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The Adventures of Tintin - The Game

AKIRA SUZUKI

do UOL, em São Paulo

26/01/2012 08h00

"The Adventures of Tintin" traz várias mecânicas de jogo - plataforma, corrida, combate de aviões e luta de espadas -, mas não se aprofunda em nenhuma delas. Não há nada de errado no jogo, mas também tem pouquíssimos momentos de inspiração. O título pode até ser um bom começo para quem está iniciando nos videogames ou os mais novinhos, tendo como apelo um filme de grande visibilidade, mas, se você busca mais consistência, desafio e diversão, existem opções bem mais atrativas na praça.

Introdução

Hoje em dia, se tornou comum lançar um jogo junto com um blockbuster de cinema. Do ponto de vista comercial, faz todo sentido, mas quase sempre resulta em títulos de qualidade duvidosa, por várias razões (sendo o prazo uma delas). "The Adventures of Tintin" vem com o simpático filme dirigido por Steven Spielberg e, assim como ele, tem seu público-alvo na audiência infanto-juvenil.

Pontos Positivos

Variedade de ação

"Tintin" é um jogo de plataforma 2D, que lembra um pouco "Prince of Persia". O repórter Tintim percorre vários cenários da Europa e África, pula buracos, invade castelos, escala plataformas e enfrenta bandidos. Os comandos são simples e com um pouco de atenção, você supera qualquer obstáculo. O combate também é muito fácil. Você pode até tentar avançar furtivamente e pegar seus inimigos de surpresa, mas ir em frente e acertar uns socos em quem aparecer funciona muito bem.

Em alguns trechos você controla Milu, que tem habilidades únicas, como seu faro canino - usado para encontrar o dono, por exemplo - e a capacidade de cavar buracos para alcançar lugares específicos do cenário. Há trechos em que você controla um avião, outros em que precisa resolver puzzles simples para avançar e assim por diante.

Para completar, os cenários contêm tesouros escondidos em baús secretos. Localizar todos é um incentivo para jogar mais de uma vez cada fase de "The Adventures of Tintin".

Localização bem feita

"The Adventures of Tintin" pode ser jogado com menus e legendas em português. A localização é bem feita, tanto nas instruções quanto na narrativa e até nos balões que surgem sobre os personagens em alguns trechos do game, como durante as lutas. É uma boa opção para atrair os jogadores mais novinhos, sem dúvida.

Sobre a localização, é digno de nota o cuidado com a obra original. Por exemplo, logo no começo do jogo, Tintin compra uma réplica de barco, o Licorne. É o mesmo nome que aparece no filme e nos álbuns do personagem. Curiosamente, a palavra foi mantida quando da primeira tradução dos quadrinhos, "O Segredo do Licorne". O certo seria "Unicórnio", e Licorne pode ser considerado um erro de tradução da época.

Essa fidelidade ao material original é um detalhe pequeno, mas que certamente deve ser apreciado pelos fãs da obra do belga Hergé.

Pontos Negativos

Sem profundidade

Se por um lado o jogo traz diversas mecânicas, por outro, nenhuma delas vai a fundo. Tirando as partes de plataformas, o restante parece mais com minigames. Outro problema é que a aparente variedade não consegue esconder a repetição de situações. O combate é simples demais, controlar o avião consiste apenas em desviar de raios e evitar as nuvens no canto da tela e mesmo farejar com Milu consiste em apenas seguir o rastro na tela, sem maiores possibilidades.

Enredo diferente

Quer dizer, em linhas gerais, jogo e filme compartilham o mesmo roteiro, mas, no detalhe, há várias discrepâncias que tornam o game bem menos interessante. Seja lá por qual motivo, o vilão do filme é omitido, e, no jogo, um "vice" ocupa esse lugar. "The Adventures of Tintin" traz cenas que não fariam feio na telona, mas esses momentos são raríssimos; no geral, a história é aborrecida.

Outra coisa que não ajuda são a modelagem de alguns personagens, a começar pelo protagonista, que pouco lembra a figura do filme. É uma pena, porque o trabalho de dublagem é competente (idem para as legendas em português, que até preserva as traduções originais, como licorne, em vez de unicórnio). Por fim, fica um mistério: como as cenas pré-renderizadas conseguiram ficar piores que as do próprio jogo?

Nota: 6 (Razoável)