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Plants vs. Zombies: Garden Warfare

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

15/04/2014 16h25

Em 2009, a PopCap trouxe o gênero de defesa com torres para as massas com "Plants vs. Zombies". Mecânicas simplificadas e personagens fofos popularizaram a experiência entre públicos de todas as idades, transformando a luta entre flora e mortos-vivos em uma franquia.

"Garden Warfare" é um jogo diferente em um gênero diferente, mas que espelha muito daquilo que fez do "Plants vs. Zombies" original um sucesso. O shooter não esconde sua vontade de agradar o público jovem com uma explosão caótica de cores, mas ao mesmo tempo destila mecânicas inteligentes capazes de agradar até veteranos do gênero.

O game já era inusitado no papel, e sua execução mantém esse caráter. Mas a engenhosidade da PopCap fica em evidência mais uma vez, pois o estúdio é capaz de transformar uma proposta nada convencional em um produto que se destaca com criatividade em meio aos shooters militares estéreis que ainda em 2014 dominam a indústria.

Introdução

Uma história de adubo e cadáveres, eternamente recontada. A trama de "Plants vs. Zombies" é tão bizarra quanto auto-explicativa: em um mundo em que uma enorme invasão zumbi torna-se realidade, a última linha de defesa da humanidade é um exército de plantas de jardim que, sem medo de sacrificarem-se pelo bem maior, enfrentam os mortos-vivos até a última folha.

"Garden Warfare" transplanta (rá) esse conflito dos jardins para o mundo, colocando os jogadores no controle tanto das plantas quanto dos zumbis em coloridos tiroteios.

O game é construído com base na mesma tecnologia por trás de "Battlefield 4", e alguns de seus modos fazem alusão aos do outro shooter da EA - mas suas semelhanças acabam aí. "Garden Warfare" é mais 'enxuto' e variado, e brilha principalmente em aspectos que o jogo militar ignora.

Pontos Positivos

Falta de 'equilíbrio'

Na medida em que os fãs assumem o controle de diferentes unidades e desbloqueiam suas primeiras habilidades, torna-se claro que "Garden Warfare" não é como "Call of Duty" ou "Battlefield" em termos de equilíbrio entre jogadores.

Enquanto os shooters militares primam por uma variedade mínima, com os diferentes equipamentos e armas determinando as diferenças entre os soldados, "Plants vs. Zombies" tem oito classes completamente únicas divididas entre as duas facções. As capacidades dos times rivais não são igualmente balanceadas: e isso é bom.

Assim como em "Team Fortress 2", cada planta ou zumbi selecionável tem um papel bem distinto para cumprir no campo de batalha. A disparervilha, por exemplo, tem mobilidade para mover-se pelo cenário e eliminar inimigos rapidamente; enquanto isso, o girassol tem habilidades focadas na cura de aliados. Do lado zumbi, o cientista é o responsável por cuidar da saúde de seus companheiros - mas sua arma é uma shotgun, enquanto a do girassol é uma metralhadora de raios solares.

Esse desequilíbrio é a fonte de grande parte da diversão de "Garden Warfare". A jogabilidade assimétrica obriga os fãs a estarem em constante estado de atenção, preocupados com oponentes que são ameaçadores de maneiras diferentes.

Personalização

A cada ação em "Garden Warfare", jogadores acumulam moedas. Estas servem para comprar pacotes de adesivos, que, por sua vez, vão para um álbum de figurinhas virtual.

Os adesivos são, em essência, os colecionáveis do game. Com eles, é possível alterar a aparência das plantas e zumbis com pequenos itens cosméticos, ou então mudar as propriedades de suas habilidades com modificações de classes. A disparervilha, por exemplo, pode ganhar tiros de fogo, gelo, veneno, e mais.

Nos lobbies de iniciantes, a maior parte dos jogadores têm personagens idênticos. Mas a partir do momento que você entra nas salas para veteranos, é praticamente impossível encontrar unidades iguais em uma única partida, tamnhas as opções. O melhor: ao menos até a publicação desta análise, a EA não oferecia microtransações no jogo - o que quer dizer que é preciso efetivamente jogar para desbloquear o conteúdo opcional.

Frenesi estratégico

Vídeos de "Garden Warfare" parecem demonstrar trechos do caos na Terra. Explosões e tiros coloridos estão por todos os lados, assim como personagens de todos os tamanhos. Jogadores conseguem invocar zumbis controlados pela inteligência artificial do chão, ou então colocar plantas estacionárias em potes espalhados pelo cenário. Enfim: é uma bagunça visual.

Mas, na verdade, o game tem um elemento estratégico muito mais presente e evidente que qualquer "Call of Duty". Não são headshots ou 'quick-scopers' que ganham partidas, mas sim a capacidade dos jogadores de um time de selecionar os personagens certos e posicionarem-se de maneira vantajosa nos campos de batalha. Um girassol não faz nada sem ter alguém ao lado para curar, assim como uma carnívora não consegue pegar os zumbis desatentos sem uma distração aliada trabalhando a seu favor.

Modo cooperativo

Indo além do que "Titanfall" oferece, "Garden Warfare" - outro game exclusivamente multiplayer - tem um modo cooperativo no estilo do 'Horde' de "Gears of War". Até quatro jogadores online podem selecionar plantas para enfrentar ondas de oponentes zumbis e, ocasionalmente, chefes.

No Xbox One, existe ainda uma opção exclusiva de tela dividida offline, em que dois jogadores podem aproveitar o modo em um único console.

'Garden Ops', como é chamada a modalidade, oferece uma experiência com um ritmo diferente do multiplayer online, mas que retém seus aspectos estratégicos e, por ser desafiadora, cobra ainda mais atenção dos jogadores ao posicionamento de seus companheiros de time.

Pontos Negativos

Problemas exclusivos

O modo 'Boss' foi promovido pela EA como um dos grandes pontos fortes da versão de Xbox One do game. Utilizando um dispositivo compatível com SmartGlass ou o Kinect, jogadores podem assumir o papel de 'comandante' de um time, direcionando os esforços dos outros jogadores com itens bônus e outros apetrechos.

Mas o modo não é divertido. Ficar na cadeira de comandante significa assistir à ação através de um mapa sem muita graça, e apesar de este jogador fazer diferença na partida, fazer parte da batalha é muito mais interessante em todas as oportunidades. Um bônus negativo: controlar as ações nesse modo com o Kinect é uma experiência extremamente frustrante, pois os gestos de comando são imprecisos.

Já o problema da versão de Xbox 360 é o fato do jogo rodar a 30 quadros por segundo, contra 60 do console mais novo. Isso torna a ação mais lenta - o que é um obstáculo bem grande em um shooter que cobra rápidos reflexos e precisão nos comandos.

Nota: 9 (Excelente)