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PlayStation 2

Driver: Parallel Lines

29/03/2006

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
"Driver" foi um dos primeiros títulos, já no distante ano de 1999, a estrear uma fórmula de jogo com mapas enormes e missões com carros. Depois, "Grand Theft Auto" adotou, ampliou e aprimorou o estilo com um nível de excelência tamanha que acabou virando o sucesso comercial de hoje e referência do estilo.

Talvez devido a esse fato, a produtora Reflection, que fez o competente "Destruction Derby", tentou dar o troco, avançando no terreno da trilogia clássica da Rockstar, mas os resultados não poderiam ter sido piores com o desastroso "DRIV3R", que veio cheio de erros e parecendo não estar ajustado o suficiente, dando a impressão de ter sido um lançamento prematuro.

A mais nova edição de "Driver", no entanto, voltou aos trilhos novamente, valorizando a mecânica fundamental da série, que é a direção de veículos. A reprodução das cidades, da qual a franquia é uma das pioneiras, se mostra bastante fiel, como outros jogos se propuseram a fazer, como é o caso de "True Crimes: Streets of New York".

Conduzindo criminosos

"Driver: Parallel Lines" traz novamente a mecânica clássica de cumprir missões a bordo de veículos, numa cidade enorme, no caso, Nova York. A progressão do jogo se dá com as missões primordiais, iniciadas quando o jogador segue para um determinado ponto do mapa. Mas também há uma série de objetivos alternativos, não-obrigatórios, que dão diversas recompensas, como dinheiro.

O protagonista mudou: sai o policial Tanner, que foi o personagem principal das três edições anteriores, e entra TK, um jovem talentoso ao volante que vive de transportar todo tipo de criminoso pelas ruas da "Big Apple". Não por acaso, o game começa numa frenética perseguição. Ao mesmo tempo em que tenta escapar da lei, algumas instruções básicas aparecem na tela de tempos em tempos.

Esse início resume bem o funcionamento de "Parallel Lines". Ou seja, em boa parte do jogo você é obrigado a correr rápido e "costurar" pelo trânsito caótico da cidade, muitas vezes perseguido por policiais. Além das ruas principais, os becos também podem ser usados para cortar caminho ou despistar as forças da lei.

As missões iniciais são mais simples e mostram as funcionalidades do game. Agora, por exemplo, você pode modificar o seu carro. Na oficina de seu amigo Ray, o jogador pode mudar a aparência do bólido, melhorar seu desempenho e fazer uma série de mudanças. Também é possível descaracterizar o automóvel, fazendo com que sua "ficha" fique limpa.

Esse recurso de oficina é interessante, mas tem seu valor reduzido, pois os carros viram sucata com freqüência, e não vale a pena ficar gastando dinheiro, exceto nas situações em que um veículo de alta performance se mostra imprescindível, que não é o caso da maioria das missões. Para a "correria do dia-a-dia", um carro simples é mais que o suficiente. Qualquer carro estacionado pode ser usado por TK, como é tradição nos games do estilo.

Corra que a polícia vêm aí

Assim como o primeiro episódio, a dificuldade de "Parallel Lines" é bastante alta. Ainda nas partes iniciais do jogo, já se exige um nível técnico muito grande por parte do jogador, com missões com tempos exíguos. Muitas vezes você precisará encontrar o alvo pela cidade em alguns poucos minutos, enfrentando o trânsito pesado e a patrulha dos policiais. Qualquer infração vista por eles resultará numa perseguição.

Felizmente, a inteligência artificial dos homens da lei não é das melhores, pois é só afastar um pouquinho ou entrar numa curva para despistá-los com facilidade. Claro que, quando a situação começa a pesar, entra em ação a SWAT, com direito até a helicópteros. Para evitar ser perseguido, é preciso compreender o sistema de criminalidade do game.

Em "Parallel Lines", há um "wanted level", ou seja, um nível de periculosidade, para os automóveis e para o personagem em si, que é mostrado em barras separadas. Crimes cometidos dentro do veículo, como acidentes, atropelamentos e excessos de velocidade fazem com que o carro seja procurado pela polícia. Nesse caso, é só trocar de veículo para os agentes pararem de importunar. Mas a "culpa" será transferida para o personagem se um policial vir você saindo do carro.

Nesse caso, eles passam a procurar pelo próprio TK, em qualquer carro que ele esteja. Nesse caso, ficar na vista de um deles por muito tempo resultará numa perseguição. Como dito, a oficina pode limpar a ficha do veículo e também do próprio personagem, ficando assim pronto para circular livremente pela cidade. Naturalmente, esse sistema de culpa é explorado em algumas missões, como naquela que você rouba o carro de um rival, faz barbaridades e devolve o veículo para que o dono original seja incriminado.

De volta à auto-escola

A dificuldade do game também decorre dos controles e da simulação de física. Os comandos respondem bem, mas pilotar os carros pode ser um pouco complicado em "Driver: Parallel Lines", principalmente nas curvas. É daqueles títulos que demandam um bom tempo de treino para poder dominar todas as ações dos carros e chegando nesse nível, você será capaz de manobras bem plásticas, dignas das melhores perseguições dos filmes de Hollywood, como fazer curvas com cavalo-de-pau ou dirigir na contra-mão com um tráfego pesado vindo em sua direção.

Talvez o melhor lugar para treinar sua habilidade seja nas corridas, que é o tema de várias missões paralelas. Ali você poderá dominar o uso do freio-de-mão, por exemplo, e aprender como fazer uma curva em alta velocidade. Para os novatos, é bastante fácil rodar ou sair fora da pista nessas partes. Essas corridas são bem complicadas também pelo nível dos oponentes. Quando conseguir chegar em boas colocações em corridas de nível normal para cima, é sinal que você está ficando bom no game. Você ainda terá de lidar com os tiroteios de dentro do carro, que traz mais um pouco de complicação.

Ou seja, "Parallel Lines" aceita apenas dois tipos de jogadores: os naturalmente bons em jogos de corrida ou aqueles que tem alta tolerância para frustrações, que, de repetição em repetição, tenta decorar todos os detalhes da missão, como a rota, e de como se antecipar aos perigos. Mesmo os bons pilotos provavelmente não conseguirão fazê-lo de cara, ao menos em alguns dos objetivos. E a dificuldade só aumenta até o final do game.

Em jogos anteriores, "Driver" sempre teve dois momentos: o controle dos carros geralmente recebe boas críticas, mas fora dele, o personagem é uma lástima. Em "Parallel Lines" a situação melhora, mas nem tanto. O sistema de tiroteio ficou um pouco mais prático com a mira automática, mas a manual continua muito ruim. O deslocamento do personagem também não é das melhores e a identificação de colisão é muito deficitária. A câmera também atrapalha. Felizmente, as missões a pé estão bem reduzidas desta vez.

Se você conseguir avançar pelas partes iniciais do game, verá uma reviravolta na vida de TK. Ele começa como um jovem em 1978, mas acaba sendo incriminado e passa 28 anos de sua vida na prisão. Saindo de lá, já em 2006, só pensa em vingança. Sendo assim, o título mostra a passagem dos anos, mudando o modelo dos carros nas ruas, a trilha sonora e os ícones na tela. Não chega a ponto de mudar o desenho da cidade, mas pelo menos poderia dar um tratamento diferente no filtro de cor. Geralmente, em jogos assim, costuma-se usar uma cor mais "lavada", ou pálida, para representar o passado.

Aprontando em Nova York

"Driver: Parallel Lines" diminuiu o número de cidades - na edição passada trazia Miami, Nice e Istambul - mas a área coberta é maior que o antecessor, com mais de 360 quilômetros de pistas, segundo a produtora. Mais do que reproduzir Nova York - e parte de Nova Jersey -, incluindo os bairros de Manhattam, Brooklyn, Bronx, Queens e Harlem, agora, o mapa tem mais vida, como vendedores e transeuntes mais interativos. Não chega ainda ao nível de um "Grand Theft Auto", mas é uma evolução considerável. Porém, os cenários são mais detalhados que o clássico da Rockstar. O jogo fica especialmente belo no Xbox com resolução de 480 linhas não-entrelaçadas (480p).

Além disso, postes, hidrantes e banquinhas de jornal, por exemplo, são destrutíveis, além de diversos obstáculos, como barris e todo tipo de sujeira que ficam nos becos. Em bairros mais pobres, por exemplo, há papeis espalhados pelo chão, que voam quando carros passam por perto. São detalhes que dão mais vida aos mapas, que também conta com um trânsito bastante carregado e vários pedestres.

O sistema de física fica evidente nos acidentes. Dependendo da força e de como os veículos se chocam, o resultado é diferente, podendo até mesmo ter um engavetamento. A destruição dos veículos não é tão complexa como se poderia esperar, mas, mesmo mais simples, deixam os acidentes mais vistosos, tanto que, nessas horas, uma câmera mais dramática entra em ação. Porém, quando se atropela um pedestre, a reação chega a ser hilária, de tão teatral.

Aliás, os personagens continuam esquisitos: muitos deles andam com poses meio estranhas. A história até tem uma boa premissa, a de incluir a juventude de TK e sua vida depois da prisão, mas a realização deixa a desejar, com um roteiro muito primário. Ao menos, as cenas de apresentação esbanjam estilo.

A variedade de veículos é bem grande, ainda mais se forem incluídas os modelos das duas eras presentes no game. Mas todos esses carros na tela e uma simulação de física apurada assim cobram seu preço, em forma de perda de desempenho. De fato, o fluxo de tela não é dos mais suaves, mas o suficiente para não interferir na experiência de jogo.

A trilha sonora também reflete as duas épocas retratadas. Na fase 1978, as composições incluem artistas como Iggy Pop, David Bowie e Blondie, e misturam diversos estilos, como o rock setentão e o soul. Já na parte contemporânea, a seleção musical traz muitos nomes da cena independente, como o Kaiser Chiefs e os Yeah Yeah Yeahs, além do hip-hop do Public Enemy, que, apesar de ser um grupo importante, parece um pouco datado para representar os tempos atuais.

Os efeitos sonoros mais evidentes são os dos carros. Cada modelo possui diferentes ruídos para o seu motor, que mostra o cuidado da produtora com o tema principal de "Driver". As dublagens estão competentes, apesar de soarem um pouco forçadas, mas seu principal problema é técnico: a qualidade de gravação está aquém do que se espera de uma produção desse nível.

Voltando aos velhos tempos

"Driver: Pararell Lines" retorna às suas origens, focando mais nas ações a bordo de carros. A decisão é acertada, pois os melhores momentos acontecem na direção dos veículos, porque, a pé, o personagem continua ruim. Apesar disso, a alta dificuldade e a monotonia - há menos variedade nas missões justamente por se concentrar nos automóveis - fazem com que o game não agrade a tantas pessoas. Se você é bom em jogos de direção ou é tolerante a repetições, pode ser que encontre boas horas de diversão. Ao menos, essa edição faz voltar a série aos trilhos, já que se acidentou feio com "DRIV3R".

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    Driver: Parallel Lines (Playstation 2)

    34 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Reflections
    Lançamento: 14/03/2006
    Distribuidora: Atari
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    Outras plataformas: PC WII XB
    RegularAvaliação:
    Regular

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