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Castlevania: Lords of Shadow 2

Akira Suzuki

Do UOL, em São Paulo

06/03/2014 11h49

"Castlevania: Lords of the Shadow 2" tem partes boas e partes ruins. O game brilha no que herdou do primeiro jogo, como a produção requintada e os combates desafiantes e recompensadores, mas peca no que introduziu de novo, como os cenários contemporâneos sem inspiração, os mapas de mundo aberto confusos e as seções de infiltração, que são simplesmente chatas.

O resultado ainda é positivo, porque "Lords of Shadow 2" decide ser "Castlevania" a maior parte do tempo, mas os elementos novos - e estranhos à franquia - estragam qualquer pretensão do jogo em ficar no mesmo (alto) nível do antecessor.

Introdução

O primeiro "Lords of Shadow" quebrou uma tradição incômoda: ser o primeiro "Castlevania" em 3D inquestionavelmente bom. Foi preciso uma produtora estrangeira, a espanhola MercurySteam, para fazer o que a japonesa Konami não conseguiu até hoje.

Embora tenha recebido críticas de que pouco lembrava "Castlevania", o sistema de combate, que toma emprestado elementos de "God of War", foi bastante elogiado.

Para "Lords of Shadow 2", a MercurySteam aumentou a ambição, abandonando a linearidade do primeiro jogo e adotando mapas mais abertos (como se não bastasse, o game traz dois mundos). E a história acompanha ninguém menos que Drácula, o grande nêmese da franquia.

Pontos Positivos

Combates recompensadores

Basicamente, o sistema de combate de "Lords of Shadow 2" herda seus elementos do primeiro jogo, que, por sua vez, lembra o que se vê na série "God of War". A diferença é que é mais difícil parar os inimigos com golpes simples, o que impede de o game ser vencido apenas marretando um único botão, ao menos na dificuldade "normal" em diante. Assim, o game acrescenta desafio, como é de praxe na série.

Além da arma principal, a Blood Whip, o protagonista pode usar outras duas armas, cada uma delas com características distintas. O chicote tem longo alcance, enquanto a espada tem o poder de recuperar a energia e congelar inimigos e elementos do cenários. As luvas do caos, envoltas em fogo, tem a habilidade de destruir escudos e furar a defesa dos inimigos, além de destruir certas coisas do ambiente. O sistema nem é tão diferente do primeiro jogo, mas os papéis de cada arma estão mais definidos agora.

Todas essas características são postos à prova na resolução de alguns quebra-cabeças e, principalmente, nos chefes de fase. Muitos deles não podem ser derrotados golpeando a esmo, mas, antes, é preciso 'sacar' o que fazer para infligir danos.

Alto valor de produção

Gráfico não é tudo, mas é muito importante, principalmente numa superprodução. Nesse sentido, "Lords of Shadow 2" tem um dos visuais mais bonitos da geração PlayStation 3 e Xbox 360. Destaque para os personagens nas cenas não-interativas e alguns cenários magníficos, principalmente dentro do castelo.

A trilha sonora também é competente, mas pouco lembram as músicas características da série. Robert Carlyle, na voz de Drácula, e Patrick Stewart, como Zobek, lideram um excelente time de dubladores. As vozes do game são fantásticas.

Pontos Negativos

Mapas confusos

Embora os mundos abertos sejam, em geral, fascinantes, isso acaba jogando contra em "Lords of Shadow 2". O game funciona enquanto o jogador persegue a missão principal, em que o itinerário é praticamente linear e bem definido, e o ritmo do jogo, equilibrado.

O problema é quando o jogador resolver explorar livremente os dois mundos do game. Fazer isso é muito trabalhoso, por vários motivos. Primeiro, o mapa interno do game mostra somente a área onde o jogador está, mas de nada serve para visualizar a interligação entre as fases, que, por sinal, é bem confusa.

Depois, refazer os combates e as fases de plataformas demanda muita energia, tornando a exploração maçante. Sinceramente, depois que terminei o jogo, não tive a menor vontade de procurar pelos itens secretos, só de ter que refazer as lutas e os saltos pelo cenário.

Cenas 'stealth' enfadonhas

Alguém na MercurySteam achou que era uma boa ideia incluir fases de infiltração, em que o protagonista deve se esconder dos inimigos para prosseguir. A desculpa para isso é que Drácula acordou de um sono profundo de centenas de anos e está muito fraco no começo.

Beleza. Só que isso não faz nenhum sentido no final do game, e o vampirão continua não podendo enfrentar esses inimigos. É quase uma humilhação para o lorde das trevas ter que possuir o corpo de um rato para prosseguir sua aventura.

As cenas 'stealth' não são apenas inúteis, não acrescentando nada de positivo, mas podem ser altamente frustrantes. Em determinado ponto do jogo haverá um labirinto, que deve ser atravessado sem que o inimigo te veja. Só que o sistema é quebrado e o sucesso depende muito mais de tentativa e erro do que estratégias propriamente ditas.

História desinteressante

"Castlevania" tem uma cronologia fascinante e o primeiro "Lords of Shadow" a refez de uma forma muito competente. E deixou uma premissa fenomenal para este segundo game, podendo o jogador controlar o maior inimigo da série, o próprio Drácula.

E o jogo começa até bem, quando o vampiro está no auge e enfrenta um enorme robô medieval (?). Mas, findo o tutorial, o game te coloca no mundo moderno, bem menos interessante que o castelo, para fazer exatamente as fases de 'stealth'. A temperatura cai drasticamente.

Eventualmente, o game volta a ficar bom, mas a história se desenrola de forma confusa - afinal, Drácula viaja no tempo? - para no final terminar em lugar nenhum.

Nota: 7 (Bom)