UOL Jogos - Tudo sobre games e Jogos onlineUOL Jogos - Tudo sobre games e Jogos online
UOL BUSCA

PlayStation 2

Killer 7

08/07/2005

da Redação
Há algum tempo se discute se os videogames são uma expressão de arte como a literatura, música ou o cinema. Mas o fato é que, nos EUA, como indústria, já rivaliza com a de Hollywood e a demanda do público por jogos cada vez mais sofisticados faz com que as empresas dediquem mais tempo e dinheiro em novas idéias de diversão eletrônica.

Por se tratar de grandes volumes de recursos, os investidores preferem apostar em títulos estabelecidos, que faz o mercado ser inundado por franquias e, conseqüentemente, idéias transgressoras são vistas como um risco, que muitas empresas não querem correr.

Justiça seja feita, a Capcom é uma das produtoras que mais tem contribuído com novos experimentos, com jogos originais como "Viewtiful Joe" e "Under the Skin", além de reformular clássicos como "Resident Evil". Algumas idéias fracassaram, naturalmente, mas muitas foram aproveitadas e se tornaram referências.

"Killer 7" leva essa filosofia um pouco mais adiante, revirando alguns dos mais estabelecidos paradigmas desde que o videogame foi inventado. Suas peculiaridades, seja no visual ou na mecânica de jogo, aliadas a um enredo carregado em metáforas, e aberto a diversas interpretações, deverá polarizar os jogadores: uns amarão e serão envolvidos pelo clima de mistério em que nada é o que parece; outros torcerão o nariz como o diabo foge da cruz, pelas limitações dos controles e também pela história, aparentemente confusa, para dizer o mínimo.

Sete homens e um segredo

Ao jogar "Killer 7", o usuário precisa ter em mente que todos os elementos, até mesmo os controversos controles, parecem estar a serviço do enredo, que, gostando ou não, é o destaque do título. A história foi escrita por Goichi Suda, ou Suda 51, um trocadilho com seu nome - "go" é 5 e "ichi" é 1 em japonês - e em seu currículo contam com adventures igualmente peculiares como "Moonlight Syndrome" e "The Silver Affair", ambos para PSone.

A parte palpável do roteiro conta o embate entre o assassino profissional Harman Smith, um senhor de cadeira de rodas, e o terrorista internacional Kung Lang, o "mão de deus", e sua organização Heaven's Smile. Smith controla, por assim dizer, um grupo chamado Killer 7, que congrega sete matadores altamente capacitados. Se eles são sete pessoas físicas distintas ou múltiplas personalidades de Harman encarnados num mundo de sonhos, é preciso jogar para se tirar uma conclusão, que pode divergir com as demais.

Por trás de tudo está uma intriga internacional envolvendo EUA e Japão, permeado de metáforas e reflexões tão pertinentes quanto às de "Metal Gear Solid". Assim como os adventures citados anteriormente, o presente título mistura diversos estilos artísticos para contar o enredo, envolvendo o modelo "graphic novel" à la "Sin City", que representa quase todo o game, e alguns grafismos de animação japonesa, numa combinação tão díspar quanto a de "Animatrix".

Saindo dos trilhos

Uma das maiores polêmicas está no sistema de jogo, que, como dito, parece estar a serviço do enredo e da dramaticidade dos cenários. "Killer 7" pode ser dividido em três momentos distintos. A primeira são as cenas de adventure, onde um dos oito personagens - o grupo Killer 7 e Harman Smith - avança pelos cenários. Só que o sistema de controle apenas permite que o assassino ande em determinados locais, como um trem que transita sobre trilhos. As opções permitidas são avançar, virar 180 graus ou escolher rotas em bifurcações. Onde há itens e dispositivos, aparecem suas respectivas opções como na tela de escolha de caminhos.

Apesar da pouca maleabilidade, existem muitos jogos em que há uma suposta liberdade de controle, mas com cenários totalmente lineares, que, no final das contas, acaba sendo a mesma coisa. O sistema de "Killer 7" traz a vantagem de garantir câmeras ousadas sem desorientar o personagem: o jogador sabe que, apesar da troca de câmera, seu matador está andando na mesma direção. O contra está na dificuldade em se localizar no mapa e ser enfadonho em cenários permite os Smiths mover em círculos.

Nesse modo, o jogador procurará por itens, quebra-cabeças e conversará com diversas "entidades", a maioria de gente assassinada por Harman. Algumas localidades só podem ser alcançadas com as habilidades de determinados personagens ou algum item, mas o próprio mapa se encarrega de dar a resposta. Se quiser descobrir por conta própria, não use o mapa, ou escolha uma dificuldade mais alta.

Os cenários são povoados por uma espécie de zumbis invisíveis, seres explosivos da Heaven's Smile, que podem ser percebidos pela sua característica risada. E aí entra o modo de tiro em primeira pessoa.

Pagando com sangue

Apertando o gatilho direito, a visão passa a ser em primeira pessoa com uma mira no centro. Na maioria das vezes, o jogador precisará acionar o scanner com o gatilho esquerdo para enxergar os oponentes e atirar com o botão apropriado. A mira é livre, mas o jogador não pode se deslocar nessa visão, necessitando voltar para o modo de adventure para sair do lugar.

Cada um dos inimigos possui um ponto fraco, que pode ser aparente ou não. Derrotando-os pelos locais sensíveis, os personagens ganham sangue forte, que pode ser convertido para soros, usados para melhorar as habilidade de cada matador. Se mortos de maneira "convencional", se obtém sangue fraco, necessário para recuperar a energia e também para usar os tiros carregados.

Cada um dos oponentes tem características distintas, diferindo em tamanho, comportamento e locais dos pontos fracos. Intencional ou não, tem até um monstro vestido com uma camisa amarela similar ao da seleção brasileira de futebol. Cada assassino possui armas diferentes, que podem ser vantajosas contra certos oponentes e dificultar contra outros. As diferenças básicas incluem poder de fogo, quantidade de munição e velocidade de recarga. Alguns têm características especiais: Kaede possui mira telescópica e Mask de Smith usa praticamente um canhão, capaz de detonar vários inimigos ao mesmo tempo.

Mas a dificuldade sobe bastante nos chefes, pois a maioria requer métodos especiais para serem vencidos. Tentar descobri-los pode ser divertido ou frustrante, dependendo da paciência do jogador. Esse é uma das partes que o jogo não dá quase nenhuma dica. Praticamente todos os chefes revelem seus pontos fracos somente em determinadas situações. Mas outros seguem regras próprias, como a secretária de Fukushima, cujo objetivo é acertar mais tiros um ao outro.

O terceiro elemento do jogo são os quebra-cabeças, de dificuldade variada, mas quase sempre lógicos. Alguns deles podem ser realmente difíceis, mas, de maneira geral os espíritos são dicas preciosas. Um deles, em particular, praticamente entregam de bandeja a resposta dos enigmas, mas não sem antes insultar o jogador e cobrar uma taxa em sangue forte.

Nas fases existem diversas salas chamadas de Harman's Room, onde o jogador pode acessar uma TV, que possui diversas funções. O aparelho transforma sangue em soro, permite melhorar os personagens e "acordá-los", caso consiga cumprir alguns objetivos. Os personagens "acordados" podem ser trocados a qualquer hora pelo menu. O save pode ser feito nas salas em que a personagem Samantha está vestida como empregada, marcadas com um "S" no mapa.

O jogador, basicamente, usará seis dos personagens, pois Garcian é o único que não pode ser ressuscitado, pois esse papel cabe a ele. Assim, quase nunca se perde o jogo; apenas deixa o andamento ainda mais lento, pois, apesar das nove fases não serem muito grandes, há muitas cenas não-interativas e inimigos, e, no final, completar o game demandará entre 15 e 20 horas.

Arte interativa

A Capcom tem apostado em diversos estilos artísticos em seus jogos, como os quadrinhos de "Viewtiful Joe" ou o oriental "Okami", ainda em produção. O grafismo de "Killer 7" parece vir das "graphic novels" americanas, como "Sin City" de Frank Miller, usando técnicas de alto contraste aliadas a uma coloração propositadamente artificial. Há também vídeos com animação tradicional japonesa, representando uma das metáforas do embate EUA e Japão contido no enredo. O resultado inegavelmente é diferente dos demais jogos, mas é uma opção que pode dividir opiniões.

Talvez a estilização fosse a opção para suavizar cenas fortes com sangue, mutilações e sexo. Em quase todas as fases se vê pessoas explodindo, tiros na cabeça revelando o crânio e situações semelhantes. Mas a violência maior está nos diálogos, que trata de doenças mentais, drogas e agressões verbais, algumas de cunho racista.

A taxa de quadros é alta, mas muito instável. Basta matar um inimigo de perto para travar o jogo em níveis insuportáveis. O carregamento de dados é bastante freqüente; até para trocar de personagem o disco é acessado, o que é um desconforto. O problema é pior no PlayStation 2, pois a carga é mais lenta.

No setor de áudio, brilham os efeitos sonoros, cristalinos e detalhados, realçados pela trilha musical, que, na maioria das vezes, quase não é perceptível. As dublagens imprimem personalidade; até as legendas são diferentes, cheias de emoticons e outras modas da internet. Mas incomoda os personagens repetirem a mesma frase toda vez que conseguem matar um inimigo. As músicas também são pouco comuns, mas não tão inspiradas quanto o enredo e os gráficos.

Um passo para trás, dois para frente

A classificação "M", atribuída pelo órgão oficial nos EUA, a ESRB, não é à toa. O jogo lida com temas e expressões pesadas, além e ter um enredo naturalmente voltado para pessoas mais maduras, com muitas camadas de interpretação e assuntos que convidam uma reflexão. Quem conseguir aceitar a história e domar - ou, ao menos, tolerar - os controles de "Killer 7" terá, provavelmente, uma experiência recompensadora, daquelas que se obtém de um bom filme noir e vai se divertir em montar diversas teorias e discuti-las com outras pessoas.

Mas, se dissociado da história e visto apenas pelas partes interativas, o título possui mais defeitos que acertos, com controles limitados e tiroteios repetitivos, apesar de alguns quebra-cabeças e chefes desafiadores. Enfim, "Killer 7" não mudará o mundo, mas teve ousadia em revirar alguns preceitos estabelecidos, o que é saudável para dar um banho de choque na mesmice.

CONSIDERAÇÕES

Compartilhe:

    Receba Notícias

    GALERIA

    Killer 7 (Playstation 2)

    37 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Capcom
    Lançamento: 07/07/2005
    Distribuidora: Capcom
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    RecomendadoAvaliação:
    Recomendado

    Shopping UOL

    UOL Jogos no TwitterMais twitters do UOL
    Foots - Jogo social online para Orkut
    Hospedagem: UOL Host