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PlayStation 2

24: The Game

17/03/2006

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
Com a crescente popularidade das séries de TV, elas se tornaram a mais nova fonte de inspiração para as produtoras de games. Um dos primeiros títulos dessa nova fonte é "24: The Game", baseado no seriado "24 Horas", que acompanha minuto a minuto as ações de Jack Bauer, agente de uma unidade antiterrorismo, a CTU, e de vários personagens que compõe uma trama de conspiração.

O título para PlayStation 2 traz dois momentos distintos. A parte "24" emula com competência quase todas as características da obra original, como a divisão da tela em vários quadros, mostrando diferentes pontos de vista da mesma ação. Porém, esbarra na superficialidade da fração "The Game".

As 24 horas da série...

"24: The Game" mistura várias mecânicas de jogo. Na maior parte do tempo, é de tiro em terceira pessoa, mas também há cenas de perseguição de carros, além de diversos tipos de minigames. É daqueles títulos que oferece variedade, mas não se aprofunda em nenhuma das partes. Algumas delas foram bem projetadas, mas são gotas no oceano da falta de personalidade.

O ponto forte do jogo são as partes que imitam a obra televisiva e devem fisgar os fãs. O enredo é original: se passa, cronologicamente, entre a segunda e terceira temporada da TV. Aqui, o protagonista Jack Bauer, vivido pelo ator Kiefer Sutherland, está numa manhã normal, pelo menos para um agente contra-terrorista. Ele intercepta um carregamento de armas e objetos químicos, mas, naturalmente, há muito mais por trás disso. O enredo é competente e promete responder a algumas lacunas, como, por exemplo, a chegada de Kim Bauer (Elisha Kuthbert), filha de Jack, na CTU.

É fácil notar, nas cenas não-interativas, a influência da equipe que faz a série original. É o mesmo tipo de trabalho de câmera - como se estivesse sendo filmado com o equipamento na mão - e o tipo de enquadramento, abrindo e fechando os ângulos de maneira veloz. Também abusa das divisões de quadros, para mostrar a ação sob vários ângulos. O jogo não perde a identidade visual nem numa simples tela de pausa.

As cenas foram produzidas com um grafismo muito similar ao do mecanismo em tempo real, mesmo porque é quase impossível reproduzir com fidelidade a realidade com computação gráfica. Além de ser uma dificuldade técnica, há uma barreira psicológica que torna os modelos computadorizados quase repugnantes, processo conhecido como "uncanny valley".

Ou seja, você reconhecerá os rostos dos atores Kiefer Sutherland ou Elisha Kuthbert nas cenas, mas somente em alguns ângulos os rostos ficam mais próximos do que seria natural, por assim dizer. Essa estranheza é compensada pela já mencionada brilhante edição e trabalho de câmera, além de abusar de efeitos de foco, que acrescenta dramaticidade aos "takes".

Contribui também para a qualidade das cenas as dublagens serem feitas pelos próprios intérpretes originais. Apesar da maioria das falas soarem exatamente como as dos personagens na série, em alguns casos, o resultado demonstra claramente que dublar é diferente de atuar. Talvez a falta de "sentir a cena" tenha feito com que Sutherland, notadamente um ator experiente, equivocasse em seu tom de voz em determinados trechos.

... e do jogo

Das diversas áreas que o game cobre, as partes de tiroteio são as principais. Com visão em terceira pessoa, o sistema não sai dos clichês do gênero. Ou seja, não espere encontrar originalidade ou alguma característica que diferencie "24: The Game" de outros títulos do gênero. Ao menos, a dificuldade é equilibrada.

Para os novatos, o game conta com uma mira automática, que trava a mira no peito dos oponentes com praticamente um toque de botão. Além disso, uma rajada é suficiente para derrubar a maioria dos bandidos. Agora, quem quiser se impor uma dificuldade maior, poderá ajustar a mira na cabeça ou tentar melhorar a precisão dos tiros.

Todos esses quesitos são avaliados no final das fases, assim como a velocidade com que termina os estágios. Com boas notas, extras são destravados - e são muitos. Mas nem só de tiroteios vivem os personagens de "24 Horas". Mesmo nessas fases, é possível se identificar e fazer com que alguns oponentes se rendam. Essas prisões também garantem pontos positivos. Por outro lado, causar fatalidades em civis, matar bandidos já desarmados e provocar danos ao patrimônio público são alguns dos itens que subtraem pontos na avaliação.

O jogo é baseado em missões, na maioria das vezes muito simples, com um andamento praticamente linear, apesar de o projeto das fases sugerir uma estrutura um pouco mais aberta, mas o que existem são apenas algumas salas, onde geralmente trazem itens como kits médicos e coletes. Apesar de haver diversos tipos de armas, o jogador não precisa se preocupar com a variedade. O próprio jogo escolhe a melhor opção quando pegar uma nova arma ou quando acabar a munição.

Também é possível usar movimentos furtivos, para pegar os bandidos de surpresa. Para alguns personagens, como Kim Bauer, que não tem treinamento de combate, essa é a única opção para se livrar dos perigos. Além disso, é possível colar em paredes, mesas e muros, por exemplo, para se proteger do fogo adversário.

Porém, se a câmera é destaque nas cenas não-interativas, ela se torna uma das piores inimigas do jogador durante as partidas. Freqüentemente, fica posicionada em locais pouco convenientes, que rouba o campo de visão do personagem. É muito comum não conseguir enxergar inimigos que ficam atrás de uma esquina, por exemplo. Subir ou descer escadas também é garantia de pouca visibilidade. O movimento da câmera é tão indeciso que é difícil até mesmo andar em linha reta. Isso fica evidente nas cenas de perseguição a pé.

A diversão também esbarra na inteligência artificial dos oponentes, cujo máximo da criatividade é se esconder em abrigos e ficar por ali passivamente, esperando serem derrubados. Ou então avançam inconseqüentemente para cima de Jack Bauer e companhia. Para eles, ter um companheiro morto por perto não é motivo para desconfiar que algo está errado. Enfim, não serão os terroristas a maior pedra no sapato da CTU.

Corra que a CTU vem aí

Os veículos também desempenham um papel importante em algumas cenas, e há fases em que os carros são o personagem principal. No caso, você poderá entrar em qualquer veículo estacionado ou cooptar civis para pegar "emprestado" o seu automóvel. Ou seja, nenhuma novidade se você já jogou qualquer "Grand Theft Auto" ou congêneres.

Quase tudo está aqui, como os mapas grandes e o tráfego, mas a dirigibilidade não é das melhores. Parece que tudo foi ajustado para ser o mais cinematográfico possível, como o movimento exagerado que o veículo faz quando se usa o freio de mão. Apesar de existir uma programação de colisão e de danos, mais uma vez, a mecânica é apenas superficial. Provavelmente, ninguém terá muita vontade explorar essas ruas, mesmo porque a) são visualmente pouco atraentes; b) quase sempre o tempo é contado.

"24: The Game" também está cheio de minigames, sempre dentro do contexto do enredo. São quebra-cabeças, como um que o objetivo é ordenar as letras de forma correta, e jogos simples baseados em reflexos, como o que recupera dados espelhados dentro de um dispositivo de armazenamento. Novamente, a maioria não consegue satisfazer o jogador.

A exceção são as fases de interrogatório, muito bem integrado ao enredo - é quase uma das cenas não-interativas. Aqui, o objetivo é extrair informações do prisioneiro, aumentando, mantendo ou diminuindo o tom de voz. Existe sempre uma faixa ótima de tensão em que ele se torna mais cooperativo, e o segredo é manter o medidor nesta área. A única coisa engraçada aqui é que mudança repentina no tom de voz.

Outro bom momento é a parte em que Jack usa seus dotes de atirador de elite, e desbanca os "snipers" oponentes com seu próprio veneno. Apesar disso, é muito pouco para compensar a mediocridade do restante do game, que dura cerca de oito horas - não, não são 24 horas. Ao menos, o jogo dá a opção de repetir os estágios anteriores setor por setor, caso queira treinar partes específicas.

Produção de altos e baixos

Em termos gráficos, "24: The Game" se dá bem nas cenas não-interativas, nem tanto pelas imagens, mas pela edição. Durante o jogo, tem-se a impressão que o visual está um pouco ultrapassado, lembrando títulos de dois ou três anos atrás. Alguns ambientes até tem um nível de complexidade alto, mas a maioria está abaixo da cotação.

Os piores gráficos estão nas cenas de carros. Os mapas até são grandes e a quantidade de tráfego é aceitável, mas aqui a simplicidade e a falta de inspiração passaram dos limites. A quantidade de objetos interativos é louvável, mas faltou usá-los como elemento ativo. As poucas vezes em que isso é aproveitado são nas cenas de perseguição a pé, em que o fugitivo derruba escadas e coloca contêineres de lixo no meio do caminho. Essa quantidade de objetos que possuem programação de física parece atingir o desempenho no fluxo de tela, que é um pouco baixa, mas ainda tolerável.

A produção sonora é quase impecável. As dublagens são excelentes, salvo um equívoco de um ou outro ator, e a trilha sonora casa perfeitamente com o clima de mistério e de conspiração política. Mesmo durante a ação, os oponentes falam entre eles e também reagem à sua presença, dizendo coisas como "Quem é você?".

Assista, não jogue

Por seu ótimo trabalho em emular a série e os ricos extras, "24: The Game" é um título voltado essencialmente para os fãs do original. Porém, mesmo esse público não deverá gostar muita coisa da fraca parte "The Game", salvo um ou outro momento de brilho. Já para quem estiver interessando apenas no jogo em si, há opções muito melhores no mercado.

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    24: The Game (Playstation 2)

    171 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Sony Computer Entertainment Europe
    Lançamento: 28/02/2006
    Distribuidora: 2K Games
    Suporte: 1 jogaor, cartão de memória
    RegularAvaliação:
    Regular

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