Retro Game Challenge

CLAUDIO PRANDONI
Colaboração para o UOL

Nostalgia está em voga e esse não é um fenômeno recente. Relançamentos e releituras de jogos antigos aparecem aos montes e cada vez mais, agradando veteranos e apresentando pérolas do passado a cada vez mais novos jogadores. "Retro Game Challenge" embarca nessa onda, só que em vez de simplesmente relembrar ou ressuscitar o jogo faz algo que o torna único: ele homenageia toda a geração de videogames 8-bits.

O título é baseado no programa "Game Center CX", um popular show japonês no qual o apresentador Arino desafia as próprias habilidades com videogames ao resgatar jogos - famosos e obscuros - do passado e tentar terminá-los, geralmente falhando de forma miserável. "Retro Game Challenge" se aproveita desse mote e desenvolve uma história original.

De volta para o passado

Logo de início você é apresentado a uma versão virtual de Arino que o desafia a se dar bem nos mesmos joguinhos com os quais ele tanto se complicava quando garoto. Para tanto, Arino o envia de volta ao passado como uma pequena criança para a casa dele mesmo. O detalhe é que lá ele também é um jovem moleque, ainda nas primeiras incursões no universo dos jogos eletrônicos.

Ao passo que o Arino virtual lhe mandará as missões, o pequenino servirá como guia pela jornada ao passado, se encarregando de apresentar e explicar os novos cartuchos lançados, rumores da indústria e até mesmo emprestar algumas revistas de videogame.

O grande mérito de "Retro Game Challenge" reside na deliciosa recriação do mercado de games nos anos 80. A princípio o único título disponível para jogar é Cosmic Gate, shooter espacial nos moldes de "Galaga" e "Space Invaders". O resultado é tão crível que fica difícil acreditar que se trata de um jogo fictício. O visual pixelado, os efeitos sonoros sintetizados e músicas chiclete, a mecânica limitada. Tudo remete aos antigos fliperamas.

Na sequência, "Robot Ninja Haggle Man", aventura 2D simplória; "Rally King", joguinho ao estilo "Rally X" e outros tantos de corrida com visão aérea; "Guadia Quest", RPG que relembra os primeiros Final Fantasy e Dragon Quest. No meio da trajetória, edições especiais de alguns games, como "Rally King SP", e "Robot Ninja Haggle Man 3", que muda radicalmente a fórmula, se aproximando dos "Ninja Gaiden" de Nintendinho.

Os desafios propostos são curtinhos e exploram aspectos variados dos cartuchos de mentira, como descobrir truques, executar combinações difíceis ou similares. Aí entra um dos aspectos que mais reforçam o caráter de homenagem: as revistas.

Charme nostálgico

Conforme se avança na história o pequeno Arino compra revistas de videogame que contam com análises, truques, prévias, boatos, enfim, todo tipo de conteúdo que uma publicação real daquela época apresentasse. Até mesmo o tipo de texto e diagramação recordam o período, com cores vibrantes, layouts simplórios e outros traços típicos. Nas páginas virtuais você encontra explicações avançadas e truques, códigos secretos mesmo, que habilitam poderes e outras regalias - tem até uma alusão ao famoso código da Konami.

Para mais detalhes, os próprios joguinhos contam com fichas técnicas e até um manual de instruções - que, assim como costuma acontecer na realidade, quase ninguém deve ler já que muitas informações são repetidas nas revistas.

Felizmente as missões são rápidas de se realizar. Apesar das recriações fiéis ao extremo, "Retro Game Challenge" peca pela falta de variedade. Os estilos até que são diversos, mas como os próprios jogos não são lá muito elaborados - reflexo do período que usam como inspiração - fica-se preso em mecânicas limitadas, ainda que muitas vezes divertidas.

Obviamente, jogadores veteranos dificilmente encontrarão problemas nisso, se encantando com os clones simpáticos e toda a nostalgia recriada da época. Todavia, um público mais jovem pode torcer o nariz e não se deixar tragar por todo esse charme retrô.

Incentivo para continuar jogando praticamente não existe, tirando o fato de que vencer as missões habilita os joguinhos para brincar livremente. Não há qualquer tipo de galeria de arte, game secreto ou até modos para vários jogadores - o que é um verdadeiro pecado.