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PlayStation 2

Grand Theft Auto: Liberty City Stories

13/06/2006

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
A série "Grand Theft Auto" foi um grande marco no PlayStation 2, inaugurando um estilo de aventura com grandes cenários e que, até hoje, é muito imitado. As versões conseguintes, "Vice City" e "San Andreas", expandiram o que já era enorme para proporções épicas, e por trazer uma experiência intensa, esse último se consagrou como o jogo mais vendido do console da Sony.

Com esse currículo invejável, "Grand Theft Auto" fez novamente história, agora no PSP. Considerada a primeira grande produção do portátil, "Liberty City Stories" traz a essência que caracteriza a série e é um dos títulos de maior realização técnica no aparelho de bolso da Sony, talvez superada apenas por "Syphon Filter: Dark Mirror" e "Daxter", dois dos recentes e excelentes títulos para o PSP.

Agora, a série faz o caminho inverso, e "Liberty City Stories" entra em cena no PlayStation 2 e é virtualmente idêntico à edição de bolso. Mas, se no portátil o jogo era rei, a competição é muito mais difícil no console de mesa. Primeiro porque, se comparado aos excelentes "God of War", "Shadow of the Colossus", "Black" e "Resident Evil 4", a tecnologia envolvida em "Liberty City Stories" é pálida.

É verdade que a qualidade técnica, principalmente dos gráficos, nunca foi exatamente o forte da série, mas não deixa de ser um ponto negativo em meio a tantas obras tecnológicas impressionantes. Se houve melhora, elas são apenas discretas, quase imperceptíveis. Há um pouco mais de efeitos, uma taxa de quadros um pouco maior e é possível enxergar um pouco mais longe, além de ter, marginalmente, mais carros e pessoas nas ruas.

O poderoso chefinho

"Liberty City Stories", assim como "Grand Theft Auto III", se passa na cidade que dá nome à versão portátil. Como nos outros episódios, a cidade é baseada numa localidade real - neste caso, Nova York, com seus táxis amarelos e condutores indianos e paquistaneses. "San Andreas" teve Los Angeles, San Francisco e Las Vegas do início da década de 90 como referências, e, em "Vice City", a Miami dos anos 80 foi a inspiração.

"Liberty City Stories" se passa em 1998, três anos antes dos eventos de "Grand Theft Auto III", compartilhando o mesmo cenário e alguns dos personagens. Se "Vice City" tratou de grupos de traficantes e policiais corruptos, e "San Andreas", de guetos negros, a cidade de Liberty City é palco para diversas máfias, em especial as de origem italiana.

O jogador controlará novamente Tony Cipriani, que retorna a Liberty City e se vê preterido ao cargo de braço direito do chefão Salvatore Leone. Sim, é uma referência clara a "O Poderoso Chefão", clássico livro de Mario Puzo e adaptado magnificamente para o cinema por Francis Ford Copolla em forma de trilogia.

O funcionamento do game é idêntico ao de outros "GTA", isto é, o jogador é colocado num mapa imenso, tendo liberdade para realizar diversas ações. Tanto em escala como em variedade, está longe de um "San Andreas", razão pela qual "Liberty City" pode ser considerado, no PlayStation 2, uma versão quase raquítica. Existem três ilhas para passear como se desejar, ainda que no início apenas uma delas esteja disponível.

É possível andar por diversos lugares e fazer o que quiser, dentre as muitas opções do game. À medida que se avança no enredo, mais e mais opções ficam disponíveis para o jogador. O andamento do roteiro se dá pelas missões obrigatórias, que acontecem ao encontrar determinados marcadores luminosos, como é tradição na série.

Meu querido mafioso

A estrutura das missões é variada e inclui assassinatos, resgates, assaltos e inúmeros serviços sujos, além de, no começo, o protagonista servir de empregado para Vicenzo Cilli, o atual braço direito de dom Salvatore. Como veio de uma versão portátil, as missões de "Liberty City Stories" são simples e rápidas, mas nem por isso fáceis. Algumas são naturalmente desafiadoras, mas, em outras oportunidades, são fatores alheios que aumentam o grau de dificuldade.

Um desses fatores é o seu sistema de combate, um dos pontos fracos da franquia, que continua falho em "Liberty City Stories". O game traz dois modos de mira, mas nenhum deles funciona muito bem. No caso da manual, a precisão deixa a desejar e, na automática, é difícil mirar o alvo desejado. Ter de ficar parado para atirar deixa Tony muito vulnerável, mas atirar e correr ao mesmo tempo, que só é possível com armas leves, prejudica a precisão.

Apesar de a maioria das missões serem curtas e simples, existem algumas que são verdadeiras epopéias entre vários pontos da cidade, levando dezenas de minutos. A dificuldade também decorre do fato de que o jogador não poder salvar durante as missões - se morrer ou for preso no cumprimento de um objetivo, terá de recomeçar toda a missão de novo. Um sistema de "checkpoint", de retomar o jogo em pontos determinados, ao menos nas missões mais compridas, faria com que a frustração fosse menor.

A morte e a detenção são problemas também. Como nas edições anteriores, ao perder toda a energia, o protagonista é levado a um hospital, onde é tratado, ou para uma delegacia, quando preso. Depois, existe a opção de pegar um táxi para retornar à missão em que falhou. O problema, além do consumo de dinheiro, é a perda de todas as armas e do colete. Assim, ficam duas alternativas para o jogador: ou recolhe todos os itens novamente, o que pode ser bem trabalhoso dependendo dos itens que possuía, ou retoma o último "save". Outro contratempo é ver novamente as cenas não-interativas, que até podem ser cortadas, mas perde-se muito tempo mesmo assim.

Se houve uma melhora na edição para PlayStation 2, é que a visão é muito mais fácil de controlar por conta do segundo direcional analógico, ausente no PSP. Com isso, é possível deslocar o personagem e mexer a visão ao mesmo tempo, o que é sempre muito útil. Só faltou uma maneira de fazer isso dentro dos carros.

A hora do rush

O controle dos veículos continua sendo um dos destaques da série. Em "Liberty City Stories" há cerca de 70 veículos diferentes, cada um deles com suas características próprias de potência e dirigibilidade, apesar de a diferença não ser tão notável assim. Além de carros de passeio, há motocicletas - ausentes em "Grand Theft Auto III" -, caminhões, barcos e até um tanque. Quase todos os veículos podem ser roubados, esteja o motorista dentro ou não.

A física dos veículos é bastante detalhada, com pontos de colisão em quase todas as peças. Janelas se quebram, a lataria amassa, portas e capôs podem ser arrancados e até os pneus podem estourar. Está certo que a programação de danos não é tão sofisticada para os padrões de hoje no PlayStation 2.

Veículos especiais, como táxis, caminhões de bombeiro, viaturas policiais e de resgate, podem ser usados para acionar missões alternativas, com direito a alguns trocados. Nem todos os serviços são honestos; alguns consistem em roubar carros e levar para determinadas garagens e outros lidam com o mercado do sexo. Enfim, existe uma grande quantidade de atividades não-obrigatórias, que correspondem a mais da metade da porcentagem de exploração.

O carregamento de dados é feito automaticamente durante o passeio nas ruas, só que ainda assim aparecem telas de "loadings", embora somente na inicialização do game, após retomar um "save" ou quando entram as cenas não-interativas. E não chegam a ser tão longos assim.

A versão para PlayStation 2 perdeu as modalidades multiplayer presentes no PSP. Havia a expectativa de existir um modo cooperativo, como foi colocado em "San Andreas", mas isso não se realizou. Entretanto, se observadas as características do console, a modalidade multijogador não traria muitos benefícios.

Cópia reduzida

O visual de "Liberty City Stories", praticamente idêntico ao do PSP, é mais simples que se comparado ao de outros "GTA", o que é, de certo modo, decepcionante, mas esse quesito não é essencial para série. Os cenários estão menos detalhados, mas a produtora voltou a atenção para os rostos dos personagens, que tem uma animação bastante natural, e para a modelagem dos carros, montados com peças independentes, proporcionando um movimento bastante realista. A edição para PS2 traz um efeito diferente de brilho na lataria, mas não chega a compensar a simplicidade dos carros.

O nível de popularização dos cenários está ligeiramente maior no console, contando com inúmeros veículos, pedestres e outros objetos interativos, como caixas e postes, além de papeizinhos que ficam voando para dar mais vida aos cenários.

A taxa de quadros deixa a desejar. Em locais mais simples pode chegar a cerca de 30 por segundo, mas varia radicalmente conforme o nível de popularização. No geral, a falta de fluidez é apenas satisfatória, apesar de, em algumas situações ficar bastante lenta, deixando pesados os controles. E os tradicionais "pop-in", que consiste na aparição repentina de um objeto quando se chega perto, continuam existindo.

Mesmo sacrificando um pouco a velocidade, além do número de objetos, a produtora aplicou diversos efeitos visuais, como os de fumaça e destroços. Mas um dos mais belos são as luzes dos carros e postes acionados durante a noite. Essas iluminações podem não reagir com os objetos, mas ajudam a criar um ambiente mais crível. De vez em quando pode chover também, mas o efeito é bem simples.

É verdade que a inteligência artificial não é das melhores. Os carros não são capazes de desviar o mínimo de seu caminho, por exemplo. Mas eles reagem à sirene da polícia, por exemplo, abrindo passagem para que você passe em alta velocidade, e alguns se defendem à bala quando são roubados. Alguns de seus companheiros podem ficar presos em algum canto ou indecisos na hora de escolher por qual lado do carro entrar.

Os inimigos também não são exatamente inteligentes, mas numerosos, o que, em conjunto com o sistema de combate falho, os tornam bastante ameaçadores. Mesmo nas perseguições automobilísticas, apesar de haver poucas viaturas por tela, é complicado escapar delas devido à natureza dos veículos. Além disso, os policiais e rivais parecem se unir contra o jogador, dificultando ainda mais as coisas. E nem queira ver o poder de fogo das unidades especiais da lei.

A trilha musical continua fantástica, não tão temática quanto em "Vice City", que homenageava os anos 80, ou em "San Andreas", que girava em torno do "gangsta", mas apresentando uma seleção eclética, que inclui reggae, dance, hip hop, rock, pop e até "boy bands", à la Backstreet Boys. Como se não bastasse, os talk-shows são divertidíssimos, com piadas em profusão, também passando notícias, muitas vezes decorrentes da ação de Tony Cipriani. Mas cada estação repete muito rápido a programação, talvez decorrente da menor capacidade do UMD, a mídia do PSP, e isso não foi melhorado no PS2.

As dublagens também estão excelentes, com postura de voz equilibrada, sem carregar demais no sotaque de alguns personagens. É uma pena que o enredo não seja tão bom quanto o de outros games da série. Os efeitos sonoros também mantêm a qualidade de "GTA".

Limitado, mas ainda Grand Theft Auto

CONSIDERAÇÕES

"Grand Theft Auto: Liberty City Stories" é uma cópia fiel da edição para PSP. Mas se no portátil a dimensão do jogo impressionava, tudo isso parece bem modesto no PS2, e o intuito da produtora parece ser a imensa popularidade do videogame. Ou seja, sem nenhum extra, os que já jogaram a edição para portátil não tem rigorosamente nenhum motivo para refazer a aventura. Ainda que tenha uma escala menor, "Liberty City Stories" ainda é um "GTA". Melhor ainda com um preço econômico, que beira os US$ 20.

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    Grand Theft Auto: Liberty City Stories (Playstation 2)

    17 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Rockstar North
    Lançamento: 06/06/2006
    Distribuidora: Rockstar Games
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    Outras plataformas: PSP
    RecomendadoAvaliação:
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