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Alice: Madness Returns

CLAUDIO PRANDONI

da Redação

07/09/2011 11h00

"Alice: Madness Returns" é uma ótima continuação de "American McGees Alice", preservando e refinando elementos que fizeram do título original um clássico, especialmente o belo visual e a violência grotesca, com toques exagerados de fantasia. A jogabilidade lembra uma versão simplificada da mecânica de "God of War", o que é muito bom, e a aventura ainda conta com diversos itens extras para coletar, o que acaba amenizando a repetição extrema que marca a jornada.

Introdução

Há mais de dez anos, em outubro do ano 2000, a Electronic Arts colocou no mercado "American McGees Alice", uma ousada produção que apresentou uma versão distorcida e violenta do clássico conto infantil de Lewis Carroll: aqui, Alice é uma menina atormentada pela perda dos pais, que morreram em um incêndio, e é internada em um hospício. Durante seus delírios, a garota explora um País das Maravilhas perverso e deturpado.

Em "Madness Returns", a garota aparenta estar curada, mas algo acontece e ela torna a sofrer alucinações, se vendo obrigada a viajar mais uma vez pela perigosa terra da fantasia. Na prática, trata-se de uma aventura linear, pontuada por combates empolgantes e trechos simples de plataforma, com lugares para explorar, itens mil e pulos.

Pontos Positivos

Visual

A beleza gráfica deste novo "Alice" salta aos olhos logo nos primeiros minutos: os ambientes do País das Maravilhas são enfeitados com construções majestosas e detalhadas, texturas cheias de requintes e vários elementos animados.

A própria Alice e os habitantes - tanto do mundo fantasioso quanto do mundo real, que Alice explora brevemente em alguns momentos - são donos de um estilo cartunesco bonito e expressivo, que remete à direção de arte da franquia "Fable", da Microsoft, e cai muito bem ao tema.

Controles

Explorar o País das Maravilhas é um prazer visual e a jogabilidade não desaponta, oferecendo uma mecânica que, veja só, lembra bastante "God of War". Em pontos das fases Alice enfrenta grupos com vários inimigos, cada um com estilo diferente para ser vencido: em alguns é só descer a lenha, outros se defendem com escudo ou algo do tipo, exigindo uma arma específica para quebrar a proteção, outros atacam à distância e assim por diante.

Isso acrescenta uma camada de estratégia bacana às lutas, já que não basta esmagar botões e sair feliz e vitorioso. Somado a isso existe um sistema de evolução de armas, que permite tornar sua espada mais forte, aumentar a velocidade de disparos da metralhadora de pimenta e coisas do tipo.

As partes de plataforma são simples e tendem a se prolongar demais, mas não comprometem a diversão.

Variedade

O coração do jogo está mesmo na exploração de fases lineares, pontuadas por combates, mas "Madness Returns" se lança a experimentações divertidas em alguns momentos.

Por exemplo, em uma parte Alice fica gigante e esmaga inimigos com seus pés, enquanto um outro momento transforma o game em uma aventura 2D com traços desenhados à mão. De fato, estes trechos são tão legais que poderiam ser mais frequentes.

Extras

Apesar de a jornada ser muito linear, há diversos itens para coletar pelo caminho. Alguns ajudam a evoluir mais rápido a heroína, enquanto outros vão revelando trechinhos do passado de Alice, explicando melhor os misteriosos eventos que a deixaram fora de si. Não é lá tanta coisa, mas ajuda a dar um pouco mais de incentivo para encarar o game novamente.

Pontos Negativos

Repetitivo

Apesar de todas as virtudes no visual e nos controles, "Alice: Madness Returns" padece de extrema repetição. As partes de plataforma se prolongam demais e mesmo alguns combates jogam hordas e hordas de inimigos sem parar para a pobre menina enfrentar.

Assim, é um game muito mais interessante para aproveitar em pequenas sessões do que jogatinas extensas.

Falhas no visual

A direção de arte é sensacional, mas isso não priva o título de pequenos deslizes. Polígonos quebram, por vezes Alice desliza por buracos invisíveis nas fases, inimigos ficam presos em partes dos cenários e coisas do tipo. Nada que estrague a experiência, mas quebram um pouco a bela ambientação proporcionada pela dupla de visual lindo e controles afinados.

História confusa

Por ser inspirado em um conto de fadas dos mais memoráveis, era de se esperar que "Alice: Madness Returns" apresentasse uma história instigante e isso é o que acontece. Pena que ela seja tão mal contada, alternando entre cenas de corte em estilo desenho animado, fragmentos coletados pelo caminho ou mesmo cenas com o próprio visual do game.

De maneira geral, fica uma narrativa quebrada e desconexa, que dificulta demais a compreensão da história.

Nota: 8 (Ótimo)