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PlayStation 2

Tomb Raider: Legend

07/04/2006

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
"Tomb Raider" é um caso pouco comum no mundo dos videogames. A carreira do jogo em si e de sua protagonista, a cultuada Lara Croft, fazem caminhos independentes. A musa virtual mais bem sucedida da história segue sua trilha de sucesso, culminando com os dois filmes de Hollywood feitos em torno da aventureira inglesa - ser interpretada por uma estrela da magnitude e personalidade de Angelina Jolie ajudou um bocado, é verdade.

Mas a carreira como obra de videogame é bem mais tumultuada. O primeiro título, de novembro de 1996, foi, de certo modo, inovador, trazendo uma aventura num mundo 3D, quando as produtoras ainda engatinhavam nas novas possibilidades que os gráficos em três dimensões poderiam propor. Assim como "Super Mario 64", foi um dos primeiros jogos mais complexos em que o jogador tinha a liberdade de explorar um cenário aberto.

Porém, depois de uma boa continuação, a fórmula de "Tomb Raider" começou a cansar e a qualidade, desabar, chegando quase ao fundo do poço com "Angel of Darkness", a estréia da série para o PlayStation 2. Preocupado com os rumos da franquia, a Eidos, que detém seus direitos, tirou a responsabilidade pelo desenvolvimento das mãos da Core Designs, que de fato criou a série, e passou-a para a Crystal Dynamics, famosa pela linhagem "Legacy of Kain".

A troca de casa fez muito bem à franquia, que comemora dez anos neste ano. E todos saem ganhando com isso: o jogo, que volta aos eixos e fica à altura da personagem - meio sumida desde o segundo filme, "A Origem da Vida" -, e os jogadores, que vêem um "Tomb Raider" digno de atenção.

Começo cinematográfico

"Tomb Raider: Legend" é fiel à fórmula de ação, com bom equilíbrio entre elementos de exploração, ação de plataformas, quebra-cabeças e combate. Existem outras mecânicas de menor expressão envolvidas, que adicionam variedade, mas nem todas funcionam como deveriam.

Mas se o novo "Tomb Raider" mantém sua linha básica de dez anos atrás, muitos de seus aspectos foram inteiramente revistos. De fato, o jogo até "esquece", em parte, o passado da série, como se quisesse dar um novo começo. Muito da biografia da protagonista foi reescrita, como se a Lara dos seis jogos anteriores nunca tivesse existido.

A agitação começa logo na apresentação, que lembra um pouco a da cinessérie "007", com a vantagem que Lara assume tanto o papel de James Bond como de uma Bond Girl. Depois que o jogo começa, entra a primeira cena não-interativa, feita com o mecanismo gráfico em tempo real do próprio game. Aqui a impressão é ruim: o visual é simples e até um pouco grosseiro, principalmente no PlayStation 2. Nesta cena, Lara, aos 10 anos, está viajando num avião com sua mãe, mas uma tormenta obriga o piloto a fazer um pouso forçado nas montanhas do Himalaia.

Enfim, o enredo faz idas e voltas em três épocas distintas, retratado em cenas não-interativas e em partes jogáveis: o presente, os dez dias do pouso forçado em Kathmandu e uma exploração com colegas na juventude. Naturalmente, esses episódios do passado acabam confluindo no presente, com direito a algumas reviravoltas.

"Legend" começa na Bolívia e a introdução da fase lembra outro filme: a abertura de "Missão Impossível 2". Aqui, Lara está escalando um penhasco, com seus tradicionais movimentos abrobáticos, que é a tônica do game, e os cenários se mostram bem mais bonitos que os antecessores.

Um nova Lara Croft, de corpo e de alma

Porém, a diferença visual mais marcante é a nova modelagem de Lara Croft: está mais elegante, desde o traço de seu rosto até sua linha corporal. A sua face é de uma mulher mais madura, um pouco mais alongada, e lembra a modelo de carne e osso da musa virtual, a atriz Karima Abedibe. A volúpia e silhueta que lhe é peculiar continuam, e Lara tem a chance de desfilar seu guarda-roupa, sem se furtar de mostrar suas curvas.

O controle foi totalmente reformulado. Esqueça aqueles movimentos travados e burocráticos de jogos anteriores, pois Lara está muito mais ágil e solta desta vez. Os novos truques da personagem têm óbvia referência nos últimos "Prince of Persia", mas o jogo não soa como uma cópia da trilogia da Ubisoft pelo fato dos territórios de ambos os games serem totalmente diferentes e o game ainda mantém parte da cadência que é peculiar a "Tomb Raider".

Ela ainda corre, pula, dependura-se em vãos e mergulha, mas também expandiu as habilidades, podendo subir em postes, usar barras para saltar como uma acrobata e transita com auxílio de cipós; só não espere truques à la "Matrix", como andar pelas paredes. Ações como subir escadas ou mover para os lados ficando dependurado em vãos podem ser aceleradas com toques rítmicos num botão específico, e dá mais dinamismo em partes potencialmente mais monótonas. Essa técnica também é importante quando estiver jogando o modo Time Trial, que é uma competição contra o relógio.

Os controles debaixo da água também estão bem mais funcionais. A inglesa empurra, puxa e gira objetos com mais liberdade, e de maneira bem mais natural. Aliás, todos os objetos e os quebra-cabeças fazem uso inteligente da simulação de física, tornando essa parte bem mais realista e integrada à aventura.

Mas a liberdade não se restringe apenas aos movimentos úteis. Há uma série de animações apenas para exibição, que dão mais vida a Lara, como é o caso de subir numa plataforma fazendo uma pirueta ou um mergulho cheio de estilo - truques que já existiam nos antecessores. Mas agora também é possível fazer cambalhotas e chutar objetos - tem até uma bola de futebol.

A parte de tiroteio também foi melhorada. Agora, além das pistolas duplas, a heroína também pode usar armas maiores, como metralhadoras e espingardas - granadas também fazem parte do arsenal. O sistema de mira automática continua e a precisão varia conforme a distância. A moça também tem a opção de usar golpes corpo-a-corpo, como um "carrinho" que joga os oponentes para longe.

A mira automática apenas trava nos inimigos, mas também existem vários lugares do cenário que reagem aos tiros, como barris explosivos e rochas soltas. Quando um local assim existir por perto, a tela indica para pressionar um botão específico, que faz Lara atirar nesse lugar. Enfim, os combates estão simples e funcionais, pois a visão fica fixada no alvo. Ela também tem a opção de usar uma mira manual, com uma visão que fica sobre seus ombros.

Aventura também cerebral

Uma das novidades dessa versão é uma corda com gancho magnético, usada em várias situações. Com o equipamento, você pode atravessar grandes distâncias, usando-o como um cipó, ou puxar determinados objetos de longe. Isso pode revelar novos caminhos ou resolver determinados quebra-cabeças.

Como já falado, os "puzzles" estão mais integrados ao game. Muitos deles se aproveitam da simulação de física, como num lugar em que é preciso usar uma gangorra para lançar blocos para um local mais alto. A dificuldade varia: alguns são muito simples, mas há outros que demandam um pouco mais inteligência, mas nada excepcionalmente difícil.

Usando o binóculo é possível, além de enxergar longe, analisar partes importantes do cenário e isso pode fornecer dicas para a resolução do enigma. Esse é um dos equipamentos da aventureira, que ainda possui uma lanterna, kit médico e armas, todos acionados com o direcional em cruz dos controles nos videogames, ou seja, muito simples de acionar.

De tempos em tempos aparecem alguns eventos de ação, como vistos em "Resident Evil 4". Essencialmente, é como uma cena não-interativa, mas o prosseguimento depende que o jogador pressione rapidamente os botões indicados na tela. Se atrasar ou apertar o botão errado, é game over. Essas partes são bem rápidas e ajudam a trazem um pouco mais de emoção, pois são geralmente momentos mais dramáticos.

Existem também duas seções em que Lara pilota uma moto, lembrando um jogo corrida, só que com obstáculos e inimigos. Nesse caso, a adição não foi satisfatória, pois os controles deixam a desejar. Felizmente, essa parte dura pouco. A heroína também usa a moto numa pequena seqüência ao pular de um edifício a outro, numa cena bem mais emocionante.

A construção dos mapas está bem equilibrada, misturando partes lineares com outras com mais opções de caminhos. Cada país - a exploradora viaja para a Bolívia, Japão, Gana e Himalaia, por exemplo - possui um ambiente único e os cenários escondem itens, que liberar extras se encontrados. São estátuas de ouro, prata ou bronze, nessa ordem de raridade e dificuldade. Mas, infelizmente, a duração do game não é das maiores.

Um dos mapas mais interessantes é a mansão Croft, que funciona como um sítio de exploração particular de Lara e é uma modalidade à parte. Suas dependências ficam liberadas conforme o progresso no jogo principal, que traz três níveis de dificuldade. O percurso terminado também pode ser usado no modo Time Trial.

Turismo virtual

Os cenários de "Tomb Raider: Legend" foram arquitetonicamente bem projetados e é um dos mais belos visuais da geração atual de consoles. Muitos lugares são paradisíacos e reproduzem bem os encantos da natureza. Quase nenhum ambiente é simples: as cavernas, por exemplo, tem formatos variados e superfícies irregulares.

Em geral, os cenários naturais e sítios arqueológicos se saem melhores que panoramas urbanos. O projeto das fases é competente e é divertido passar pelos obstáculos com uma série de movimentos acrobáticos. A iluminação também está muito boa e o resultado é uma representação mais crível do espaço e a integração da personagem com os cenários.

A produtora prestou atenção aos mínimos detalhes. Há uma série de efeitos que dá vida ao jogo, como a água que espirra quando se mergulha, que, pode não ser de uma realidade fotográfica, mas funciona muito bem. Além disso, quando Lara sai da água, gotas ficam pingando por um tempo e formam-se pegadas. A própria personagem fica com um aspecto molhado.

A animação e modelagem também estão excelentes, principalmente para a personagem principal. Ela foi programada para ter um ato grau de interação com o cenário. Por exemplo, quando ela põe o pé num lugar um pouco mais alto, dobra o joelho e fica numa posição natural para a situação. Aliás, nenhum de seus movimentos soa artificial - um pouco exagerado, talvez. Os outros personagens não receberam tanta atenção, mas também estão bem modelados.

Naturalmente, os gráficos mais definidos estão na versão para PC e Xbox 360. No console de nova geração da Microsoft, em especial, há novos efeitos, uma iluminação melhor e ainda mais detalhes, seja na água, no ambiente ou até mesmo no ar - é possível ver partículas sendo iluminadas.

Com um panorama tão rico e complexo, o desempenho fica comprometido, principalmente no PlayStation 2, quase beirando atrapalhar os controles. Porém, levando em conta a capacidade do atual console da Sony, o visual está acima do que se poderia imaginar, tornado-se quase idêntica à versão para Xbox. Mesmo no Xbox 360, quando se coloca na resolução máxima, acontecem alguns travamentos.

"Tomb Raider: Legend" traz uma ótima trilha sonora, misturando músicas eletrônicas agitadas e composições etéreas, mais misteriosas, usadas conforme a situação. Os efeitos sonoros também são claros e de alta qualidade. Novamente, chama a atenção os detalhes: numa determinada fase, em que acontece uma festa, o som fica abafado quando a personagem está longe, ficando cada vez mais alto e cristalino a medida que se aproxima da fonte de som.

Mas o destaque vai mesmo para as dublagens, principalmente da protagonista. A atriz Keeley Hawes empresa seu sotaque legitimamente inglês para Lara. Sua voz é madura, elegante e exprime finesse, ou seja, tudo a ver com a heroína. Os textos também estão muito bem escritos, com tiradas que vão do humorístico ao contundente, bem ao estilo da personagem. Enredo e jogo estão bem integrados, pois há porções das cenas não-interativas que são jogáveis e as falas acontecem mesmo durante a partida.

Voltando aos bons tempos

"Tomb Raider: Legend" é a Lara que todos os fãs esperavam há muito tempo. Pode não ser inovador, mas traz qualidades para compensar isso: ambientes exóticos convidativos para exploração, bom enredo e liberdade para movimentar a musa. Se você gosta de games de aventura e exploração, esse é um título que poderá agradar em cheio.

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    Tomb Raider: Legend (Playstation 2)

    146 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Crystal Dynamics
    Lançamento: 11/04/2006
    Distribuidora: Eidos
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    Outras plataformas: DS PC PSP X360 GB GC XB
    RecomendadoAvaliação:
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