SSX On Tour

da Redação

O selo EA Big, criado pela Electronic Arts na época do lançamento do PlayStation 2 para dar uma identidade à linha de jogos de esportes radicais da empresa, certamente nunca foi tão bem honrado em sua concepção quanto com os jogos da série "SSX". A série, na verdade, foi mais além e, poderíamos dizer, existem duas eras para os jogos de snowboard: antes e depois de "SSX". Em suma, o jogo está para a neve como "Tony Hawk's Pro Skater" está para o skate.

O quarto episódio, "SSX On Tour", chega em versões para GameCube, PlayStation 2 e Xbox - além de uma para o portátil PSP, não abrangida por esta análise - e, como era de se esperar, mantém as manobras radicais regadas pelo bom e velho rock, criando a atmosfera perfeita para aqueles que gostariam de experimentar as emoções de esquiar (sim, uma das novidades são esquis) ou surfar no gelo.

Diversão a dois

Logo de cara, é preciso expor o principal problema de "SSX On Tour": a ausência de um modo multiplayer online - nem mesmo a Xbox Live, rede online do videogame da Microsoft, foi prestigiada. Sendo assim, a diversão fica restrita ao single-player ou, no máximo, ao suporte para dois jogadores no mesmo console, se divertindo através da costumeira tela dividida.

Por outro lado, a experiência com o single-player está mais interessante e atraente do que nunca. O modo Quick Play é só um aquecimento para o Tour, que reserva os principais lances de emoção e desafio de "SSX On Tour". Diferente das versões anteriores, o foco nos personagens enquanto "personalidades" está menor, à medida que agora é você quem cria o seu próprio snowboarder ou esquiador.

Os mais puristas, no entanto, não devem se preocupar, pois diversos personagens conhecidos da série fazem suas aparições em "SSX", muitas vezes para competir você. Isso sem falar nos que podem ser destravados conforme o progresso no jogo: até Mario, Luigi e a Princesa Cogumelo marcam presença - mas apenas na versão para GameCube, obviamente.

Mas, voltando à customização dos personagens no modo On Tour, agora é possível personalizar desde o estilo até mesmo peso e altura, passando também pela face e gênero. Passadas algumas horas de jogatina, você poderá utilizar o dinheiro conquistado durante as provas para "comprar" não apenas pranchas ou esquis novos, mas também cortes de cabelo e manobras.

Ah sim, as manobras. O que seria de "SSX" sem elas? O senso de velocidade está mais apurado do que nunca em "SSX On Tour", com alguns efeitos "blur" que lembram a série de corridas "Burnout", uma contribuição fundamental para proporcionar às manobras, desde as mais simples até as mais complexas, todo o radicalismo que merecem.

O modo On Tour mescla uma série de modalidades, como obter um número X de pontos em um determinado período de tempo, deslizar em corrimãos (ou obstáculos em geral) por Y segundos, chegar na frente de um oponente etc. E a melhor parte é que até mesmo quem está chegando agora (ou seja, os novatos) não se sentirá deslocado, pois as primeiras missões funcionam mais como um aprendizado da jogabilidade, mas sem aquele clima enfadonho de "beabá" que às vezes predomina nesse tipo de tutorial.

Com o passar do tempo, naturalmente o desafio aumenta, chegando ao ponto em que nenhum jogador experiente reclamará. As fases mais avançadas mostram uma criatividade surpreendente para um jogo de snowboard, exigindo que você também "dê seus pulos" (literalmente) para cumprir objetivos como executar um certo número de pontos utilizando apenas quatro pulos, por exemplo. Em suma, o jogo reúne desafios consagrados dos jogos anteriores e outros mais novos para renovar o fôlego de "SSX".

Muito embora as montanhas de "SSX On Tour" sejam bastante curtas, em sua grande parte, nunca as fases foram tão "abertas" quanto agora. Não faltam atalhos e macetes escondidos para conseguir aquele salto simplesmente insano, criando combos que multiplicam a contagem de pontos. E a sensação de velocidade também é decisiva (ainda mais quando a barra de "boost" é preenchida, através de execução de manobras, proporcionando alguma velocidade extra) nas colisões com os obstáculos encontrados pelo caminho. Você sabe: em "SSX" a ação simplesmente não pára, então mesmo quando o snowboarder (ou esquiador) perde o equilíbrio, costumam continuar deslizando em velocidade morro abaixo.

Às vezes, as quedas são simplesmente vertiginosas e fica difícil até mesmo saber quando, afinal, se chegará ao solo - isso quando não há uma curva estrategicamente localizada logo após o lugar do "pouso". Enfim, é o espírito e a magia que envolvem "SSX" mais vivos e atuantes que nunca.

Chapa quente

Como você já deve ter percebido, "SSX On Tour" é dono de um apuro técnico fenomenal, que se estende também ao visual, deixando o jogador sob impacto logo nos menus, repletos de desenhos grafitados e tracejados que, com a trilha heavy metal (tem hip-hop, punk e outros gêneros também), proporcionam ao game um visual descolado e moderninho.

Com a ação rolando, os gráficos lembram muito os antecessores, o que já era de se esperar, mas é nítida a melhoria na fluidez dos movimentos dos personagens, que mesmo diante das insanas situações criadas pelas manobras e pela sensação irreal de velocidade, comportam-se com bastante naturalidade e até mesmo realismo.

Até mesmo os efeitos sonoros ficaram em bom nível, dedicando-se bastante a reproduzir a atmosfera dos cenários e variando de altura e intensidade de acordo com a velocidade do jogador em cima dos esquis ou da prancha.

Não fosse a ausência do multiplayer online, "SSX On Tour" poderia ser considerado o jogo de snowboard\esqui na neve definitivo, conseguindo a proeza de ao menos igualar "SSX 3", o que não é tarefa simples. A verdade é que dá uma sensação de "vazio" ver apenas dois modos de jogo no menu principal, embora eles estejam de bom tamanho em termos de single-player.

Ironicamente, o GameCube acabou, de certa maneira, se beneficiando da principal deficiência do jogo, uma vez que a versão para os três videogames são tecnicamente idênticas e o console da Nintendo, como sabemos, não tem recursos online. Some-se a isso os três personagens exclusivos e têm-se aí uma vantagem estratégica para o Cubo em relação aos concorrentes.