade da tela. Mas nem tudo são flores: a velocidade de deslocamento diminui conforme a quantidade de engates. Por isso, o piloto tem a opção de desfazer a formação.

Assim, em multiplayer, a variedade e o dinamismo são maiores, pois os engates permitem estratégias que não eram possíveis sozinho e o maior número de naves torna tudo mais animado. Como dito, a dificuldade diminui, mas continua resultando em desafio, por causa das conquistas. Em uma, exige que se termine uma fase sem morrer ou perder aliados. Em outra, é necessário terminar o modo insane. Mas não é difícil conseguir a maioria dos gamerpoints em "Aegis Wing", com exceção de um ou outro.

Tecnologia profissional

O visual do game é claramente inspirado no filme "Matrix", seja pela fase em que se sobrevoa uma metrópole abandonada ou pelo desenho dos chefes, que lembram as sentinelas (com direito a "olhos" vermelhos e tudo). Os outros cenários são lugares-comuns do gênero tiro espacial, como um campo de asteróides e uma colônia espacial. Não é um gráfico de ponta, mas funciona bem diante do porte da produção.

Já a trilha musical é melhor que muito jogo "grande". Feito em moldes de música clássica, como acontece em muitos filmes e games, as composições inspiram batalhas dramáticas. A sonoplastia também é bastante competente. Tanto a parte visual como sonora foram feitos pela Carbonated Games, que tem "Uno" em seu currículo.

Velha guarda na nova geração

Nota: 6 (Razoável)