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Metal Gear Solid: Rising

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

26/02/2013 16h16

Gráficos excepcionais e combates precisos são as principais armas de Raiden em “Metal Gear Rising: Revengeance”. O jogo do ninja cibernético é divertido, mas poderia ser mais polido em algumas mecânicas - como a câmera - para ser inesquecível. O que mais incomoda é que a narrativa e a apresentação dos personagens secundários (uma das marcas registradas de outros games com o nome “Metal Gear”), foram deixadas de lado.

“Metal Gear Rising” é bem divertido e quase chega a fincar um pé no hall dos grandes jogos de ação que marcaram esta geração, mas se você comparar "Rising" com outros games que estão nesse salão, é possível ver que existem muitas arestas que precisam ser acertadas. Talvez em uma suposta continuação, a Platinum Games consiga fazer um game mais profundo não só em sua história, mas também nas mecânicas de jogo.

Introdução

“Revengeance” acontece alguns anos após os eventos de “Metal Gear Solid 4” e mostra Raiden em uma batalha contra um grupo terrorista liderado por Samuel, um ninja cibernético que usa crianças para o desenvolvimento de soldados robôs.

A Platinum Games ficou encarregada de trazer esta aventura com um dos mais emblemáticos personagens criados por Hideo Kojima em um game que deixa de lado a furtividade em favor de um game de ação frenética e intensa.

Pontos Positivos

Combate preciso

Raiden faz picadinho com seus movimentos ninja e você vai aprendendo diversas combinações de golpes no desenrolar do jogo. Muitos conseguirão chegar ao final apenas apertando os botões de forma aleatória, mas não vão ter a sensação de estar no controle e ver o que o game tem a oferecer.

A despeito da forma simplória que são feitas as alterações de armas (conforme explico mais abaixo), as combinações são bem divertidas e no decorrer do game Raiden aprende novos ataques ao conseguir cortar o braço esquerdo de certos inimigos com o Zandatsu, a arte de fatiar e arrancar partes dos adversários.

O único ponto que vale uma ressalva é que o Zandatsu é uma mecânica bacana, mas cansativa ao ser usada demais. Nos últimos estágios você corre o risco de nem usá-la - a não ser em momentos-chave para derrotar inimigos mais fortes.

É uma pena que não existam movimentos de esquiva ou um botão dedicado a defesa, já que isso tornaria os combates mais dinâmicos.

Gráficos fantásticos

É amor à primeira vista: “Metal Gear Rising: Revegeance” é muito bonito e faz coisas que você duvida que seu console fosse capaz. Rodando a 60 quadros por segundo, “Rising” transpira o design da Platinum Games, com cenas de ação bem dirigidas e exageradas que somente eles sabem fazer.

As texturas dos personagens, principalmente de Raiden e seus inimigos, são muito detalhadas e surpreendentes e a 'vibe' continua com os cenários que também são muito bonitos. De fato, “Rising” é um dos games mais bonitos dos últimos meses. Se você é alguém que se interessa muito pelos gráficos, não perca a oportunidade de ver este game de perto.

Ação frenética

Enquanto você está no controle de Raiden, fatiar e cortar inimigos ao meio são ações triviais e empolgantes. Já a narrativa de desenho animado ao estilo japonês dá a tônica e segue em ritmo crescente.

A primeira fase é, sem dúvida, uma das mais emocionantes do game. Afinal, ver Raiden encarar um Metal Gear Ray (aquele do "MGS2") ‘cara a cara’, sem a ajuda de nada nem ninguém é simplesmente incrível. A batalha segue por diversos trechos do cenário, destruindo tudo pelo caminho, bem típico de desenho animado japonês e que mostra que o ninja cibernético é realmente barra pesada.

Diversos colecionáveis

Para quem é fanático por colecionáveis, “Metal Gear Rising” é um prato cheio. Existem soldados escondidos em caixas, missões adicionais de treino, cartões de memória e outros itens de colecionador que vão mantê-lo ocupado por algum tempo.

Alguns desses itens passam despercebidos numa primeira sessão de jogo, ou seja, o retorno em dificuldades maiores pode ser justificado para completar a lista de itens para encontrar.

Pontos Negativos

Mecânica defasada

Ao mesmo tempo em que sacar a espada para fatiar os inimigos pode ser uma das coisas mais divertidas do game, o jogador também fica preso em mecânicas defasadas e arcaicas. Conforme vai passando por chefes, Raiden coleta uma série de armas secundárias, tal qual um bastão, uma adaga sai e uma espada pesada.

Essas armas são trocadas ao usar as setas do direcional digital e quebram a dinâmica. Isso força o jogador a escolher suas armas antes de entrar numa briga, diferente do que acontece em outros jogos do gênero, como “DmC: Devil May Cry” e “God of War III”, que permitem trocar de armas durante um combo, por exemplo.

Além disso, não é possível que você troque sua arma principal, ou seja, você sempre terá obrigatoriamente que usar a katana em combinação com outra arma.

Existem ainda as armas terciárias, como granadas e lança-foguetes, que são completamente dispensáveis. Em nenhum momento você é obrigado a usar esses itens e, mesmo assim, a forma que estes itens são utilizados reduzem drasticamente a velocidade do combate, algo que desestimula o seu uso.

Câmera problemática

Em espaços abertos a câmera de “Rising” é simplesmente perfeita, mas a história é completamente diferente em ambientes fechados, como os corredores estreitos de um centro de pesquisas militar, esgotos ou em escritórios. A coisa fica pior quando inimigos mais ágeis pulam de um lado para o outro, deixando Raiden completamente perdido.

Outra situação desconfortável é o sistema de trava de mira, que funciona para personagens pequenos, mas que acaba se tornando uma dor de cabeça para os robôs gigantes, como os Gekko ou os GRAD. Essas máquinas de combate saltam de um lado para outro e sempre conseguem sair do campo de visão, atrapalhando o combate.

A câmera também atrapalha na forma em que são realizados os movimentos defensivos. Para bloquear um ataque é necessário colocar o direcional analógico na direção do adversário e apertar o botão de golpe fraco. O comando pode parecer simples, mas a coisa fica complicada em cenários apertados, pois a câmera não mostra o que está por trás do ninja cibernético.

Personagens inexplorados

No decorrer do jogo, Raiden encontra diversos chefes, fala com colegas de equipe e mais uma série de personagens secundários, mas o game dá atenção a poucos.

De todos os chefes, apenas dois são bem explorados: Samuel e Sundowner. Todos os outros são apresentados de última hora, fazem longos discursos para justificar sua existência e depois são descartados.

Ainda assim, isso não chega a ser uma grande surpresa: infelizmente, “Metal Gear Rising: Revegeance” tem apenas 8 estágios e pode ser concluído entre 5 e 7 horas, deixando pouco tempo e espaço para aprofundar as histórias dos vilões e heróis secundários.

Nota: 7 (Bom)