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Double Dragon Neon

Akira Suzuki

Do UOL, em São Paulo

13/09/2012 14h43

"Double Dragon Neon" é uma apaixonada homenagem ao clássico original de 1987 e à década que ele representa. Quem conhece o primeiro "Double Dragon" e/ou viveu essa época provavelmente vai se deliciar com todas as referências, não só vindas dos games, mas também da TV e do cinema.

Apesar de a mecânica de luta mesclar bem elementos tradicionais e modernos, os jogadores que não conhecem os games antigos podem achar o estilo um tanto antiquado e a duração muito curta. É um tipo de jogo que fica mais divertido jogar com um amigo e, por isso, faz falta uma modalidade multiplayer online.

Introdução

Lançado para fliperamas em 1987, "Double Dragon" foi definidor de um gênero chamado beat'em up. Esse tipo de jogo, que encontrou na Capcom um especialista dois anos mais tarde com "Final Fight", tem temática geralmente urbana, em que mocinhos lutam contra gangues. Você anda por várias fases lineares espancando quem aparecer pela frente. A produtora WayForward Techonologies consegui novamente revitalizar uma franquia clássica - em 2007, fez isso com "Contra 4".

Pontos Positivos

Homenagem fiel

A maior virtude do game são as referências ao título original e à década de 80. Para quem conhece o original, e o jogou na época, como eu, as primeiras cenas do game são emocionantes: o mesmo tema de abertura, a namorada que é sequestrada e a garagem que se abre - tudo devidamente modernizado, mas mantendo o clima da época, uma característica, que, aliás, permeia todo o game.

Como dito, as referências extrapolam o mundo de "Double Dragon": quem prestar atenção vai encontrar coisas de "Mega Man", de Bruce Lee e de He-Man (o chefão final é impagável), só para ficar em alguns exemplos. Luzes psicodélicas, "air guitar", cabelos esquisitos e saudações de "high five" remetem o jogador para um mundo de 25 anos atrás.

A seleção musical é um show a parte, principalmente os temas antigos que foram genialmente rearranjados, usando muitos elementos da década de 80: do eletro pop aos riffs e solos de hard rock.

Bom 'mix' na mecânica de jogo

A produtora WayForward foi feliz em dosar o quanto da mecânica de luta deveria ser modernizada. O que se obteve é um bom meio termo do que era há 25 anos atrás e com a complexidade que a era moderna impõe. Assim, chegou-se no esquema com ataques, agarrões, corridas e esquivas.

Os golpes icônicos não foram esquecidos: a famosa cotovelada, agora bem mais fraca e categorizada como "magia", o chute giratório no ar e a joelhada voadora, do game para NES, estão todos aí. Não dá mais para dar pancadas depois de agarrar, mas se você conseguir pegar dois ao mesmo tempo, aciona-se um golpe que faz baterem a cabeça um do outro.

Outro traço moderno são os elementos de evolução do personagem. Cada lutador pode equipar duas fitas cassetes - uma que modifica os atributos (mais ataque, defesa, magia etc.) e outra que equipa o lutador com uma "magia": são dez golpes especiais que vão do "soco de uma polegada", uma marca de Bruce Lee, a um dragão que queima todos na tela (pareceu "Golden Axe" para mim).

Personagens legais

A história do game até começa igual ao "Double Dragon" original, mas o desenrolar é bem diferente. O enredo mais sério de antes deu lugar a um humor de absurdos, que casou muito bem nessa reimaginação do game. Os personagens são criativos, tantos os antigos como os novos. O legal é que cada inimigo tem uma aparência diferente: mesmo que sejam do mesmo "tipo", a cor da roupa, o cabelo e alguns detalhes diferenciam cada um dos personagens do game. Só não gostei da recriação do gigante Abobo, que me pareceu descaracterizado.

Pontos Negativos

Não tem multiplayer online

Sendo um jogo que fica mais legal quando se joga em dupla, é uma grande pena não ter um modo de multiplayer online (há especulações que a produtora estaria trabalhando numa atualização com essa função). Jogando em dois, há mais recursos, como o "high five", que traz uma série de vantagens (e libera novos troféus e conquistas).

Pouco incentivo de replay

É verdade que se trata de um jogo originado do fliperama e que custa US$ 10, mas o game pode ser terminado em duas ou três horas - e não tem quase nenhum incentivo para jogar de novo, no máximo para terminar nas dificuldades mais altas. Aliás, a dificuldade é um problema: certamente não se trata de um game casual, mas, nos níveis superiores, evoluir o personagem é praticamente obrigatório - ou seja, horas e horas de trabalho manual tedioso (o famoso "grinding").

Nota: 7 (Bom)