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Em "Westworld", Santoro teve que trocar cavalo assustado por efeitos

Pedro Bial recebe o ator Rodrigo Santoro no "Conversa com Bial" - Ramón Vasconcelos/TV Globo
Pedro Bial recebe o ator Rodrigo Santoro no "Conversa com Bial"
Imagem: Ramón Vasconcelos/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

16/05/2017 09h39

O ator Rodrigo Santoro foi o entrevistado desta segunda-feira (16) do programa "Conversa Com Bial" (Globo) e revelou detalhes da sua vida em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Pedro Bial exibiu algumas cenas da série "Westworld", da HBO, último trabalho de Santoro no exterior. O ator comentou sobre a cena e falou sobre os efeitos especiais. "Por exemplo, naquela cena em que eu apareço em cima de um cavalo, parece que eu sou o caubói e tal. Eu estava, na realidade, em cima de uma escada de ferro. Não era um cavalo", contou. "Só para quebrar o glamour logo de cara, porque o cavalo ficou assustado". 

Santoro falou sobre a diferença entre filmar séries e filmes. "Nas séries é possível fazer um arco dramático muito maior e o personagem vai se transformando. Em 'Westworld', o que mais me incentivou foi que os androides podem se transformar em várias coisas. Se hoje você é um caubói, amanhã você pode ser outra coisa e com isso se aprofundar. Por isso vários atores estão fazendo séries", acredita.

Apesar de estar contente com a carreira internacional, o artista disse que sua casa verdadeira continua sendo o Rio de Janeiro, e que não possui Green Card. "Tenho visto de trabalho. Não sou cidadão americano e não sei se vou ser. Sou muito conectado a muitas coisas aqui e não consegui me desapegar de algumas coisas no Brasil. Não fiz essa passagem", afirmou Santoro.

Para o ator, a ida para Los Angeles aconteceu por causa dos filmes "Abril Despedaçado" (2002) e "Bicho de Sete Cabeças" (2001), e não foi algo pensado ou planejado. Pedro Bial também falou sobre a questão da dificuldade da língua. "Aprender a falar sem sotaque é quase impossível. É possível quando você tem um trabalho muito específico. Já me aventurei em fazer um sotaque do sul dos Estados Unidos. Trabalhei seis meses e fiz seis cenas", disse. 

O ator revelou ainda que ainda não voltou para os Estados Unidos desde que Donald Trump assumiu a presidência. "Eu continuo um estrangeiro. Você sente na fronteira e sempre que você chega no controle de passaporte tem aquela atitude. Mas passou aquilo ali, lá dentro não tem isso, especialmente dentro do show business. Não sou um residente dos Estados Unidos. Sou residente do Brasil".

Santoro revelou que já atuou, além de português, inglês e espanhol, também em italiano e russo. Seu mais recente trabalho foi o de um professor cubano que ensina literatura russa e é convocado pelo governo de Havana para servir como intérprete de crianças russas que vão a Cuba para serem tratadas após o acidente nuclear de Chernobyl. "Para mim, era absolutamente impensável e eu quase desisti por causa da dificuldade", disse.

Durante o bate-papo, Santoro lembrou também da gravação do filme "Che" em Cuba, quando interpretou o irmão de Fidel Castro, Raul Castro. A conversa, então, caminhou para a polarização da política no Brasil, já que atualmente falar sobre Cuba gera diversas discussões no país. "Eu passei dois meses lá e pude entender o povo cubano. O que é muito claro é a questão da educação e da saúde. É pequeno, é contido, mas funciona muito bem", afirmou Santoro sobre a ilha. "O povo cubano, apesar de tudo, tem uma noção de dignidade muito grande".

Pedro Bial lembrou de artistas que se engajam politicamente. "A gente tem a liberdade de exercer politicamente. Mas eu uso a minha liberdade como cidadão, dentro do meu meio. Mas eu não uso os meios de comunicação. As duas vezes que eu resolvi falar foi um resultado e descontextualização que não falo mais", disse Santoro. 

No Brasil, Santoro falou do seu trabalho como Heleno de Freitas, na cinebiografia do jogador do Botafogo, filmada toda em preto e branco, mas que deu prejuízo. "Fui coprodutor, mas o cinema é uma arte difícil. Não gosto nem de falar do prejuízo. Lançamos nos Estados Unidos e ganhamos uma capa do caderno de entretenimento do New York Times e virou meu cartão de visita no exterior".