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Alone in the Dark

04/07/2008

HENRIQUE SAMPAIO
Colaboração para o UOL
Idealizado pelo francês Frédérick Raynal, o primeiro "Alone in the Dark" foi um marco para a história dos jogos. Além de ser o precursor do gênero de horror de sobrevivência, inovou também por ser o primeiro a combinar gráficos tridimensionais com cenários estáticos e câmeras cinematográficas, que acentuavam o suspense e criavam uma atmosfera de terror até então nunca vista nos games. Após três continuações, todas bastante inferiores ao primeiro jogo, o novo "Alone in the Dark" (que não por coincidência mantém o nome do original) tenta inovar o gênero novamente com grandes idéias e conceitos, porém cai na mediocridade devido uma série de falhas.

"Lost" encontra "Alone in the Dark"

Cidade em ruínas
No novo episódio, você encarna novamente na pele do detetive paranormal Edward Carnby em plena Nova York nos dias atuais. Apesar das incongruências (o primeiro jogo se passava no começo do século XX), a história está superficialmente ligada aos eventos do jogo original e explica certos buracos aparentes, o que o episódio anterior nem se preocupava em fazer. Aqui Edward precisa desvendar o mistério de uma profecia apocalíptica na qual ele é peça-chave, mesmo sem saber de seu passado ou quem ele é, devido a amnésia. Não bastassem as dúvidas, ele se vê em meio a um verdadeiro inferno na Terra.

Embora o enredo seja bastante fantasioso, para não dizer absurdo, ele não é ruim. Os personagens, que não são muitos, tem papéis muito claros e tudo é explicado num ritmo ideal. O mistério vai sendo aos poucos desvendados, fazendo com que o jogador se sinta instigado pelo passado obscuro do protagonista. A narrativa segue uma estrutura bastante peculiar, dividida em episódios, como se fosse um seriado de TV, com direito a vídeos de recapitulação dos eventos decorridos e créditos no final de cada um dos oito capítulos. Como em um DVD, você pode selecionar o capítulo que quer jogar, sem obrigatóriamente seguir a ordem cronológica dos eventos. Contudo, embora a idéia seja boa, simplesmente não faz sentido começar o game das últimas fases.

Cada capítulo traz também uma série de "checkpoints", que podem ser acessados a qualquer instante. Portanto, se você travar em algum momento e não souber como resolver determinado enigma, poderá simplesmente avançar o jogo para o próximo "checkpoint", como se fosse um DVD. No mais, você ainda pode jogar da maneira tradicional, salvando e carregando sua partida.

Muito mais do que falta de polimento

Você não demorará muito para perceber que os controles são confusos e pouco intuitivos. A movimentação é feita como em qualquer outro jogo da atualidade: enquanto o direcional analógico esquerdo controla o personagem, o direito fica reservado para o controle da câmera (ou do olhar, na perspectiva em primeira pessoa, que pode ser alterada a qualquer momento). Contudo, apartir do momento em que você carrega um item grande, como uma cadeira ou um bastão, o direcional direito passa a balançar o objeto, e você perde completamente o controle da câmera. Movimentar o personagem nessa condição é realmente terrível, o que dificulta muito realização de certas ações, como atacar um inimigo com um objeto, por exemplo.

Sombra e violência
Além disso, botões que geralmente são usados para determinadas ações ganham outras funções dependendo da ocasião. O gatilho esquerdo, por exemplo, serve tanto para travar a câmera em um inimigo quanto para mirar durante o lançamento de um objeto, enquanto o botão A é utilizado para correr e realizar ações como pegar itens e abrir portas. Tudo depende do contexto. Ainda que o jogo tente evitar que o jogador esqueça a imensa quantidade de comandos e se confunda, com "pop-ups" indicativos e lembretes, a frustração é inevitável. Para piorar, a movimentação do personagem é travada e lenta em ambas as perspectivas.

Há muitas inconsistências de design, como o fato de você não poder mover a lanterna com sua mão como faria com um objeto grande. Para isso, você é obrigado a mudar a câmera para a primeira pessoa, o que não faz muito sentido.

Nem mesmo o sistema de inventário está livre de problemas. Todos os itens são armazenados dentro do casaco de Edward, que pode ser aberto a qualquer instante. Embora a idéia seja boa, gerenciá-los se transforma em uma tarefa árdua, tamanha a imprecisão do direcional analógico, que aqui ganha um controle radial. Com o direcional digital você ganha mais controle em troca de uma navegação linear pelos itens. Porém, independentemente de como você navega pelo inventário, é difícil combinar itens ou se equipar com rapidez, o que pode ser crucial durante as batalhas, visto que os inimigos continuam se movimentando pelo cenário enquanto você faz suas escolhas.

E já que estamos apontando os problemas, não há como deixar de mencionar que "Alone in the Dark" é um dos jogos mais defeituosos já lançados para a atual geração de consoles (talvez não tanto quanto "Sonic the Hedgehog"). A quantidade de "bugs" é medonha. Se você tentar forçar o acesso a determinadas áreas ou simplesmente pular acidentalmente para algum canto que não deveria, é possível que seu personagem fique travado, flutuando no ar em uma animação contínua ou mesmo afunde no chão. E não há nada mais frustrante do que ter que recomeçar uma fase ou voltar para o último checkpoint devido uma morte ocasionada por um bug.

Nem tudo está arruinado

Conheça o sistema de combate
Poderíamos discorrer sobre os problemas de "Alone in the Dark" em dezenas de linhas a mais. Há uma série deles, dentre decisões questionáveis de design e planejamento, defeitos técnicos e gráficos, além dos bugs ocasionais. Contudo, ainda assim o jogo possui um potencial imenso e qualidades que poderiam fazer de "Alone in the Dark" um título inovador. Se você tiver a paciência e dedicação para relevar os problemas e se adaptar aos controles, verá que ele pode oferecer uma experiência realmente gratificante.

O fogo é um elemento-chave em "Alone in the Dark", uma vez que os inimigos só morrem quando entram em contato com ele, e para isso, opções não faltam. Dentre as inúmeras e criativas possibilidades, você pode atacar o inimigo até deixá-lo inconsciente e em seguida arrastá-lo até a fogueira mais próxima; procurar algum objeto inflamável pelo cenário, incendiá-lo e atacar o inimigo; lançar garrafas de combustível no oponente e acertá-las ainda no ar com sua pistola, causando uma explosão; criar um rastro de líquido inflamável, utilizando uma garrafa de bebida alcóolica, por exemplo, e usar um isqueiro para causar fogo; molhar suas balas com combustível para criar projéteis flamejantes etc. O fogo também é dinâmico, e se espalha realisticamente pelos objetos de madeira, fazendo-os desmanchar.

Basicamente, tudo funciona como na vida real. Você pode combinar itens e criar suas próprias estratégias para derrotar inimigos e resolver quebra-cabeças, pois quase nada é pré-definido. Tudo depende de sua criatividade e dos objetos que você dispõe. Se você possuir, por exemplo, uma faca, uma garrafa de plástico com combustível, fita adesiva e um isqueiro, com um pouco de criatividade poderá criar uma garrafa perfurada auto-colante. Ao lançá-la em um inimigo a distância, você automaticamente cria um rastro de líquido inflamável entre você e o oponente (ou o que quiser destruir), bastando o contato com a chama de um isqueiro para mandá-lo para os ares. A liberadade de combinações dada pelo sistema de inventário é impressionante.

Obviamente o jogo abusa dessas combinações para oferecer quebra-cabeças inteligentes e divertidos. Há também um ótimo equilíbrio entre os momentos de resolução de enigmas e ação, os quais os desenvolvedores não pouparam esforços para impressionar o jogador. O jogo traz cenas que parecem ter saído de filmes de catástrofes, que colocam o jogador em situações de tirar o fôlego, como a escalada em um prédio em desmoronamento ou a fuga em automóvel em plena Nova York, enquanto as ruas são completamente devastadas em tempo-real.

Boa saúde

Fuga do estacionamento
O sistema de saúde do personagem também merece elogios. O jogo troca as barras de energia por sinais de ferimento no corpo do protagonista. Portanto, se você for atacado, ganhará escoriações pelo corpo, que devem ser tratadas com sprays anti-sépticos, em um processo interessante, com direito a câmera em primeira pessoa para visualizar os ferimentos. Se golpeado com muita força, Edward passa a sangrar e uma contagem regressiva indica o tempo de vida do jogador, até que um curativo com bandagens seja feito.

Há outras idéias interessantíssimas, como a possibilidade de fechar os olhos na perspectiva em primeira pessoa para descobrir espíritos, símbolos secretos e a posição dos inimigos. Contudo, nem todas as novidades caíram muito bem, devido a má execução.

O visual de "Alone in the Dark" também tem seus altos e baixos. Em geral, o jogo impressiona com suas texturas muito bem trabalhadas, efeitos especiais de primeira (como o fogo e a água, ambos bastante realistas) e cenários, na maioria das vezes, bastante detalhados. Os ambientes são realmente escuros e obrigam o jogador a usar a lanterna (que como já mencionamos, tem lá seus problemas), causando aquela sensação perturbadora de que você nunca está sozinho. Aliás, o jogo se vale mais pela atmosfera de suspense do que pelos sustos gratuitos.

O melhor aspecto o jogo é, sem dúvida, o sonoro. As músicas são muito bem compostas e contam com violinos estridentes a corais agudos, que acentuam os momentos mais aterrorizantes. Trata-se de uma composição diretamente influenciada por filmes de terror clássicos, que dão o clima ideal a o jogo, até por que, quase sempre há uma melodia acompanhando a ação.

Os efeitos especiais seguem o mesmo padrão de qualidade, com bastante variedade. Mesmo quando os inimigos estão longe, é possível ouvir seus grunhidos e gemidos, que deixam o jogador num estado de tensão quase que constante. A dublagem também é bastante competente e dão aos personagens um certo carisma.

CONSIDERAÇÕES

Não é de se espantar que o novo episódio de "Alone in the Dark" gere tanta controvérsia. Se por um lado ele foge do lugar-comum dos jogos de terror, mesclando perspectivas em primeira e terceira pessoa, sistema inteligente de manuseio e combinação de itens, ação incrivelmente variada e narrativa baseada em seriados norte-americanos, por outro, nada funciona tão bem como deveria. Os problemas e bugs assolam o jogo praticamente por inteiro, arruinando parcialmente a experiência do jogador. Porém, se você conseguir fechar os olhos para os defeitos, descobrirá uma mecânica competente, quebra-cabeças inteligentes e cenas de ação de tirar o fôlego.

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    Alone in The Dark (Xbox 360)

    228 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Eden Games
    Lançamento: 24/06/2008
    Distribuidora: Atari
    Suporte: Cartão de memória
    Outras plataformas: PC PS3 WII PS2
    RecomendadoAvaliação:
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