"Soulcalibur", em seu lançamento em 1999, foi marcante não somente pelo fato de ser uma ótima estréia para o finado Dreamcast, mas também mostrou que, dali em diante, os consoles domésticos teriam poder para peitar os fliperamas tecnicamente. Hoje, diante da quarto episódio (quinto, se você contar o seminal "Soul Edge"), a emoção dos combates pouco mudou, mas a franquia continua a impressionar pelo grande apuro técnico, com visuais impressionantes.
Para todos os gostos"Soulcalibur IV" mantém sua mecânica básica inalterada, que atrai tanto jogadores novatos quanto veteranos em busca de profundidade. Qualquer um consegue jogar e se satisfazer com os controles, desferindo golpes mortais, com relativo sucesso na progressão. Alguns simplesmente irão pressionar botões aleatoriamente, sem pouco saber o que estão querendo alcançar, enquanto outros, mais metódicos e técnicos, irão tirar proveito das várias combinações e golpes especiais à disposição - além, claro, do impressionante elenco composto por mais de 30 personagens.
Há outras variações, além das tradicionais da série como lançamentos para fora do ringue, na forma dos sistemas batizados de Soul Gauge e Critical Finish, criados para tornar as partidas mais agressivas e rápidas. Ao lado da barra de energia dos lutadores, fica um indicador colorido, inicialmente na cor verde, o Soul Gauge. O tom muda para azul à medida em que você ataca, mas fica vermelho quando você defende. Ao defender muito tempo, a gema vermelha vai se deteriorando, o que resulta na quebra de uma parte de sua armadura - e golpes recebidos depois, naquele ponto, causam mais dano. Ao ter o medidor exaurido novamente, você fica exposto ao tal Critical Finish, um golpe finalizador realizado com os quatro botões frontais. Ou seja, variantes simples de serem executadas e percebidas durante as lutas, mas não necessariamente fáceis de serem alcançadas.
Modos de jogoPela primeira vez, a série conta com um modo multiplayer online, em partidas rankeadas ou não, com uma performance bastante satisfatória, apesar de alguns momentos com lag. É possível jogar com personagens customizados, criados com um robusto editor que permite que você mimetize o estilo de certos personagens, altere a constituição física dos mesmos e os entupa com armas, armaduras e itens bem variados. É algo que acaba combinando bem com o sistema de venda de conteúdo extra que a Namco preparou. Você conecta, joga umas partidas, vê alguém com alguma peça que você não tem e corre para comprar. É como uma grande vitrine virtual.
Já no modo single player, há a opção para modos tradicionais como Arcade ou Versus, além de um modo história e um chamado Tower of Lost Souls. O Story Mode, infelizmente, decepciona bastante, com o enredo contado em sua maior parte por textos e conversas pouco inspiradas, que não explicam muita coisa. Nele, você escolhe o seu personagem e passa por alguns poucos estágios, alguns em um sistema ao estilo "King of Fighters", enfrentando grupos de inimigos, até enfrentar o chefão final. Já no Tower of Lost Souls a coisa fica mais interessante; inspirado no clássico "Kung-Fu Master" e afins, você seleciona um time para subir níveis de uma torre, cada qual com uma série de inimigos. As coisas vão ficando mais difíceis a cada piso, mas em compensação você acumula mais dinheiro e aumenta as habilidades dos personagens de maneira mais fácil, para habilitar mais itens e ou revelar personagens bloqueados.
Por falar em personagens bloqueados, um grande chamariz para "Soulcalibur IV" foi a inclusão de protagonistas de "Star Wars" na brincadeira. O Playstation 3 ganhou Darth Vader enquanto o Xbox 360 ficou com Yoda, e ambos levaram também o aprendiz de Vader que será o astro de "The Force Unleashed". Rumores indicam que os personagens não ficarão exclusivos por muito tempo e poderão ser comprados por download em breve, o que é uma boa notícia para os donos do videogame da Microsoft diante da performance do pequeno mestre. Yoda é o personagem mais esquisito da franquia até então, com sérias limitações, como a incapacidade de ser arremessado, e com um estranho sistema de controle - é mais ou menos como um daqueles personagens mais bizarros da série Tekken. Já Vader e o aprendiz acabam funcionando muito bem e se integram perfeitamente ao universo da Namco, com poderes da "Força" bastante poderosos.
Beleza que distraiAgora, se "Soulcalibur IV" se destaca por alguma característica específica, é pelo visual. Este é provavelmente um dos jogos mais bonitos desta geração, com gráficos extremamente ricos e um design de personagens inspirado. É normal, no começo, você ficar parado apanhado somente para observar melhor como, por exemplo, como funciona a flexão dos músculos dos personagens, o balanço dos seios das heroínas ou peso das roupas e armaduras.
São tantos os detalhes, que é possível gastar horas observando tipos como Nightmare, Siegfried e Hilde, com suas vestimentas repletas de minúcias. São texturas de altíssima qualidade, como madeira, metais polidos ou foscos, malhas e tudo o que se pode imaginar. Além disto, há os cenários repletos de efeitos especiais como raios, fogos e todo tipo de distração que enriquece a experiência às custas de alguma distração.
O áudio não é tão sensacional, mas também faz bonito. As músicas são verdadeiros hinos de guerra que embalam a ação com eficiência e os efeitos sonoros são envolventes em um sistema de som surround. Só a dublagem que não acompanhou a evolução, especialmente a em língua inglesa, que continua bastante brega e acaba um pouco com a ilusão da coisa.
CONSIDERAÇÕES
Diante da escassez de jogos de luta desta geração, "Soulcalibur IV" chega em uma boa hora. O jogo continua a tradição da série, com combates acessíveis para novatos e atraentes para veteranos. Juntando a isto temos um robusto sistema de criação de personagens, vários personagens à disposição e um novo sistema multiplayer online. Para fechar o pacote com grande estilo, a Namco conseguiu exibir alguns dos modelos mais belos dos últimos tempos, em gráficos de tirar o queixo. É um grande jogo do estilo, imperdível para os fãs de gênero.