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SimCity

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

16/04/2012 08h05

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A Maxis, estúdio de "The Sims", passou os últimos 2 anos desenvolvendo a GlassBox, motor que é a verdadeira alma de sua próxima empreitada, o ambicioso retorno de "SimCity". A ausência de um número no título é um sinal da amplitude do projeto: "SimCity" se inspira nos conceitos fundamentais do simulador de cidades, mas é um jogo construído do zero, sem reutilizar nada de "SimCity 4" ou outros games da série.

Assim, a Maxis quer preservar a fórmula vencedora de "SimCity", entregando aquilo que os jogadores esperam da série, mas ao mesmo tempo modernizando a experiência, tanto graficamente quanto em termos de mecânicas de simulação.

Em "SimCity", você é o prefeito e projetista de uma cidade. Você determina as áreas residenciais, comerciais e industriais. Constrói prédios públicos, usinas de energia, estradas e parques. Seu objetivo é fazer a cidade crescer enquanto gerencia despesas e mantêm seus habitantes felizes. Assim como na vida real, não é tão fácil quanto parece.

Diferente dos "SimCity" anteriores, o novo jogo não se baseia puramente em estatísticas para determinar o que acontece no dia-a-dia da sua cidade. O motor GlassBox simula a vida de centenas de Sims, suas casas e negócios. A interação entre essas pequenas pessoas virtuais é o que proporciona os desafios do jogo.

Por exemplo, se a cidade está muito poluída, o rio local fica sujo. Os Sims da região ficam doentes e os hospitais ficam cheios. Pessoas doentes não vão trabalhar, a economia é afetada. Cada pequeno evento em "SimCity" pode afetar toda a vida na cidade.

Ao aproximar a câmera para o nível da rua, você verá a cidade em movimento, com Sims indo trabalhar ou passeando por seus parques, cassinos e museus. Uma má distribuição das zonas da cidade pode causar um engarrafamento, que por sua vez pode gerar acidentes e pessoas estressadas. E tudo isso será visível no jogo, não apenas em avisos estáticos e alertas vindos dos jornais.

  • Divulgação

    No novo "SimCity", nem todas as metrópoles serão parecidas com Nova York

Outra novidade importante em "SimCity" é a possibilidade de extrair recursos naturais da sua cidade: petróleo, carvão, metal, comida, energia elétrica e por aí vaí. Cada cidade possui alguns recursos que podem ser comercializados com os vizinhos ou no mercado global.

Você poderá vender matéria-prima por um preço razoável ou pode dominar a verticalização da economia, negociar outros recursos com cidades próximas e construir fábricas. Ao invés de vender aço, você pode exportar carros, por exemplo, lucrando muito mais.

Economia globalizada

Assim como em "SimCity 4", sua cidade não está isolada do mundo. Ela faz parte de uma região, com outras cidades que você pode visitar. Em "SimCity", porém, essas cidades não são suas e sim de seus amigos.

Além de fazer negócios com eles, trocando recursos e comprando energia elétrica, por exemplo, o que acontece em uma cidade acaba afetando as outras. Da mesma forma que no mundo real, estamos todos conectados em "SimCity".

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    A GlassBox simula as interações de centenas de Sims, recursos naturais e a economia global para dar vida às cidades de "SimCity".

Por exemplo, se você decidir comprar energia da usina nuclear da cidade vizinha, isso pode implicar no fechamento das suas minas de carvão. Menos poluição, energia barata. Parece ótimo, mas e os Sims desempregados? Se eles não arrumarem outro emprego, vão para a porta da prefeitura protestar. Podem até se mudar da cidade, diminuindo a população e deixando uma vizinhança de casas abandonadas e terrenos baldios para trás.

Outro exemplo: construa cassinos e você vai atrair turistas. Também vai atrair mafiosos que, se não forem contidos por uma boa força policial, podem se desenvolver e expandir seus "negócios" para as cidades vizinhas.

A interação entre as cidades acontece mesmo quando você não estiver jogando, explica a Maxis. Sua cidade não fica congelada até sua próxima partida, mas segue evoluindo e trocando recursos e informações com as outras.

Isso cria  um universo dinâmico e que exige estratégias dentro e fora do jogo, em que você e seus colegas precisam se organizar para desenvolver suas metrópoles. O sistema de interação e influência é uma das razões para "SimCity" exigir conexão permanente à internet.

Sua região também não está isolada. Ela faz parte do mundo de "SimCity", conectada à outras regiões desenvolvidas por outros jogadores. Assim, grandes indústrias poderão vender seus produtos pelo mundo todo, através do sistema "SimCity World".

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    Construa um império industrial em "SimCity", mas se prepare para o impacto ambiental

Além de gerar uma possível corrida pela supremacia econômica mundial, esse sistema leva em conta todos os efeitos provocados por todos os jogadores de "SimCity". Assim, sua mina de carvão não vai poluir apenas a região habitada por você e seus amigos, mas ao se juntar com as nuvens de poluição de vários outros jgoadores, vai afetar todo o planeta.

Assim, a corrida industrial de milhares de jogadores terá um impacto no mundo de "SimCity". Para evitar estragos maiores, as pessoas terão de pensar em desenvolvimento sustentável dentro do game. E, eventualmente, perceberão que essas práticas também funcionam e são necessárias no mundo real.

Arquitetura moderna

  • Para complementar o ambicioso projeto da Maxis, "SimCity" será o primeiro jogo da série com uma trilha sonora orquestrada, composta por Chris Tilton (compositor do seriado "Fringe"). Dentro do jogo, a música mudará de forma dinâmica, de acordo com o estado da cidade e o nível de zoom que você aplica.

Outro mérito da GlassBox está no visual do jogo, sem precedentes na série. Veteranos da simulação vão se lembrar que "SimCity 3000" foi o primeiro jogo em 3D da franquia. O resultado foi desastroso e "SimCity 4" voltou para o estilo 2D. O novo "SimCity" será todo em 3D, e bonito como é de se esperar de um jogo contemporâneo.

A GlassBox permite criar estradas com pequenas curvas, acompanhando o contorno de parques ou rios, por exemplo. Seus edifícios podem receber atualizações, ampliando a área de atuação e eficiência de delegacias de polícia, hospitais, bombeiros ou universidades.

Ao evoluir sua cidade, ela não terminará como uma cópia de Nova York, padrão dos jogos anteriores. Agora, conforme você opta por certas especializações, como cassinos, fábricas ou universidades, a cidade vai ganhando outros contornos arquitetônicos. Você pode criar sua própria Las Vegas, Londres, Shangai, ou algo totalmente novo.

Os prédios e veículos são mapeados de forma a apresentar volume e ambientes internos. Os Sims são renderizados em 3D, completamente animados, mas com uma tecnologia que permite ao estúdio fazer isso com centenas deles ao mesmo tempo.

Detalhes capricados dão vida e informam o jogador da situação da cidade. Uma chaminé industrial emite nuvens de fumaça que poluem a cidade e a pilha de carvão ao seu lado representa exatamente o nível do seu combustível naquele momento.

Nas mãos do jogador

"SimCity" não é um jogo convencional, onde você progride em linha reta do começo ao fim, nem apresenta um sistema de evolução único. A própria Maxis ainda não sabe quais as possibilidades de seu sistema de integração global. Os jogadores vão adotar estratégias de desenvolvimento sustentável? Vão destruir o mundo em uma corrida industrial?

Para Stone Librande, designer líder de "SimCity", a incerteza é a maior qualidade do jogo: "É completamente diferente de qualquer jogo em que trabalhei antes, porque nós esperamos que vocês joguem de maneiras que, bem, eu nem imagino como vocês vão jogar esse game".

Com uma proposta de simulação ambiciosa, interações online, milhares de possibilidades e uma bela mensagem ecológica, "SimCity" promete trazer a magia da construção e gerenciamento de cidades de volta aos computadores.