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Battleborn

Victor Ferreira

Do Gamehall, em São Paulo

08/06/2016 12h11

“Battleborn” é uma experiência frustrante com pitadas de brilhantismo.

Em seu mais novo jogo, a Gearbox Software - produtora de jogos como “Borderlands” e “Duke Nukem Forever” - procurou misturar elementos de MOBA e jogos de tiro em primeira pessoa, mas os resultados acabaram ficando mistos.

Enquanto partes do multiplayer apresentam aspectos divertidos, muitos elementos do jogo - em especial sua campanha - acabam sendo enfadonhos e cansativos, testando a paciência do jogador por múltiplas vezes.

Em “Battleborn”, o jogador pode escolher entre até 25 personagens de um grupo especial formado por cinco facções diferentes, que tem como objetivo proteger a última estrela do Universo, Solus, do vilão Rendain e de uma misteriosa raça conhecida como Valresi.

Para derrotá-los você deve… fazer... coisas.

Acho.

Honestamente a campanha é de longe a parte mais fraca do game, composta por 8 missões com quase nenhuma conexão entre si, em que o jogador (e seus companheiros, possivelmente) deve enfrentar quantidades cada vez maiores de “esponjas de bala” enquanto protege ou escolta algum objetivo.

Não só isso, todas elas são desnecessariamente longas, ficando entediantes bem antes de chegar a qualquer tipo de conclusão. E ai de se falhar algum objetivo ou deixar alguma estrutura ser destruída, pois a missão será um fracasso, e você chutado de volta para o lobby como se a última meia hora nunca tivesse acontecido.

Como disse antes, uma experiência frustrante, para dizer o mínimo.

Devo admitir que não testei todos os 25 personagens - principalmente porque o processo de desbloqueá-los é demasiadamente longo e trabalhosos -, mas, se por um lado cada um tem um visual único, a Gearbox não conseguiu expor bem a personalidade da maioria deles, com um ou outro comentário durante alguns momentos da campanha.

É claro, a crítica aos personagens pode ser explicada devido ao senso de humor adotado no game, semelhante a “Borderlands 2”, o qual pode não agradar a todos. Quem gostou do roteiro daquele jogo, porém, tem chances maiores de apreciar o tom visto no novo game.

As coisas melhoram de forma significativa no modo multiplayer, que possui três divisões: Captura, Incursão e Fusão.

Captura é um modo simples de domínio de territórios, semelhante ao Conquista da série “Battlefield”, por exemplo. Embora não seja particularmente complexo, é sempre bom para ver como os personagens funcionam em um ambiente com outros jogadores.

Incursão, o “prato principal” do jogo, é o que une elementos de MOBA e shooters, e deixa uma sensação mista. Não sendo um grande conhecedor de jogos como “Dota 2” e “League of Legends”, é difícil comparar a experiência, mas diversas partidas acabam sendo “guerras de atrito”, nas quais nenhum lado consegue empurrar o outro contra a parede.

Quando os times estão engajados, porém, as partidas fluem rapidamente e o conceito funciona melhor. Ainda assim, é difícil dizer se fãs mais assíduos de MOBAs ou jogos de tiro terão qualquer tipo de interesse por este meio-termo.

Surpreendentemente, o modo Fusão acabou sendo meu favorito. Nele, sua equipe deve escoltar um grupo de robôs - essencialmente minions - para um triturador localizado em certo ponto no mapa, enquanto procura impedir o avanço do time rival e seus companheiros mecânicos.

A proposta não é muito diferente de Incursão, mas por trazer seu próprio “twist” ao invés de simplesmente adaptar conceitos de dois gêneros diferentes, o modo acaba funcionando ainda melhor do que esperado.

Após bastante reflexão, “Battleborn” acaba parecendo menor do que suas partes, prometendo muito, mas trazendo bem pouco de realmente interessante para o gênero.

A Gearbox é capaz de criar um jogo de tiro cativante - os dois primeiros “Borderlands” já são prova disso, quanto mais as antigas expansões de “Half-Life” -, mas seu novo game não consegue mesclar as diferentes ideias elaboradas por sua equipe de forma inteligente, e o produto final sofre bastante com isso.

Embora sejam jogos com propostas bem diferentes, o suposto rival “Overwatch” acaba se tornando mais chamativo entre os novos shooters de maio justamente por trazer a impressão do que a Blizzard sabe o que quer do game, e está trabalhando nisso.

… Quem sabe na próxima?

Nota: 6 (Razoável)