Bolt

"Bolt - Supercão" é a mais recente animação de longa-metragem da Disney e, como é de costume em grandes produções, um game acompanhou a estreia na tela grande. Jogos assim, por diversas razões, desde orçamento limitado a prazos exíguos, costumam ter qualidade, quando muito, razoável. O game estrelado pelo cachorrinho branco não é exceção, e apesar de ter algumas qualidades, não é o suficiente para se destacar no gênero.

Uma das decisões mais acertadas da Avalanche Software, produtora do game, foi a de desvincular a história do game com a do filme. No longa-metragem, Bolt é astro de um seriado de televisão, no qual tem superpoderes e é o fiel aliado de Penny, cujo pai foi raptado pelo malvado dr. Calico e está sendo obrigado a desenvolver uma poderosa arma. Assim, Bolt e Penny lutam para derrotar o vilão e salvar o mundo (e também o pai da garota).

Se no filme esse seriado compõe uma pequena parte da trama, no game, a história é totalmente baseada no enredo desse show televisivo de ação. Assim, a produtora se livrou as amarras do original, ao poder contar histórias que não foram desenvolvidas para o filme, e num gênero muito mais fácil de explorar. Basicamente, "Bolt", o game, é um título de ação e combate, aliando também leves elementos de ação furtiva, quebra-cabeças e plataformas.

Ela anda na surdina...

O game começa com uma missão de infiltração, em que o jogador controla Penny. A garota tem uma série de equipamentos de última geração, como uma espécie de bastão com rodinhas, com o qual consegue ultrapassar diversos obstáculos. Basta ter algum lugar para encaixar esse equipamento para que Penny consiga chegar a locais de difícil acesso. No entanto, não se engane: quase não há elementos de exploração e o caminho a seguir é basicamente linear. Se o jogador não souber o que fazer, basta usar uma visão especial para que o game ilumine um caminho.

Em teoria, as partes em que se joga com a garota são de ação furtiva, ou seja, o jogador deve tentar pegar os inimigos de surpresa ou simplesmente passar despercebido por eles. Mas não é preciso decorar o comportamento dos oponentes ou esperar surgir uma oportunidade, pois Penny tem um equipamento que a torna invisível. E, mesmo que seja flagrada, ela pode se desvencilhar através de um sistema simples e fácíl de Quick Time Event, no qual basta apertar os botões conforme surgem indicações na tela.

Faz parte também das atribuições da pequena heroína invadir sistemas eletrônicos, e isso é feito através de um minigame muito similar a "Geometry Wars", mas com diversão muito menos intensa. Descobrir várias dessas fases faz parte da exploração do game, mas o motivo maior para querer encontrá-las todas é para liberar mais conquistas no Xbox 360 (e, como a edição para PlayStation 3 não tem troféus, nem esse incentivo há no console da Sony).

... e ele é um destruidor

As partes em que o jogador controla Penny são intercaladas com as cenas em que o protagonista passa a ser o cãozinho com superpoderes. Quer dizer, quase isso, pois grande parte das habilidades especiais de Bolt não está liberada desde o começo. Isso acontece à medida que se avança na aventura. As cenas com Bolt, praticamente feitas de combates, são muito mais monótonas que as missões da garota. O sistema de combate sofre com algumas imprecisões no controle, mas, o pior de tudo, é que são muito repetitivas. Usar os poderes especiais do supercão é mais divertido, mas seu uso é bastante limitado. Assim, na maior parte do tempo, o jogador se vê obrigado a usar os ataques "comuns", numa seqüência interminável de brigas que fica realmente cansativa nas partes finais do game. A troca de protagonistas ajuda quebrar um pouco a monotonia, mas não é o bastante.

Visualmente, o game de "Bolt" é competente, trazendo cenários ricos e detalhados, e esconde bem o fato de o mapa ser praticamente linear. Já os personagens são mais difíceis de perceber, pois a visão é afastada. Assim, o carisma do cachorrinho, um dos trunfos do filme, não é muito explorado. Nos testes foram verificadas cenas de congelamento total do game e partes em que a ação ficou mais lenta, quando mais inimigos apareceram na tela. Embora existam esses problemas tanto na edição para Xbox 360 como para PlayStation 3, tendem a ser piores no console da Sony. A trilha sonora cumpre seu papel, mas as dublagens não têm a mesma competência do filme. O enredo superficial, e textos idem, também não ajudam.