Topo

Dishonored

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

31/07/2012 18h15

Quando “Bioshock” foi lançado, em meados de 2007, trouxe consigo uma nova forma de contar histórias, uma jogabilidade inovadora e um cenário intrigante que mistura arte déco e steampunk. E é por ser um jogo tão icônico que se tornou referência entre os games da atual geração de consoles.

Cinco anos mais tarde, um novo jogo que mistura a ação em primeira pessoa com um cenário steampunk vitoriano chama atenção do público: “Dishonored”. Este é o mais recente trabalho do estúdio Arkane e Harvey Smith, um desenvolvedor de jogos que trabalhou em games como “Deus EX” e “System Shock” – sendo que neste último, ele trabalhou ao lado de Ken Levigne, o criador de “Bioshock”.

Não há como negar: “Dishonored” é um jogo que, sim, lembra “Bioshock”, mas tal afirmação é, ao mesmo tempo benéfica e injusta. Benéfica porque o game da 2K é realmente uma obra-prima. A injustiça fica por conta do conteúdo como um todo, pois cai como uma acusação e minimiza a proposta de Smith está trazendo para o mundo dos games.

PROSTÍBULOS ARISTOCRATAS

  • A cidade de Dunwall foi construída seguindo o estilo arquitetônico de Londres do século XVII, mas com a vida animada da era industrial. A estrutura política rígida manteve o clima de aristocracia e cenas de assassinatos em prostíbulos e em bares serão comuns no decorrer da aventura.

Passado a vapor

Dunwall é uma cidade que traz a sensação de estar em um passado longínquo, mas com máquinas movidas a vapor e engrenagens que mantém o mundo vivo. Por fora, a cidade de Dunwall parece ser o triunfo máximo da civilização. Seus prédios lembram a arquitetura inglesa do século XVII. Entretanto, este lugar é dominado por um governo opressor e ditatório, que não dá brechas para ascensão da população.

A ordem é mantida pelos Tallboys, soldados munidos de metralhadoras e pernas mecânicas que os elevam às alturas. Ninguém pode se rebelar nem atentar contra o governo. E é aí que começa a história de Corvo Atano, o guarda costas da Imperatriz. Ela acaba sendo assassinada e Corvo é condenado, sem provas, como autor do crime.

Atrás das grades e sedento por vingança, Corvo acaba se relacionando com um homem conhecido como ‘The Outsider’ (O Forasteiro, em tradução livre) que acaba lhe concedendo poderes sobrenaturais.

Agora, munido com sua fiel espada, Corvo vai atrás de vingança e acaba descobrindo que vive em um mundo podre e corrupto, que só terá fim quando a hierarquia de Dunwall for deposta.

ASSISTA AO TESTE DE "DISHONORED" NA E3 2012

  •  

Diga ‘não’ à linearidade

O principal problema da maioria dos jogos de ação é a linearidade. Não há mais espaço para a criatividade do jogador que fica fadado a entrar em corredores e seguir pelo roteiro pré-determinado pela equipe de produção. “Dishonored” tenta se esquivar e dá ao jogador ferramentas para que ele crie seu próprio estilo de jogo.

PODERES ALÉM DA IMAGINAÇÃO

  • Além de ter uma série de armas à disposição, Corvo poderá aprender uma série de habilidades especiais:

    • Blink: Permite teletransportar a curtas distâncias;
    • Celerity: Aumenta a velocidade;
    • Dark Vision: Melhora a visão;
    • Devouring Swarm: invoca ratos para devorar inimigos;
    • Feather: Pernite cair de lugares altos sem se machucar;
    • Fire: Ateia fogo em pessoas e objetos;
    • Healing: Cura uma certa quantidade de vida;
    • Ice: Congela pessoas e objetos; • Agility: Corvo corre mais rápido e pula mais alto;
    • Possession: Controla pessoas e animais;
    • Time Bend: Para o tempo;
    • Windblast: Corvo solta uma rajada de vento.

  •  

“Dishonored” permite que o jogador experimente diversas formas de se passar por um estágio. Um mesmo cenário pode ser completado como em “Call of Duty”, ou seja, saia do ponto A dando tiros para todos os lados e chegue ao ponto B. Esse mesmo trecho pode ser feito como em “Bioshock”, analisando o ambiente e pensando em formas de usá-lo a seu favor. Uma terceira opção é fazer um caminho mais longo e complexo, porém sem chamar a atenção dos inimigos.

Os poderes especiais e as armas de Corvo podem ser usados tanto para eliminar um alvo quanto para evitar o confronto direto. Um bom exemplo disso é a habilidade Blink, que permite se teletransportar em curtas distâncias, possibilitando cortar caminhos ou atacar soldados pelas costas.

Outro poder interessante é o Possession, que permite que Corvo controle um corpo, seja ele de um soldado, ou de um rato. Quanto mais complexo, menos tempo ele tem de possessão em um corpo, Com isso ele pode chamar atenção para outro lugar, ou simplesmente detonar alguns soldados inimigos. No total são 12 habilidades e cada uma permite que você use da forma que bem entender.

As opções são tão vastas quanto os poderes especiais que Corvo tem à disposição. Não existe um “jeito certo” para cumprir os objetivos, mas o mundo reage de acordo com suas ações.

Quanto mais destrutivo, mais você vai chamar atenção e a história vai ficar voltada ao herói. As pessoas nas ruas vão ficar apreensivas conforme sua fama de sanguinário aumentar. Entretanto, se você conseguir se mantiver incógnito, mais os moradores de Dunwall vão falar de um ‘fantasma vingador que anda pelas ruas durante a noite’.

Isso significa que você pode ir do início ao fim do jogo sem matar um soldado sequer e somente eliminar os alvos primordiais.

No final, o estúdio Arkane promete mais de 20 horas de jogo em “Dishonored”, bastante tempo para conhecer a cidade de Dunwall e seus personagens. Mas é bom que você separe mais algum tempo, pois os produtores já afirmaram que é impossível conseguir adquirir todos os poderes em apenas uma rodada.

Tudo isso só prova que “Dishonored” não é uma cópia barata de “Bioshock”. Na verdade a única coisa que ambos têm em comum é a visão em primeira pessoa e um mundo excêntrico. Agora é esperar para ver de perto como esse mundo opressor se desenvolverá.

“Dishonored” está previsto para chegar ao PlayStation 3, Xbox 360 e PC no dia 9 de outubro.

  • Os 'Tallboys' são soldados que usam uma espécie de 'pernas gigantes' para patrulhar as ruas de Dunwall. Corvo pode usar poderes para derrubá-los ou passar sem ser notado