Master System completa 20 anos de vida no Brasil
É o resultado do esforço da Tectoy, que acreditou e investiu em videogames. Apoiado em intensa campanha de marketing, o Master System conquistou um lugar especial entre os brasileiros.
O Japão é considerado um dos berços do videogame, um elo entre o pioneirismo de Ralph Baer (criador do Odyssey, considerado o primeiro videogame do mundo) e de Nolan Bushnell (fundador da Atari e de seus famosos videogames, principalmente o Atari 2600) e a poderosa indústria dos jogos eletrônicos da atualidade (ainda que tenha sofrido um baque com a crise).
Ainda assim, o Master System é quase um desconhecido entre os nipônicos. Ele é o ponto de chegada da Sega na geração dos videogames de 8 bits, iniciada com o computador SC-3000. Para os nipônicos, o console negro era um Sega Mark-III com alguns extras embutidos, como o som FM, ausente em qualquer outra edição do Master System.
Mas se em sua terra natal e nos Estados Unidos foi atropelado pelo rolo compressor da Nintendo, o NES. No fim da batalha, o videogame da Big N havia vendido quase 62 milhões pelo mundo, contra estimados 13 milhões do Master System.
A Nintendo tinha contrato de exclusividade com as produtoras, então restou à Sega procurar nichos inexplorados pela Big N, casos da Europa e Austrália, onde o Master System alcançou sucesso. Nesse processo, um capítulo à parte estava reservada para o Brasil.
Representante da Sega
A companhia fundada em 1987 no bairro da Água Branca tinha como foco produzir brinquedos de alta tecnologia, caso do Pense Bem. Mas para os aficionados em jogos, a Tectoy é lembrada pelos videogames da Sega: desde o Master System até o Dreamcast. Quase todos tiveram vida curta, exceto o Mega Drive e o Master System, que veem lançamentos até hoje.
'IMORTAL' |
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Apesar dos 20 anos nas costas, o Master System continua na ativa no Brasil. Prova disso são os dois lançamentos da Tectoy para o próximo Dia das Crianças: o Master System Evolution (foto), por R$ 199, vem com dois controles e 132 jogos, incluindo clássicos como "Sonic", "Alex Kidd in the Miracle World", "Golden Axe" e "Shinobi". Há também o Master System Portátil, de R$ 69, com 30 jogos da Sega na memória. Basta conectar o aparelho à TV. |
Foi essa propaganda maciça que fisgou o consultor gráfico Ricardo Wilmers Siqueira, à época com 12 anos. "Meus pais fizeram uma força incrível para comprar o Master System da Tectoy e foi um maravilha ver aqueles gráficos. Ficávamos impressionados com os comercias", rememora. Na verdade, o Master foi o segundo videogame da família. "Sair dos gráficos do Atari para o Master System foi o supra-sumo da época".
Wilmers, como os amigos o chamam, credita o trabalho de promoção como fator primordial para o sucesso do videogames no Brasil. "Sou formado em marketing e pós-graduado na área, e hoje vejo que o sucesso que a Tectoy teve no Brasil com o Master System foi conseguido pela estratégia de marketing agressivo utilizada no Brasil", analisa. "Se você conversar com colecionadores de Master pelo mundo afora, verá que aqui o console teve a maior projeção [entre as regiões]. E o tempo que o Master System se sustentou comercialmente foi infinitamente maior que qualquer outro lugar do mundo".
Games inesquecíveis do console |
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Em todo lugar
A aparato de publicidade da Tectoy ainda englobava anúncios em revistas (algumas especializadas que começavam a surgir no Brasil), informativos mensais para sócios do Master Clube ("Tenho até hoje minha carteirinha", diz Ricardo) e programas de TV como Master Dicas, que passava entre segunda e sexta durante o intervalo da Sessão Aventura da Rede Globo.
O Master System de Ricardo foi substituído dois ou três anos depois por um Mega Drive, mas, entre 2002 e 2003, passeando por um site de leilão, comprou um GameGear por US$ 20. Era um sonho de consumo de criança, finalmente realizado. Hoje, aos 33, Ricardo é um dos maiores colecionadores de Master System no Brasil: tem 243 dos 244 jogos lançados oficialmente pela Tectoy (falta-lhe apenas o raro "Mickey's Ultimate Challenge"). O console em si, tem cerca de 30 edições, quase todas exclusividades nacionais.
De acordo com a Tectoy, foram 18 versões do consoles lançadas no país, incluindo o recente Master System Evolution, com 132 jogos na memória, um a mais que o Master System 3, de 2008. Alguns são curiosos, como o Master System Girl, uma versão rosa do Master System Super Compact, que envia imagens para TV via sinal de antena. O console é rico em acessórios, como o óculos 3D, que faz com que as imagens "saltem" da tela. A pistola, inspirado no desenho "Zillion", foi muito popular, e a animação ainda rendeu jogos para o console. Em fevereiro deste ano, num caso bizarro em Samambaia, cidade-satélite de Brasília, uma senhora de 60 anos foi mantida refém por um homem armado com essa pistola Light Phazer.
Produção nacional
"Férias Frustradas do Pica-Pau" foi uma aventura original... |
..., enquanto "Chapolim X Dracula" foi adaptado de "Ghost House"... |
... e "O Resgate", com a Mônica, se baseou em "Wonder Boy". |
No começo, os títulos "originais" eram baseados em outro games, com os gráficos modificados. Assim, "Wonder Boy in Monster Land" virou "Mônica no Castelo do Dragão" e "Ghost House" se transformou em "Chapolim x Drácula - Um Duelo Assustador". Mas, mais tarde, foram produzidos títulos totalmente inéditos, cujo caso mais notório é o de "Street Fighter II", jogo de luta de grande sucesso na década de 90. Hoje, a Tectoy produz games para celulares e Zeebo, videogame desenvolvido em parceria com a Qualcomm.
Para Ricardo, os jogos essenciais do Master System são "Alex Kidd in Miracle World", "R-Type", "Shinobi", "Revenge of Shinobi", "Kenseiden", "Castle of Illusion", "Ghouls 'n Ghosts", "Wonder Boy" e "Sonic the Hedgehog". Hoje, os títulos do Master System podem ser jogados no serviço Virtual Console, do Wii, e nos vários modelos de consoles da Tectoy ainda hoje disponíveis no mercado. É o que faz o colecionador: "Jogo pouco qualquer videogame, mas me divirto quando ligo o Master System".
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