Impressões: "Journey" mistura "ICO" com "Zelda" e inova no multiplayer online
Assim como acontece com o Team ICO, o thatgamecompany é um dos estúdios que a Sony dá maior liberdade criativa e de tempo para trabalhar.
Formado por estudantes formados de uma faculdade de design de games dos EUA, tem em seu currículo "Flow" e "Flower", jogos de pouco apelo popular, mas que ousam explorar os games como forma de expressão filosófica e artística.
Com "Journey", próximo projeto da empresa que chega neste ano para download no PS3, a produtora embarca em um projeto mais grandioso, que busca levar esses conceitos para o campo dos games multiplayer online.
Nas últimas duas semanas aconteceu um teste beta fechado do jogo, do qual UOL Jogos participou. A exemplo de "Flow" e "Flower", "Journey" é uma experiência de ritmo lento e visual minimalista, mas extremamente cativante e, no que se refere aos elementos multiplayer, dá provas de que pode proporcionar uma abordagem inovadora e empolgante.
O deserto onde eu te encontrei
O beta disponibilizou três fases, todas ambientadas no deserto. Seu personagem é um ser coberto por panos, que pode andar e se comunicar apenas por meio de um "grito". Com o pressionar de um botão ele emite um sinal - e o botão pode ser carregado para "gritar" mais forte.
O cenário vasto, desolador e de poucas cores prontamente remete a "ICO" e "Shadow of the Colossus", sendo que tudo o que você vê pode ser alcançado e explorado. Ou quase, já que ao alcançar os limites da área de jogo uma forte ventania impede de prosseguir - uma reinvenção elegante das famigeradas "paredes invisíveis".
Logo seu heroi sem nome ganha um cachecol que permite dar saltos e planar. Conforme se avança, é possível encontrar mais pedaços para aumentar seu cachecol e assim pular mais alto e ficar no ar por um tempo maior. contudo, o poder é limitado e para renovar você deve encontrar locais onde pedaços de pano ficam girando no ar.
Há outra maneira, porém, e é aí que o jogo brilha e inova no aspecto multiplayer: eventualmente, você pode encontrar outros exploradores. A única forma de comunicação com eles é por meio dos gritos -, mas a interação também renova o poder mágico do cachecol dos dois personagens. A colaboração força naturalmente um laço entre jogadores. Não há chat por voz, texto, nem nada do tipo, apenas "gritos", mas a possibilidade um auxiliar o outro incentiva o trabalho em equipe - ao menos foi assim nos encontros que tivemos nos testes dos desertos de "Journey".
Explorar os ambientes rende não apenas poderes adicionais e novas amizades, mas também descobertas de torres, mausoléus e outras construções abandonadas. Ao toque, seu personagem interage com certos elementos, iluminando-os e ativando, resultando em novos poderes e lugares para visitar - bem ao estilo de "Zelda". Dessa maneira, a exploração é a própria narrativa da aventura.
Ainda nessas ruínas é possível ativar breves animações que contam - tudo apenas por meio de figuras - um pouco da história dos misteriosos personagens encapuzados.
Empolgante e inovador, mas para poucos
O teste beta é bem curto, em pouco mais de meia hora dá para encerrar as três fases, que têm como desfecho a descoberta de um prédio escuro e, aparentemente, equipado com máquinas a vapor.
O visual minimalista é lindo e envolvente, amparado por um estilo único e efeitos impressionantes de areia e tecido. Como de costume, a trilha sonora não se destaca demais, mas complementa bem o clima de solidão e descoberta que o game pretende passar.
Pela proposta inusitada e o sistema limitado de comunicação no aspecto multiplayer, "Journey" é um game que não deve ter apelo a um público muito amplo. Contudo, quem gostou de "Flow" e "Flower" vai apreciar ainda mais a nova empreitada da thatgamecompany, ao passo que fãs de "Zelda" e jogos do Team ICO também devem se identificar com o game.
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