Kingdom Hearts 358/2 Days

CLAUDIO PRANDONI
Da Redação

Duro aprendizado para Roxas

Deixando de lado medalhões séries nascidas nos anos 80, principalmente "Final Fantasy" e "Dragon Quest", um dos principais sucessos originais da Square na década é a franquia "Kingdom Hearts".

Nascidas de uma improvável combinação de personagens e histórias da Disney com figuras de "Final Fantasy" e um punhado de heróis e vilões e originais, as aventuras de Sora e amigos conquistaram uma imensa legião de fãs e grande sucesso de vendas - apesar das fortes críticas ao enredo rocambolesco e falhas na mecânica de ação ao estilo "Zelda".

Original do PlayStation 2, a série amargou um hiato de quatro anos fora dos principais consoles do mercado (o último foi "KH2", para PS2 em 2005, e em 2008 saiu um título para celular apenas no Japão) e retorna agora com "Kingdom Hearts 358/2 Days", que foca na misteriosa Organization XIII, peça fundamental da trama de "KH2".

Uma boa aventura que demora para começar

Por incrível que pareça, a Square Enix conseguiu reproduzir com fidelidade no DS o sistema de jogo de ação 3D visto no PlayStation 2. "358/2 Days" é facilmente um dos games mais bonitos do pequeno console, contando com modelos detalhados, cenários amplos, texturas dotadas de detalhes e raríssimas quedas de velocidade - que por sua vez acontecem de forma tão esporádica que pouco incomodam.

Cenários 3D em destaque no portátil

O uso da tela de toque é limitado a manusear itens e habilidades nos painéis, um novo sistema que serve para gerenciar os poderes que podem ser usados durante as missões que compõem o roteiro principal. Prático e limitado, sem apelar para a funcionalidade como maneira barata de chamar atenção. Já o restante dos controles se comporta de maneira exemplar, incluindo a movimentação de câmera, sempre criticada, que aqui quase nunca atrapalha.

Ainda que tenha um roteiro extenso - com cerca de 15 a 18 horas para ser terminado cumprindo apenas as missões essencais - o jogo é dividido em capítulos, propiciando sessões rápidas, que condizem com a proposta de estar em um videogame portátil. Situado entre "Chain of Memories", do Game Boy Advance, e "Kingdom Hearts 2", "358/2 Days" tem como protagonista Roxas e mostra como participou e quem conheceu na sombria Organization XIII. Felizmente, para quem já é fã, respostas e surpresas sobram.

Contudo, o principal problema de "358/2 Days" é exatamente o mesmo dos irmãos maiores: a trama demora demais para engrenar. Cerca das duas a três primeiras horas de jogo são dedicadas a tutoriais enrolados, prolixos, que o obrigam a navegar pelo mesmo enfadonho cenário dezenas de vezes. Pior ainda, veteranos de "Kingdom Hearts 2" se verão obrigados a aprender comandos que já sabem em cenários que já visitaram. A reciclagem pesa de forma muito negativa.

Juntos para sempre...

Vale o mesmo para os mundos visitados - todos já conhecidos dos "KH" anteriores, ainda que um deles apresente uma área nova - e músicas, que cativam pela competência de Yoko Shimomura na composição, mas não deixam de ser praticamente todas repetidas.

O cuidado na produção transparece também nas várias animações antes, durante e depois das fases, todas com diálogos, muitos dublados. Entretanto, as linhas são tão vazias de sentido e, novamente, prolixas, que parecem estar lá mais para prolongar a aventura e contabilizar alguns segundos extras a cada animação do que exatamente desenvolver o roteiro ou os personagens. Felizmente, todas podem ser puladas e quase nenhuma é crucial para prosseguir.

Roxas e Axel juntam suas forças

Felizmente, quando o game lhe dá liberdade para jogar sem ficar passando por tutoriais, a variedade de missões é grande e o sistema de combate e habilidades instigante. Cada fase pode depois ainda ser jogada novamente, visando a conseguir mais e melhores itens.

O sistema de missões dá vez também à principal novidade que "358/2 Days" traz à série, que é o modo multiplayer. Em rede local, até quatro pessoas podem se unir para vencer os desafios propostos, tendo à disposição todos os membros da Organization XIII e outras figuras conhecidas - que não deixam de ser boas surpresas aqui. Pena a Square Enix não ter dado um passo além e possibilitado partidas online desse tipo, por meio da Nintendo WiFi Connection.