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PlayStation 3

Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots

20/06/2008

OTÁVIO MOULIN
Colaboração para o UOL
Após duas décadas, até mesmo Rambo decidiu pendurar as chuteiras em grande estilo, fazendo o que sabe melhor em um recente sucesso nos cinemas. Solid Snake, herói da série "Metal Gear", segue o mesmo caminho e finalmente encontra sua aposentadoria depois de mais de 20 anos de serviços prestados, desde os tempos do MSX, em um jogo glorioso.

"Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots", o esperado final da saga, chega exclusivamente ao Playstation 3 de maneira triunfante. É a celebração da habilidade do designer Hideo Kojima em contar histórias como poucos e envolver o jogador de uma maneira raramente vista neste meio, na mais perfeita aproximação que um game já teve do cinema até hoje.

Cenário de guerra

'Segure firme, Snake!'
O pano de fundo desta derradeira aventura ocorre em 2014, cinco anos depois dos eventos finais de "Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty" - lembrando que "Metal Gear Solid 3: Snake Eater" funcionou como um prólogo, passado nos anos 60. Aqui Solid Snake está sofrendo de envelhecimento precoce devido a uma degeneração celular causada pelo vírus Foxdie, que adquiriu em "Metal Gear Solid", o que lhe garante agora o codinome de Old Snake.

Apesar de seus esforços e sua eterna luta para evitar que certas tecnologias bélicas caíssem nas mãos erradas, principalmente envolvendo nanotecnologia , o herói vê o mundo se dividir em uma série de conflitos armados potencializados por grupos militares privados que utilizam estes dispositivos. Destes exércitos particulares, os cinco maiores são controlados por ninguém menos que seu arqui-inimigo Liquid Ocelot, que já possui recursos suficientes para enfrentar as tropas nacionais dos Estados Unidos, se assim desejar.

Os planos do vilão envolvem controlar totalmente a nanotecnologia, criada pelo grupo conhecido como Patriots, formado ainda na década de 60, que dá poder às suas tropas e lhe garantirá a supremacia plena. Snake então é chamado por Roy Campell, que agora trabalha para as Nações Unidas, para eliminar Ocelot em um cenário no Oriente Médio, onde começa a reencontrar antigos conhecidos e mais alguns novos personagens.

Um (novo) velho herói

Apesar da mecânica básica ainda funcionar como nos anteriores, vários elementos foram adicionados ou alterados para acomodar as condições do protagonista e seu atual e mais agressivo ambiente, algo que já demonstra a grande qualidade do game.

Em tempos caóticos, Snake pode atuar de maneira mais direta, se assim desejar, correndo e atirando nos inimigos, sem fazer tanta questão de passar despercebido. Como muitas armas são ligadas ao código genético de cada soldado, o herói não pode utilizá-las logo de cara deve recuperar estes itens e levar à figura de Drebin, um negociador que faz o trabalho de limpar e revender estes equipamentos. Há também opções de modificações especiais, como miras lasers e estabilizadores, além de munições para incrementar o arsenal do agente e torná-lo ainda mais letal.

Hideo Kojima em evento no Japão
Mas, apesar de permitir que o jogador vá pelo caminho da força bruta, "Metal Gear Solid 4" ainda mantém as características que se espera da saga que introduziu a furtividade nos games. Para recompensar os jogadores mais sutis, boa parte dos extras - e acredite, são toneladas deles - envolvem passar por situações sem ser notado ou sem matar nenhum inimigo. E há algumas boas mudanças que ajudarão na tarefa, como o novo sistema de camuflagem, chamado de Octocamo, o Solid Eye e o drone MK 2.

O primeiro simplesmente transforma Snake em um camaleão, fazendo com que sua roupa adquira as mesmas características da superfície na qual estiver escondido em alguns segundos, bastando apenas chacoalhar o controle para retornar o uniforme a seu estado original. O Solid Eye é um visor que engloba todos os binóculos e outros tipos de equipamentos para realçar a visão de Snake nos jogos anteriores, tornando tudo mais ágil, além de fornecer informações sobre os personagens no campo de visão, o que ajuda a elaborar suas tácticas e abordagens. Já o MK 2 é um pequeno robô criado por Otacon que é utilizado para reconhecer terreno e desacordar inimigos à distância, utilizando também um efeito de camuflagem, bom para coletar itens e descobrir o que está acontecendo longe de seus olhos.

O jogo tenta sempre dar a opção de escolher entre as duas posições, passar despercebido ou entrar atirando com tudo. Há sempre vantagens ou desvantagens em cada situação, como na habilitação de alguns extras, como dito anteriormente, ou no envolvimento de Snake com tropas rebeldes, em momentos posteriores no jogo - você pode lutar ao lado deles e eles o ajudarão, por exemplo. De qualquer maneira, há um novo sistema que foi introduzido para manter o equilíbrio entre estas duas abordagens e manter uma constante interrogação na mente do jogador, que deve sempre pensar duas vezes no que fazer diante de algumas situações bastante imprevisíveis.

Há dois novos medidores que merecem a atenção. Uma é a de psyche, relacionada ao estado de degeneração de Snake, que diminui sua capacidade de combate quando ele fica cansado e começa a sentir dores, por exemplo. A outra é a de stress, que afeta o personagem de acordo com as situações em que ele se encontra, como as condições climáticas ou a tensão a qual ele é submetido e que atua sobre a psyche. A chave então é tentar equilibrar sempre suas atitudes para manter o corpo do protagonista funcionando bem. Ocasionalmente, no calor da batalha, ele tem alguns surtos que deixam sua adrenalina em alta - ele toma menos danos e fica mais estável - mas quando sai deste estado, os dois medidores vão ao mínimo, fazendo com que ele entre em colapso e fique vulnerável a ataques por algum tempo.

O fator Kojima

Snake toma 'Regain'
É incrível como a mecânica do jogo é modificada, aprimorada e ganha elementos que se misturam bem ao novo cenário da nova aventura. É uma das marcas registradas de Hideo Kojima, que claramente criou este jogo para amarrar todas as pontas soltas e agradecer aos fãs. Embora o jogo faça um enorme esforço para recapitular até mesmo os eventos e fatos mais obscuros da trama para os marinheiros de primeira viagem, estes possivelmente acharão o jogo um tanto quanto exagerado no falatório ou nas cenas não-interativas.

Mas para quem acompanha a série, é um capítulo perfeito, em que Kojima alcançou finalmente o ritmo ideal - se depois de tanto tempo você não se acostumou com os toques de metalinguagem, divagações, alegorias, humor e alguns excessos do designer, provavelmente nunca realmente nunca abraçou a série por completo. Ele consegue arrumar tempo até mesmo para algumas sacadas bacanas como inserir o uso de ipods que contam com trilhas sonoras dos jogos anteriores e até mesmo uma camuflagem de Altair, do jogo "Assassin's Creed" - mas talvez o mais intrigante é que agora "Metal Gear Solid 2", o mais mal falado da série canônica, ganha nova relevância diante de novos fatos e conclusões deste novo episódio.

Embora agora haja a opção de mover a câmera de maneira mais livre, com novos ângulos de visão, isto não mudou o estilo cinematográfico do jogo. Kojima é o mais hollywoodiano dos designers de jogos, com um senso estético que faria inveja a muitos diretores de cinema por aí e mesmo o extensivo uso de cenas roteirizadas e diálogos não deixam a adrenalina cair. Ele sabe criar situações dramáticas como poucos na indústria, além de personagens com peso e carisma, e não há como não sentir um pouco de dor no coração ao pensar que este pode ser o último capítulo da saga. Como um grande blockbuster, aliás, o jogo mostra uma revelação importante depois dos créditos, a exemplo dos anteriores, o que pode aliviar um pouco esta condição.

Só no Playstation 3

Guerras de rotina
Exclusivo para Playstation 3, é fácil dizer que "Metal Gear Solid 4" é uma ótima razão para comprar o console, principalmente se você é fã da série. Este é provavelmente o jogo que melhor utilizou os recursos do aparelho até o momento, mesmo que o jogador seja forçado a passar por uma instalação demorada antes de começar a jogar e por outras menores e mais rápidas durante a transição de capítulos. Mas é um problema menor, que provavelmente diminuem o tempo de carregamento e problemas de performance.

Aliás, a performance é exemplar. Os personagens são grandes, bastante detalhados, com rugas, marcas, cicatrizes e expressões extremamente realistas, assim como sua movimentação. Os cenários seguem o mesmo padrão, contando com minúcias em todos os lugares possíveis, como rachaduras e texturas variadas, além de efeitos de poeira e fumaça e elementos climáticos. Tudo isto ganha contornos maiores com certos ângulos e efeitos de movimentos criados por Kojima e sua equipe, que dão uma sensação de espacialidade e velocidade impressionante, aumentando o drama e a tensão em vários momentos.

O som também é impecável. Desde "Metal Gear Solid 2", a trilha sonora principal fica a cargo do maestro Harry Gregson-Williams, que compôs temas para filmes como "Cruzada" e "Chamas da Vingança", e aqui continua com o belo trabalho de embalar a ação e pontuar as cenas-chave da narrativa, o que faz com a competência de sempre. Ele tem a ajuda de Nobuko Toda, compositor das trilhas dos "Metal Gear Acid" de PSP, que aqui foi o responsável pelos belíssimos temas que abrem e encerram o jogo, respectivamente "Love Theme" e "Here's To You", que mais uma vez deixam claro que Snake é para os videogames o que James Bond é para o cinema.

Por fim, não há como deixar de comentar o trabalho de dublagem, que é excepcional. Uma atenção especial, com certeza vai para David Hayter, que dubla Snake em inglês e é, de certa forma, a alma do jogo. Muito imitado, ele novamente consegue o fino balanço ao expressar a extrema bravura nas situações mais tensas e, ao mesmo tempo, exibe um lado sensível e zeloso de um herói relutante em momentos dramáticos. Se esta for realmente a última aventura do herói, com certeza Hayter fará muita falta.

Metal Gear Online

Perigo permanente
"Metal Gear Solid 4" poderia ter incluído apenas uma campanha para um jogador e deixar todo mundo satisfeito, mas a Konami fez mais e incluiu "Metal Gear Online" no pacote. A empresa, na verdade, tem planos de lançar este modo online como um jogo separado no futuro, e o que está incluso aqui é uma espécie de pacote inicial. Há apenas uma pequena seleção de mapas, com partidas para até 16 jogadores.

Você tem que se cadastrar na Konami para ter acesso e criar apenas um personagem. A rede funciona bem, sem os graves problemas reportados na época do beta. Há uma série de modos como os tradicionais deathmatch e team deathmatch, além de outros que envolvem a captura de bases e outras variáveis. Há um sistema de habilidades, com direito a melhorias, e a compra de equipamentos, com um esquema que funciona de maneira bastante similar à campanha principal. Mas ainda é tudo bastante limitado e é nítido que se trata de um aperitivo para criar expectativas para o próximo lançamento.

CONSIDERAÇÕES

"Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots" fecha com chave de ouro a saga criada por Hideo Kojima há mais de 20 anos, com um desfecho memorável e impactante para aposentar o veterano Solid Snake. Em seu último capítulo, a série finalmente encontra o equilíbrio perfeito entre apresentação, roteiro, mecânica e diversão, em um dos jogos mais ricos, emocionantes e envolventes de todos os tempos. É o ponto mais alto do ciclo de vida do Playstation 3 até então, é o título que mais aproximou o cinema do videogame, e uma obra-prima que servirá como inspiração e base para muitos jogos que virão.

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    Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots (Playstation 3)

    234 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Konami
    Lançamento: 12/06/2008
    Distribuidora: Konami
    Suporte: Cartão de memória
    ImperdívelAvaliação:
    Imperdível

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