A parceria entre humanos e animais vem de longa data, mas, em "Força-G", filme da Disney que combina atores de carne e osso com computação gráfica, essa reunião de forças alcançou uma nova etapa. O título se refere a um agrupamento do FBI formado por simpáticos porquinhos-da-índia. Ou, ao menos, faziam parte da agência americana de inteligência, até que falharam feio numa missão. Agora, para mostrar que há algum plano malévolo acontecendo na dentro da Saberling, a maior fabricante de eletrodomésticos e eletrônicos do mundo (no mundo ficcional, claro), o grupo parte para uma missão não-autorizada.
Essa é a premissa também do jogo, com edição para várias plataformas. Quem acompanha games há algum tempo, sabe que títulos baseados em filmes, ainda mais aqueles que chegam junto com a estreia nas telonas, não costumam primar pela qualidade. Mas a produtora Eurocom mostra que sabe lidar com as adversidades desse tipo de game, e brinda os jogadores com mais uma edição competente (antes, fez uma boa versão do jogo baseado em "A Era do Gelo 3").
Básico com um pouco de luxoO primeiro mandamento da cartilha da produtora parecer ser o de fugir de invencionices. De fato, "G-Force" é um típico jogo de ação em terceira pessoa, com elementos de plataforma, mesclando combates e resolução de enigmas. Mas se o game peca em originalidade, faz direito o dever de casa, com uma mecânica de jogo que funciona bem ao que se propõe. Ou seja, é simples e rápido realizar todas as ações de Darwin, o líder de campo da Força-G, mesmo que sua gama de movimentos seja relativamente grande.
O tutorial mostra grande parte das habilidades do pequeno herói e, no começo, tem-se a impressão que a luta corpo-a-corpo é a principal maneira de encarar os inimigos. Mas isso é apenas no início, pois, a medida que novos oponentes vão surgindo - são todos eletrodomésticos que viram máquinas de combate -, nota-se que é preciso usar as mais diversas armas para lidar com eles. A boa notícia é que o comando das armas "de fogo" funciona melhor que o chicote elétrico (o equipamento básico de Darwin).
Assim, a dificuldade não é proporcionada pelos controles ou falhas de câmera, mas pela engenhosidade dos inimigos em si. Como dito, os adversários mais simples não fazem mais que perseguir o protagonista, e são derrubados com alguns golpes. Mas, mais para frente, eles passam a usar ataques mais elaborados e bloqueiam as investidas de Darwin com eficiência. Para derrotá-los, é preciso empregar táticas específicas. Golpes e tiros a esmo são desperdício de tempo e munição. Assim, "G-Force" não diverte apenas apenas o público mais novo, mas jogadores tradicionais de games encontram desafios nos modos mais avançados. Há cenas que a quantidade de inimigos é tanta que requer táticas de correr e atirar.
ParceriaAs cenas de quebra-cabeça também são bem-feitas. Darwin dispõe de vários equipamentos que aumentam sua mobilidade. Com a mochila de jato, consegue planar e até decolar, atingindo lugares mais altos. Mais para frente, obtém-se ganchos magnéticos e visores noturnos que quase não deixam dever para Sam Fischer ou Solid Snake. Muitos dos caminhos são abertos com a ajuda de Mooch, a mosca companheira do porquinho. O inseto voa e pode atravessar passagens que o roedor não tem acesso, além de também servir para desabilitar certos dispositivos e inimigos. Essa mecânica de troca de personagens oferece quebra-cabeças interessantes e, em determinados casos, com mais de uma solução. A exploração vale a pena, pois os discos prateados, escondidos em vários pontos dos mapas, oferecem melhoramentos para os personagens e para as armas.
Enfim, a variedade de inimigos e quebra-cabeças afasta a monotonia, mas o game ainda tem um problema: as fases se arrastam em demasia. "G-Force" é divertido em pequenas doses, mas tende a cansar rápido quando a partida se prolonga. Felizmente, é possível salvar o game a cada "checkpoint". Em duas cenas, o jogador comanda veículos, mas o controle nesses momentos tendem a ser erráticos.
O visual do game não chama atenção. Os cenários são estéreis - quadradinhos e padronizados - e os personagens humanos são estranhos - só se salvam os personagens principais, que, mesmo assim, ficam longe do carisma do material original. Mas, pelo menos, quase não há queda de performance. Quem tem a edição para Xbox 360 ou PlayStation 3 pode desfrutar gráficos em 3D estereoscópicos, usando um óculos que vem no pacote. É um extra interessante mas conta com lados negativos: a vista se cansa mais rapidamente e as cores se perdem. E, dependendo da televisão, as imagens podem continuar duplicadas mesmo usando os óculos. A dublagem não conta com os astros do filme, mas os substitutos fazem um bom trabalho, e mantém a caracterização original.
CONSIDERAÇÕES
"G-Force" é uma boa surpresa, levando-se em conta que se trata de um game baseado em filme. É um jogo de ação e plataforma tradicional sem muita originalidade, mas a mecânica de jogo é sólida como os melhores do gênero. O título é uma boa pedida para jogadores mais novos, pois os personagens são fofos e a dificuldade, mais amena. Mas também oferece bons desafios para jogadores acostumados com games, já que possui níveis de dificuldade mais elevados.