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FIFA 13

André Forte

do Gamehall

28/09/2012 12h40

A equipe de "FIFA" nunca escondeu que não conhece tanto sobre o futebol brasileiro, tanto que o produtor David Rutter sequer sabia quem era Neymar até a E3 2011. Para os jogadores europeus, tudo são flores e "FIFA 13" está cada vez mais conectado ao que acontece ao futebol do velho continente, o que pode ser notado nas belas adições de atualizações automáticas e desafios baseados nas últimas rodadas das ligas.

Porém, a falta de licenciamento de dez clubes do campeonato brasileiro é algo que não passou despercebido pelo público brasileiro. Mesmo os torcedores de times que estão licenciados não gostaram de saber que seu campeonato brasileiro no jogo está povoado por equipes genéricas.

Em compensação, a série volta a ter narração e comentários em português em "FIFA 13". O trabalho do jornalista Tiago Leifert e o ex-jogador Caio Ribeiro tem graça e personalidade, mas peca por algumas falhas técnicas - os dois mal falam os nomes de jogadores, times e até seleções nacionais e por vezes fica um silêncio longo demais e constrangedor durante as partidas. O trabalho é bom? Sim, mas não será unanimidade nacional e ainda fica atrás do que "PES" apresenta.

Além disso, o jogo peca por apresentar os mesmos defeitos de colisão do ano passado. Ano passado, a mecânica de "FIFA 12" surpreendeu tanto que esses bugs até passaram batido, mas a falta de ousadia nas novidades desse ano foram primordiais para que os defeitos – que não são poucos - pesassem mais.

Ainda é mais realista jogo de futebol da atualidade? Sem dúvidas. Mas se no ano passado o jogo mereceu a nota máxima pela qualidade e inovações sem precedentes, esse ano deixou a desejar pela falta de ousadia e adições que justifiquem a nova versão.

Introdução

Em time que está ganhando não se mexe? Para a EA, esse repetitivo e já manjado jargão futebolístico foi levado ao pé da letra em "FIFA 13".

Para esse ano, a produtora prometeu mudanças na mecânica de jogo, ajuste fino na inteligência artificial, correção de defeitos de colisão e melhoria no visual dos jogadores.

Entretanto, o que mais chama a atenção é a maior conectividade online do jogo, que oferece desafios baseados nos mais recentes e importantes acontecimentos da temporada.

Pontos Positivos

Mais dinâmico e realista

O grande trunfo de "FIFA 13" em relação ao ano passado é o ajuste fino na mecânica. Com jogadores mais rápidos em suas arrancadas, o jogo ficou mais dinâmico do que nunca, com dribles frequentes e jogadas ofensivas mais contundentes.

Além disso, a física que surpreendeu no ano passado pelo realismo ganhou mais fidelidade em relação ao domínio de bola dos atletas. Agora, além da bola reagir de maneira diferente devido à força do chute e habilidade do passador, o domínio da gorduchinha por parte do receptor é essencial para decidir o destino da jogada.

Esqueça os passes perfeitos à longa distância, qualquer quique na bola pode mudar o rumo da jogada ou até enganar o atleta que recebe o toque. Da mesma forma, os chutes  são calculados de acordo com a situação: se o atacante está livre para realizar o movimento, se a bola está grudada em seu pé e a velocidade tanto do atleta quanto da redonda.

Assim, "FIFA 13" oferece desafios distintos, dependendo do time escolhido pelo jogador. Se jogar com Barcelona e Real Madrid é tarefa fácil, tentar o mesmo com times brasileiros ou da Liga Árabe vai exigir mais paciência e agilidade para correr atrás de bolas mal dominadas pelos atletas virtuais.

Atacantes mais inteligentes

Em "FIFA 13" os impedimentos ainda aparecem, mas em menor número. Isso é resultado do refinamento na inteligência artificial, que fez com que os jogadores de ataque ficassem mais atentos ao seu redor, evitando o posicionamento ilegal e até buscando o melhor espaço para receber a bola, facilitando toques de bola rápidos na entrada da área. 

Treinos de habilidade

Novidade na série, os treinos de habilidade vieram para substituir os antigos treinos 'vazios' do modo arena. Agora, em vez de ficar sozinho contra o goleiro em um centro de treinamento, o jogador poderá testar suas habilidades em treinos voltados à precisão de chutes, dribles e passes. Como exemplo, há desafios de penalidades com alvos fixos espalhados pelo gol ou cobranças de tiro livre com barreira.

Conectado com o mundo real

Conectividade online é algo sério em "FIFA 13". Logo ao início do jogo, todos os seus pontos de experiência adquiridos em "FIFA 12" são transferidos para a nova versão, assim como o seu time do coração e preferências de controle.

A partir daí, o jogador é convidado a conhecer as novidades online, como o Live Fixture, que usa dados de partidas atuais para desafiar o jogador em quatro partidas de um clube na temporada e o Game of the Week, que seleciona as partidas mais comentadas da semana para serem reproduzidas no jogo.

E a conexão com o futebol real não para por aí, novidades como o View Form mostra estatísticas de clubes de destaque na rodada, mostrando quais dados foram atualizados (para melhor ou pior) em cada setor do campo. Além disso, atualizações automáticas podem mudar as estatísticas - e a formação - do time virtual, escalando, piorando ou melhorando as estatísticas de jogadores dependendo do seu rendimento nos campeonatos reais.

Narração em português

Após duas temporadas sem narração e comentários em português, a série "FIFA" volta a ter vozes brasileiras. A ousada aposta na dupla Tiago Leifert e Caio Ribeiro chega cheia de acertos e erros, mas de maneira geral é algo a se celebrar.

A dupla transmite para o game o mesmo estilo informal e divertido visto nos programas televisivos, o que agrada em cheio quem já é fã de longa data do jornalista e do ex-jogador. Ainda assim, o resultado foge bastante de um trabalho mais tradicional de locução - como o que acontece em "PES", com Silvio Luiz e Mauro Beting.

Estilos à parte, há também diversas falhas técnicas. Por exemplo, às vezes rola um silêncio constrangedor de vários segundos, sem comentário algum acontecendo. Além disso, poucos nomes de jogadores e times do Brasil são citados durante as partidas, conferindo um aspecto genérico à locução.

Vale notar, a situação muda completamente ao realizar duelos entre equipes da Europa, onde até volantes pouco conhecidos são citados por Leifert. De maneira geral, parece que foi feito mais um trabalho de tradução da narração em inglês do que, efetivamente, uma localização desses comentários.

Pontos Negativos

Falta de ousadia

O que "FIFA 12" teve de sobra faltou nessa nova versão: ousadia. Se no ano passado o jogo revolucionou a forma de se jogar futebol no videogame graças à sua física realista, a EA optou por melhorar os pontos fracos do ano passado e incluir algumas novidades pontuais.

No visual, o único lampejo de novidade foi a alteração de horário das partidas, que na prática representa apenas novos efeitos de luz e sombra no gramado e jogadores. Já a mecânica apostou em ajustes finos na física, na inclusão de cobranças de falta personalizadas e adiantamento ilegal da barreira por parte da defesa.

É pouco, se analisarmos que o valor cobrado pelo preço é o mesmo do ano passado e todas essas inovações poderiam ser incluídas em extras para "FIFA 12".

Brasileirinho?

Quem diria, mas "FIFA 13" foi superado por "Pro Evolution Soccer" no licenciamento de times do Brasil. O jogo que sempre se destacou no país pela inclusão das equipes nacionais esse ano fez feio ao 'esquecer' da importância de várias equipes, incluindo grandes campeões nacionais (e até internacionais) do nosso país, como Botafogo, Internacional, Palmeiras e Vasco.

Curiosamente, procurados por UOL Jogos,  essas quatro equipes demonstraram interesse em ceder a licença, mas problemas na negociação impediram disso acontecer. No ano passado, apenas seis equipes ficaram de fora, mas neste ano temos dez times problemáticos. Alguns, como Sport Recife e Portuguesa alegam que sequer foram procurados pela EA.

Um detalhe curioso, entretanto, permanece: Ao jogar com o P. São Paulo, o jogador notará que a torcida canta, a todo instante 'Palmeiras, minha vida é você'. Os atletas estão todos lá, a torcida grita o nome real do time, mas o uniforme... bem, esse nos remete automaticamente aos velhos tempos de “FIFA 95” do Mega Drive.

Centro de Criação defeituoso

Seu time não está no jogo e você quer criar o real para jogar o modo carreira? Coloque a mão no bolso. Todos os times criados no Creation Centre só podem ser usados no modo carreira caso o jogador compre o pacote específico para esse fim. Seus espaços para times acabaram? Coloque a mão no bolso novamente para adquirir mais.

A situação, apesar de pouco confortável, até anima o torcedor mais fanático - tanto que Palmeiras, Vasco e Botafogo contam com diversas criações muito bacanas dos usuários. Porém, quem decidir pagar para usar esses times nos modos carreira ainda encontrarão outro empecilho:  ao menos no lançamento, a compra desses pacotes simplesmente não está funcionando e causam até o travamento total do jogo.

Além disso, o site de criação da EA não é dos mais leves, e usuários com máquinas e internet não tão robustas podem encontrar dificuldades em criar seus times do coração.

Problemas persistentes

Duas promessas da EA, o fim dos bugs no sistema de colisão e a melhoria na feição dos rostos dos jogadores não foram cumpridas.

No primeiro caso, já foram relatadas uma infinidade de problemas como bandeirinhas invadindo campo, jogadores que ficam invisíveis e até outros que voam após serem tocados.

Já o rosto dos jogadores ainda tem aparência de plástico e sem transmitir muitas emoções. Até alguns jogadores mais famosos dos times europeus, como o uruguaio Suarez, exigem um pouco de esforço para serem reconhecidos à primeira vista. Pior, nos times brasileiros, nem mesmo Neymar é muito parecido com sua contraparte real.

Nota: 8 (Ótimo)