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Saint Seiya: Brave Soldiers

Claudio Prandoni

Do UOL, em São Paulo

04/02/2014 19h31

"Bravos Soldados" é um título fraco, que desagrada até os fãs da série. A empolgação de ver dezenas de Cavaleiros reunidos, em suas variadas versões, logo acaba ao perceber que todos são muito parecidos entre si.

Nem mesmo a grande variedade de opções de partida ajuda, já que as lutas acabam sendo todas muito parecidas e pouquíssimo técnicas.

O título peca também por um acabamento pobre: os menus são numerosos e com carregamentos demorados, as sequências de história pecam pela falta de animações e até mesmo a localização sofre com legendas pontuadas por erros e a inexplicável ausência de dublagem.

Introdução

Depois de uma vitoriosa experiência com "Cavaleiros do Zodíaco: Batalha do Santuário" - que era para ter saído apenas no Japão e acabou aparecendo também na Europa e aqui no Brasil com boas vendas -, a Namco Bandai investe em um jogo de luta um-contra-um estrelado por dezenas de guerreiros da franquia.

De fato, são mais de 50 lutadores, pinçados das três principais sagas da franquia (Santuário, Poseidon e Hades), ou seja, um verdadeiro sonho para os fãs mais ardorosos de "Cavaleiros".

"Bravos Soldados" conta também com diversas opções de partida, como batalhas online, torneios e personalização de poderes, que buscam tornar o game atraente por um bom tempo.

Pontos Positivos

Gráficos

"Bravo Soldados" é disparado o jogo mais bonito inspirado em "Cavaleiros do Zodíaco", com modelos tridimensionais que capturam bem o estilo do desenho animado.

As sequências de golpes especiais igualmente respeitam o estilo do anime, com ângulos dinâmicos e movimentos familiares, como o movimento das mãos de Seiya ao preparar o icônico Meteoro de Pégaso ou mesmo Hyoga concentrando o Pó de Diamante e outros golpes.

Pena que os movimentos básicos dos Cavaleiros não convençam muito. As animações são todas muito parecidas, a exemplo da maneira como os guerreiros correm pela arena, e um tanto quanto robóticas.

Variedade de modos de jogo

"Bravos Soldados" capricha na variedade de opções de partida. O prato principal recria as principais batalhas das três maiores sagas do anime e serve também para habilitar a imensa maioria dos personagens.

Além disso há também batalhas online, modos de sobrevivência e até opções para criar torneios personalizados, com regras diferentes, ótimos para juntar os amigos e colocar os heróis e vilões preferidos para brigarem entre si.

Pontos Negativos

Sistema de luta fraco

Em uma época em que vemos tantos jogos de luta bacanas, com sistemas distintos e complexos, é triste ver um game tão raso como "Bravos Soldados".

Até existe uma boa variedade de mecânicas, mas a maioria é totalmente dispensável, causando um enorme desequilíbrio nas lutas. Mais importante do que saber combos, golpes especiais ou contra-ataques é ter um bom controle da barra de golpes especiais.

Verdade seja dita, o sistema funciona bem para partidas amistosas, só para diversão rápida e casual, mas para isso já existem jogos melhores que conseguem o mesmo resultado sem dispensar sistemas mais profundos e elegantes.

Guerreiros 'clonados'

Um dos pontos mais bacanas de "Bravos Soldados" é que ele oferece mais de 50 lutadores diferentes. Isso inclui praticamente todos os heróis e vilões importantes da franquia, assim como suas variadas versões, como armaduras diferentes.

Pena que os produtores desperdiçaram o enorme potencial de assim apresentar um elenco variado e divertido: os personagens apresentam pouquíssimas diferenças entre si.

Os combos são todos iguais, assim como os movimentos para golpes especiais. Salvo algumas diferenças na distância em que certos golpes acertam (alguns são melhores de perto, outros de longe), é tudo muito parecido.

Por um lado isso ajuda a pegar qualquer guerreiro e sair lutando bem com ele logo de cara, mas vem ao custo de falta de novidade. Logo você joga com todo mundo e não há praticamente mais nada para descobrir ou mesmo estratégias para elaborar.

Acabamento pobre

"Bravos Soldados" apresenta de problemas de polimento difíceis de perdoar a esta altura da vida do PlayStation 3. O game sofre com numerosos menus e um tempo de loading considerável entre eles. Por que tanta burocracia?

Há até alguns casos esdrúxulos. Algumas lutas do modo Crônicas envolvem dois embates em seguida contra um mesmo adversário. Acontece o loading inicial para a primeira luta, ao acabar outro carregamento para uma cutscene e depois um outro loading para carregar (novamente!) os mesmos personagens que acabaram de lutar.

A repetição até seria mais fácil de entender se as tais cutscenes fossem mesmo animações, seja direto do desenho animado ou recriações em 3D com visual do game (como ocorrem nos games da série "Naruto" por exemplo). Porém, tais momentos são cenas estáticas, pontuadas por diálogos dublados em japonês.

Outros pequenos problemas atrapalham bastante a experiência, incomodam mesmo, mas estes são os que mais saltam aos olhos.

Localização fraca

Outro aspecto imperdoável de "Bravos Soldados" é o fraco trabalho de localização.

Depois de agradar bastante com a tradução de "Batalha do Santuário", que inclusive contou com o suporte dos fãs da série aqui no Brasil, a Namco Bandai dá um grande passo para trás neste departamento.

As legendas ajudam a acompanhar as fracas cenas de história entre as lutas do modo Crônicas, mas volta e meia apresentam erros bobos, que mostram que os responsáveis pela localização não conhecem bem a série. São pequenos detalhes, mas que acabam fazendo muita diferença em um produto claramente focado nos fãs mais fervorosos, como é o caso deste game.

Para piorar, não há desculpas para justificar a ausência de dublagem em português. "Cavaleiros do Zodíaco" é uma série muito querida no país e mesmo as versões mais recentes da marca conseguem trazer de volta dubladores clássicos e apresentar um ótimo nível de qualidade.

Enquanto vemos outras produtoras investindo em vozes em português para franquias totalmente novas por aqui, é frustrante ouvir Seiya e companhia falando apenas japonês.

Nota: 5 (Medíocre)