Misturar características de gêneros distintos algumas vezes rendem boas surpresas, como o interessante "Battlestations: Pacific", que permite que jogador coordene unidades como em um jogo de estratégia e pule para a ação dentro de aviões e navios a qualquer instante.
Mas boas intenções nem sempre resultam em bons jogos, como é o caso deste vergonhoso "Raven Squad", vendido como uma inovadora mistura de estratégia e tiro em primeira pessoa.
Desastre na AmazôniaO enredo de "Raven Squad" se desenrola na floresta amazônica, onde um grupo de soldados genéricos devem recuperar segredos corporativos de uma grande empresa, perdidos em meio a uma guerra de traficantes, guerrilheiros ou coisa que o valha. Assim como a história não faz esforço para escapar dos clichês, todo o restante do design não passa do trivial, sem nenhum mínimo resquício de criatividade ou energia.
A mecânica básica do jogo é a de tiro em primeira pessoa. Você anda por cenários lineares, sempre com as mesmas florestas e cabanas em busca de inimigos imbecis, que não procuram cobertura e muitas vezes não percebem que estão sendo atacados mesmo depois de várias rajadas de balas disparadas contra eles. Metralhadoras, rifles e outras armas comuns ao gênero estão disponíveis, mas é tão fácil despachar oponentes tão precários que qualquer uma serve - até mesmo porque não parece nem haver animações que as diferenciem entre si.
Para tentar animar as coisas há o tal componente estratégico tão alardeado, mas que na prática funciona como uma grande trapaça. A qualquer momento do jogo você pode mudar para uma visão superior para detectar a localização dos inimigos e dar comandos simples a seus soldados. De lá também é possível escolher qual será seu personagem da vez e voltar para o esquema em primeira pessoa, mas como não há grandes diferenças entre os soldados ou necessidade de traçar grandes planos, a visão superior se mostra totalmente inútil.
Mais frustrante ainda é a apresentação do jogo. Os gráficos não passam do aceitável, mas a performance é tão ruim que parece que o videogame está tentando exibir os mais caprichados e rebuscados elementos desta geração. Para aumentar o drama, as vozes são totalmente pavorosas, com falas fora de sincronia, sotaques forçados e atuações que lembram aqueles filmes antigos chineses de kung-fu dublados em inglês. Há um modo multiplayer cooperativo para duas pessoas, mas como parece que ninguém está jogando é outro aspecto efêmero do pacote.
CONSIDERAÇÕES
"Raven Squad" foi promovido como um jogo que faria bom uso dos aspectos fundamentais de dois gêneros populares, os de tiro em primeira pessoa e os de estratégia em tempo real. Na verdade não cumpre nada disso e a experiência se resume a um jogo de ação genérico e pobre, que utiliza de maneira rasa uma visão superior que pouco tem de estratégica. É facilmente um dos piores jogos do ano, entre todas as plataformas.