Formula One Championship Edition

da Redação

Criada pela Psygnosis, ano a ano "Formula One" tenta capturar a emoção da categoria máxima do automobilismo para levá-la aos games. Mas desde 2001, a série deixou de ser da produtora de "Lemmings" e "Shadow of the Beast" e estacionou nos boxes da Studio Liverpool, da Sony, que hoje detém a exclusividade para criar jogos com pilotos e escuderias da FIA (Federação Internacional de Automobilismo).

"Formula One Championship Edition" é o primeiro da série para PlayStation 3. Apesar do grande salto na qualidade gráfica e lindos efeitos climáticos, a estrutura do jogo é bem similar a de "Formula One 06", lançado para PSP e PlayStation 2. É um simulador de extremos. Tal qual o esporte real, controlar as potentes máquinas em busca de milésimos de segundos, é para uma pequena elite. Para os iniciantes, o jogo oferece uma série de itens de ajuda que vão desde faixa indicando o melhor traçado na pista até a desnecessidade do uso de freios - deixe por conta do computador e só acelere. Pular de novato para profissional exige dedicação e pode afugentar pilotos mais casuais.

Começou a temporada 2006

Não estranhe ao ver Michael Schumacher ao lado de Felipe Massa na Ferrari ou ainda Pablo Montoya correndo pela McLaren. "Formula One Championship Edition" é baseado no campeonato 2006, com pilotos e escuderias da temporada vencida por Fernando Alonso: são 18 circuitos, 11 equipes e 22 pilotos profissionais. Mas o jogo oferece alguns extras para serem destravados. Antes de juntar à elite, o jogador precisa definir seu avatar. As opções são simplificadas: além do nome e nacionalidade, o jogo oferece alguns pilotos pré-definidos e mais um tanto de pinturas de capacete. Curioso é o número de opções femininas em um esporte dominado por corredores - Giovanna Amati, em 1992, foi a última mulher a se aventurar na categoria.

O menu oferece uma boa seleção de modalidades no modo para um jogador: "Quick Race" é uma corrida sem compromisso, ideal para umas primeiras voltas; "Grand Prix Weekend" simula um final de semana na Fórmula 1; "World Championship" vai além e traz a temporada inteira; e por um último tem o modo carreira. Seja qual for a escolha, todas as modalidades oferecem opões para novatos e veteranos.

O modo carreira exige dedicação. A jornada é de cinco anos e sem surpresas, o aspirante a piloto deve provar seu talento em pista antes de receber as melhores máquinas. Tudo começa com um e-mail de seu agente, que se encarrega de conseguir uma chance junto a alguma escuderia. Na pista, o jogador deve mostrar talento vencendo o relógio. Um bom tempo pode valer uma vaga como piloto de testes ou até mesmo na equipe principal. Caso aceite, seja qual for o posto, terá de cumprir objetivos. No caso de piloto de testes é melhorar o desempenho para ganhar o direito de participar das provas. Já os corredores de elite devem terminar o campeonato de construtores em determinada posição ou manter média de ponto de pontos por prova, entre outros. Tudo é informado através de e-mails de seu agente ou por criativas reportagens no noticiário do jogo.

Suave e belo

Quem procura adversários de carne e osso pode se aventurar no modo online ou criar uma LAN com um segundo PlayStation 3. Infelizmente, multiplayer local, com um segundo controle, ficou ausente em "Formula One Championship Edition". Jogar na PlayStation Network é uma experiência agradável. Até 11 corredores podem competir online simultaneamente com oponentes adicionais controlados pelo computador ou não. O jogador pode se aventurar em alguma prova em andamento, criar a sua ou esperar o início de uma nova sessão em uma sala já criada. Algumas travadinhas após as colisões foram o máximo de "lag" em seis corridas consecutivas de oito voltas. Uma pena a Sony não ter incluído um headseat padrão na caixa do PlayStation 3: bate-papo com texto após as provas ninguém merece e tirar satisfação durante a prova após ser empurrado para fora da pista é uma necessidade. Ruim também são os avisos que pipocam quando um jogador abandona ou entra no jogo: dependendo da pista, às vezes eles aparecem bem no seu campo de visão. Não custava nada posicioná-los no topo mais ao topo da tela. O jogador pode comparar seu desempenho online com o de seus amigos, mas o game não faz distinção se a pessoa de sua lista jogou ou não "Formula One Championship Edition" - na maioria das vezes é comparar com zero.

"Formula One Championship Edition" usa sensor de movimento do controle do PlayStation 3. Simplesmente, movimente o controle para esquerda e direita, tal qual um volante. A resposta é praticamente perfeita, mas, num jogo de precisão em que segundos podem definir vitória ou derrota, esse "praticamente" é o suficiente para deixar essa opção de lado. Nada melhor que o velho e bom direcional analógico ou, para quem deseja investir um pouco mais, um volante da Logitech. Considerado pela Sony um "recurso da geração passada", vibração no controle faz falta. Passar em cima de uma zebra e não sentir aquela tremida nas mãos dá a sensação de algo ficou faltando. Além disso, nenhum dos volantes suporta "force feedback", que simula, por exemplo, aquela briga das rodas com o asfalto quando o jogador exige demais do volante nas curvas.

Faça chuva, faça sol, "Formula One Championship Edition" é de tirar o fôlego em matéria de gráficos. E não apenas na reprodução perfeita dos veículos ou no brilho da lataria. Sozinho, no modo online ou com muitos carros na pista, o jogo transpira velocidade sem nenhum sinal de queda na quantidade de quadros por segundo, algo raro de se ver em simuladores de corrida. Efeitos climáticos são um show à parte. Chuva não é um céu acinzentado e brilho na pista para indicar que está molhada. Dirigir a toda velocidade em meio a um festival de gotas batendo na tela é de fato bem mais difícil... e lindo! Quem tem carta de motorista deve conhecer aquele sol de final de tarde que obriga a abaixar o quebra-sol imediatamente. Pois é. A diferença é que os bólidos da F1 não têm esse acessório e nem é permitido correr de óculos escuros. Poderia ser melhor o visual dos menus, bem pobres se comparado à qualidade do jogo. Além disso, após correr dezenas de vezes, tirando o traçado, nota-se que não há muitas diferenças nos cenários entre uma pista e outra. Esse último é até compreensível, já que num jogo de alta velocidade e reflexos, os olhos sempre estão grudados na pista. Não há tempo para procurar passarinho em árvore.

O ronco dos motores, ainda mais se seu videogame estiver ligado a um sistema de som Dolby Digital, é fantástico, mas no demais a parte sonora não acompanha. O comentarista é um tanto enfadonho e repetitivo. Trilha sonora em corridas de Fórmula Um passa muito longe do realismo, mas uma opção para o jogador escutar sua música preferida enquanto tenta melhorar seu tempo em algum circuito cairia bem.

Digno de pódium