The Incredible Hulk

OTÁVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

Vilões e heróis da Marvel

Depois de adaptações discutíveis como "Elektra", "O Justiceiro" e "Motoqueiro Fantasma", a Marvel ficou cansada de ver seus preciosos personagens serem descaracterizados pelos estúdios de Hollywood e resolveu criar sua própria produtora de filmes. A estratégia parece ter dado certo, tanto "Homem de Ferro" quanto "O Incrível Hulk", os primeiros filmes da Marvel Studios, são longas muito mais fiéis ao universo da editora e à essência de seus heróis do que o visto por aí.

Bem, seguindo a mesma lógica, a chamada "Casa das Idéias" bem que poderia arrumar uma maneira de desenvolver seus próprios jogos, para variar, uma vez que anda difícil encontrar algum realmente memorável ultimamente, o que inclui "The Incredible Hulk".

Jogo recauchutado

Pelo menos vamos começar com uma boa notícia: comparando a "Iron Man", último game baseado em filme de super-herói que chegou às lojas, este novo do verdão é um pouco melhor, mais divertido e consistente; a notícia ruim é que não se trata de um jogo original e, se você joga videogame há algum tempo, terá uma incômoda sensação de déjà vu.

As origens do Gigante Esmeralda

O que aparentemente aconteceu foi que a softhouse Edge of Reality resolveu não arriscar muito e simplesmente tomou o último jogo do Golias verde, "Ultimate Destruction", desenvolvido pela Radical Entertainment, como base para seu novo produto. Ainda que um game relativamente antigo, lançado em 2005 para os videogames da geração anterior, o título foi muito feliz em colocar o herói em cenários abertos e promover a destruição, com um clima leve e colorido, repleto de minigames e referências aos quadrinhos.

Mas como fazer produtos baseados em filmes com datas de estréia marcadas é um processo complicado, que dispõe de pouco tempo, muito do charme de "Ultimate Destruction" foi deixado de lado. De certa forma, "The Incredible Hulk" parece uma versão simplificada do anterior, sem tanta variedade de missões ou fluidez do roteiro, mas com gráficos melhorados e alguns elementos que o ligam ao recente longa-metragem.

Hulk esmaga

Assim como o filme, o jogo não traz muito espaço para conversa fiada. Você começa nas favelas do Rio de Janeiro, como em uma espécie de missão de tutorial, mas não demora e toda a ação é transportada para Nova York. Lá é possível promover o caos por monumentos históricos, chamar a atenção das autoridades e até mesmo cair no braço com chefes que nada têm a ver com aquilo que está em cartaz nos cinemas.

É aquela velha história. Por algum motivo, os roteiristas não quiseram - ou puderam - seguir o roteiro da fita no qual deveriam se basear e foram obrigados a tapar buracos da trama com outras ameaças e desafios.

Como criar um monstro

Isto fica ainda mais evidente quando trechos com os atores de carne e osso e suas dublagens são utilizados, muitas vezes sem muito sentido na resolução da história e com pouquíssima qualidade. É provavelmente o pior caso de atores hollywoodianos trabalhando no piloto automático, quase que em estado catatônico, acrescentando muito pouco à experiência final.


Ao menos a parte herdada de "Ultimate Destruction" é bastante divertida, ainda que com missões pouco inspiradas. Controlar Hulk é uma experiência rara. Não é sempre que encarnamos um herói que também é uma ameaça, já que seu poder destrutivo impressiona. Realmente temos a sensação de guiar o monstro pelas ruas da cidade e ter o poder de trazer tudo abaixo, mesmo que nem sempre seja o certo a fazer - e traga maiores conseqüências, como atrair a atenção dos Caça-Hulk. É o que prende a atenção e faz com que tenhamos o impulso de vasculhar cada centímetro do cenário atrás de itens e objetivos secundários, um processo que prolonga consideravelmente a vida útil do jogo.