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Charlie and the Chocolate Factory

22/07/2005

da Redação
Não é de hoje que games baseados em filmes saem, tradicionalmente, abaixo do esperado, para dizer o mínimo. Desde "E.T., o Extra-Terrestre" para Atari 2600, de 1982, considerado um dos maiores fiascos dos videogames e o início de uma espécie de maldição, esse tipo de dobradinha produz os games mais descartáveis que se possa imaginar.

Os últimos títulos, como "Fantastic 4" e "Batman Begins", conseguiram, mesmo que limitados pelo pouco tempo de produção, aprovação pela "nota de corte". Não chegam a ser empolgantes, mas se considerarmos as limitações de orçamento e de tempo, têm méritos heróicos, sem trocadilhos.

Mas "A Fantástica Fábrica de Chocolate", jogo baseado em um conto clássico e refilmado recentemente, é mais uma vítima de um sistema que não respeita a agenda da produção de um game, que demanda mais tempo que um filme - sem contar que, muitas vezes, as licenças só são concedidas quando a pré-produção da obra cinematográfica já está concluída. Resultado: para saírem juntos, a fim de aumentar o poder de arrecadação, os prazos ficam ainda mais curtos. Assim, todas as qualidades de "Charlie" são jogadas no lixo, pela falta de ajuste dos controles e da mecânica de jogo.

Da fantasia ao terror

O livro, e conseqüentemente os filmes, contam com um mundo e situações que poderiam render ótimos jogos e, de fato, o título possui algumas boas idéias, ainda que não totalmente originais. "Charlie and the Chocolate Factory" possui gráficos competentes e trilha musical que não faz feio à original.

O início é promissor, com um tutorial integrado ao enredo do filme. Nessa parte, o jogador poderá conhecer alguns dos movimentos do protagonista Charlie e ficará intrigado em ver como eles não funcionarão mais para frente. Depois de uma fase de velocidade, que mais parece uma corrida com obstáculos, o jogador chegará à tão sonhada fábrica. Mas não se engane: é o pesadelo que está para começar.

A primeira fase recria um dos principais cenários do filme, que também é feito em computação gráfica. Nesse lugar, o jogador será apresentado aos Oompa-Loompas, uma espécie de anões. Charlie pode dar três tipos de instruções para esses pequenos seres, que, mais à frente, serão vistos em diferentes "profissões", podendo realizar tarefas específicas. Pode soar blasfêmia, mas a idéia parece ter vinda de "Pikmin", ótimo game para GameCube feito por Shigeru Miyamoto.

Logo se percebe que o sistema de câmera é deficiente, posicionado em ângulos pouco favoráveis para se enxergar ao redor. E se já é assim numa fase aberta, em mapas mais complexos a situação só tende a piorar, e é o que de fato acontece.

A indigesta fábrica de chocolate

Já na primeira fase começam as frustrações, numa missão em que é necessário atirar numa espécie de árvore e pegar alguns Wonka-Vite. O sistema de mira é péssimo: o marcador só aparece depois de pressionado o botão e é difícil acertar o objeto pretendido. Quanto aos Wonka-Vite, eles fogem e pulam rápido demais, sumindo do campo de visão quando se está chegando perto.

A partir do segundo capítulo, "Charlie and the Chocolate Factory" mostra a tônica do título: um jogo de plataformas, centrado - quase que totalmente - na resolução de quebra-cabeças. Eles não são particularmente difíceis, mas as dicas de Willy-Wonka, o dono da citada fábrica, e do avô de Charlie, complicam mais que ajudam. E com os péssimos controles, o processo não passa de tortura.

Neste lugar, em especial, o jogador é instruído a ativar as máquinas e transformar alguns robôs em esferas verdes, que devem ser arremessadas para fazer entupir uns canos. Esses robôs são usados em uma espécie de armadilha. O problema é que os robôs param de andar quando estão em frente a uma delas. Então, resta ao usuário ficar jogando sua arma em direção aos oponentes, na esperança que uma delas funcione.

Como se não bastasse, agarrar as bolinhas também parece ser uma questão de sorte, principalmente quando estão em movimento. É necessário esperar que parem completamente ou então ficar apertando o botão até que o game resolva atender ao comando. E, como se não bastasse, a mira na hora de arremessar é bastante imprecisa. Quer dizer, só rezando para conseguir acertar o alvo. E ainda há mais três desses dispositivos.

Na hora de conduzir o personagem pelas plataformas, mais problemas: a falta de sombras, a visão ruim e os controles lentos tornam os pulos totalmente imprecisos, dificultando - quando não impossibilitando - a localização espacial de Charlie. Ele não perde energia, mas, provavelmente, não se pode dizer o mesmo do jogador.

O final da terceira fase também ilustra a falta de refinamento do jogo. Ali, é necessário fazer com que robôs caiam num poço. O primeiro estranhamento é que o protagonista recebe uma arma nova imediatamente antes da cena, mas ela não é usada. Na verdade, o usuário tem que pegar a arma anterior e transformar os seres mecânicos em esferas.

Mas a agonia continua. Como levá-las ao poço, que abre de tempo em tempos, se o game só tem um botão para agarrar e arremessar, mas nenhum para colocar de volta no chão. O jeito, então, é literalmente empurrar a esfera com a barriga, num processo que beira o ridículo. Ou a solução para o problema não é essa ou o game realmente é mal-acabado (levando em conta as evidências anteriores, a segunda opção parece ser a mais provável). O UOL Jogos tentou colocar o personagem sobre o poço, segurando o objeto, mas o resultado foi o mais bizarro possível, só vendo para crer.

Se a inteligência dos inimigos é praticamente zero, movimentando-se como se fossem baratas tontas, pior são seus amiguinhos, os Loompas, que insistem em ficar presos pelo caminho, nos obstáculos mais ridículos.

Cacau verde

Infelizmente, todos esses problemas estragam um trabalho artístico competente. Não são maravilhosos, mas os gráficos de "Charlie and the Chocolate Factory" recriam com certa inspiração alguns dos cenários presentes no atual filme de longa-metragem. Os personagens também foram montados com estilo condizente ao clima geral da obra, usando muitas caricaturas.

A trilha musical também tem qualidade. Não são tão característicos como a de Danny Elfman, que assina a trilha do filme, mas suprem com competência a necessidade do jogo. Outro ponto positivo fica por conta das narrações, com entonações corretas para uma trama infantil. Apesar de repetitivas, as interjeições de Charlie têm charme. Já os efeitos sonoros não merecem nenhum destaque.

CONSIDERAÇÕES

"Charlie and the Chocolate Factory" parece ser um típico caso de título lançado antes do tempo. Muitas partes parecem estar incompletas, confusas ou simplesmente não funcionam. Uma pena estragar bons gráficos e áudio, além de algumas idéias e formatos promissores que poderiam ter sido melhor explorados. Mas, como foi feito, resta lamentar pelo que se tornou um dos piores games do ano.

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    Charlie and the Chocolate Factory (Pc)

    48 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: High Voltage Software
    Lançamento: 12/07/2005
    Distribuidora: 2K Games
    Suporte: 1 jogador
    Configuração mínima: Windows
    Outras plataformas: GB GC PS2 XB
    DesprezívelAvaliação:
    Desprezível

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