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Castlevania: Lords of Shadow - Mirror of Fate

Claudio Prandoni

Do UOL, em São Paulo

05/03/2013 09h30

Assim como fez em "Lords of Shadow", o estúdio espanhol Mercury Steam realizou um trabalho incrível em "Mirror of Fate". O game homenageia de forma competente o legado 2D da série "Castlevania" ao mesmo tempo em que traz de volta os intensos e técnicos combates do "Lords of Shadow" original - devidamente adaptados para o plano bidimensional, é claro.

Com boa dose de exploração ao estilo "Metroid", um quarteto de heróis com habilidades diferentes e uma história envolvente, "Castlevania: Mirror of Fate" cumpre bem a dura missão de entregar uma nova aventura em 2D da franquia. Para fãs do gênero, é mais um cartucho obrigatório para o portátil da Nintendo ao lado de "New Super Mario Bros. 2".

Introdução

Lançado para PlayStation 3 e Xbox 360, "Castlevania: Lords of Shadow" fez um trabalho incrível ao transportar a popular série de caça-vampiros da Konami para um mundo de ação e exploração em 3D - algo tentado várias vezes antes pela empresa, mas sem muito sucesso.

A aventura também serviu como 'reboot' para a franquia, criando novas origens para o vilão Drácula e a família Belmont, amaldiçoada a lutar contra o vilão através de anos e gerações. Esta aventura portátil dá continuidade à história, mostrando um pouco do antigo herói, Gabriel Belmont, e reapresentando figuras conhecidas, como os guerreiros Trevor e Simon Belmont e o popular vampiro Alucard.

Mais do que isso, "Mirror of Fate" se propõe também a mesclar os elaborados combates de "Lords of Shadow" com a exploração 2D que tanto empolgou em títulos mais antigos, mais notavelmente o inesquecível "Symphony of the Night".

Pontos Positivos

Ótima história

A trama do primeiro "Lords of Shadow" foi um dos destaques do game e vale mesmo para o pequeno "Mirror of Fate". O conto atravessa dezenas anos e três gerações diferentes de Belmont, criando uma ponte perfeita entre "Lords of Shadow" e a continuação, prevista para chegar em 2013.

Antigos heróis são apresentados sob novas leituras, alterando um pouco de suas origens, mas sem descaracterizar. O bacana é que o game não fica apenas no plano da mera releitura e se lança a ousadias capazes de surpreender os fãs mais ardorosos da série. Jogue "Mirror of Fate" pela ótima aventura, mas não deixe de apreciar também a ótima excelente história.

Aventura variada

"Mirror of Fate" é um jogo 2D mais próximo dos games de "Castlevania" das eras 8 e 16-bits, com fases bem lineares. Há bifurcações e outros caminhos alternativos para explorar e encontrar itens secretos, mas não chega perto da complexidade vista em "Symphony of the Night" e outros títulos para Game Boy Advance e Nintendo DS.

Combates também ganham importância em "Mirror of Fate", conseguindo traduzir a complexidade tridimensional de "Lords of Shadow" para o mundo 2D. Há uma ampla variedade de golpes (nem todos lá muito úteis), mas todos com funções específicas que ajudam a criar estilos diferentes para combater os monstros que aparecem pelo caminho.

A tabelinha entre exploração e combates já garante uma jornada agradável e variada, que termina em pouco mais de 7 horas, mas "Mirror of Fate" ainda traz outros elementos que ajudam a prender a atenção. Bonitas animações em cel shading pontuam momentos fortes da trama, enquanto os desafiantes combates contra chefes geralmente envolvem alguma sequência de QTE, em que você deve apertar certos botões no momento certo.

Para completar, cada personagem apresenta um conjunto único de habilidades, que tornam cada um diferente o bastante de se jogar. O bacana é que tais habilidades prestam homenagens a games antigos, seja o poder de Alucard virar neblina, os machados arremessados por Simon ou os medalhões de luz e trevas utilizados por Simon.

Gráficos competentes

Quase dois anos depois do lançamento do Nintendo 3DS é bacana ver como mesmo as produtoras third party estão conseguindo aproveitar bem o potencial gráfico do aparelho. "Castlevania: Mirror of Fate" é um jogo lindo, com belos modelos tridimensionais e cenários grandes, bonitos e variados. Do salões luxuosos e abandonados do castelo de Drácula até cemitérios e cavernas subterrâneas, tudo aparece com um alto nível de qualidade.

De fato, fica a impressão de que a própria telinha do 3DS acabe limitando o visual do game (algo reforçado pelas declarações dos produtores de que criaram todos os elementos do jogo em alta definição e depois reduziram para a resolução do portátil). Até mesmo o efeito 3D faz bonito e realmente enriquece a experiência, passando a impressão de controlar bonequinhos por cenários em miniatura sem incomodar demais a vista.

Novo, mas nostálgico

"Mirror of Fate" alcança um equilíbrio excelente entre novos elementos e homenagem a velhas tradições. Os protagonistas da trama são velhos conhecidos, mas todos aparecem sob novas leituras que mudam pontos fundamentais da mitologia de "Castlevania".

Isso se reflete também nos controles, que evocam a exploração 2D dos antigos "Castlevania", mas aliam os combates elaborados vistos em "Lords of Shadow".

Pontos Negativos

Poucos extras

Quem joga o primeiro "Lords of Shadow" e vê aquela campanha imensa cheia de itens secretos e desafios para vencer pode ficar um pouco decepcionado com "Mirror of Fate". São poucos itens adicionais para encontrar pelo caminho (sendo que boa parte nem exige lá muita exploração para achar) e o sistema de mapas ajuda bastante a descobrir onde eles estão.

Não que isso seja totalmente ruim, mas "Mirror of Fate" acaba sendo, de certa maneira, vítima da própria qualidade: a aventura é tão envolvente que em poucas horas você termina o jogo e não tem mais o que fazer, a não ser jogar de novo. Novos personagens ou um simples modo de desafios em arena já seriam o bastante para prolongar a vida útil deste excelente jogo.

Do jeito que está, muita gente vai devorar "Mirror of Fate" em poucos dias e depois deixar o cartucho guardado.

Nota: 9 (Excelente)