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'Adoraria fazer a voz de Max Payne novamente', diz brasileiro que dublou o original

Théo Azevedo

Do UOL, em São Paulo

05/01/2012 12h43

É comum ouvir críticas à qualidade da dublagem de games no Brasil, mas “Max Payne”, lançado em 2001, costuma ser um dos poucos poupados pelos jogadores. Na época não era assim tão comum ver jogos totalmente em português e, ainda assim, a imensa maioria estava restrita ao PC.

UOL Jogos conversou com Mauro Castro, o homem por trás da voz de Max Payne, que prontamente manifestou seu desejo de voltar a dublar o personagem em “Max Payne 3”, que será lançado em março. Por enquanto, a Rockstar Games não confirma sequer se o jogo terá legendas em português.

Mauro falou também sobre a repercussão da dublagem de “Max Payne” e comentou as diferenças entre dublar para a televisão, por exemplo, e para um jogo. Leia a entrevista:

UOL Jogos - Como surgiu o convite para dublar Max Payne no jogo original e como foi a experiência?
Mauro Castro: Em 2000 a CD Expert [distribuidora do game no Brasil] me convidou para um teste. Eu não tinha ideia do sucesso que “Max Payne” seria. Fui lá, fiz o teste e acabei ganhando dos outros atores que concorriam.

Dublar games é uma coisa bem diferente de dublar qualquer outro produto, seja para TV, cinema , DVD ou internet. A diferença está no jeito que gravamos: quando se trata de uma dublagem (filme, desenho, documentário etc.), nós assistimos à cena antes de dublar. Já no caso dos games temos apenas o texto, ou seja, as frases soltas. No máximo, podemos ouvir o som original, mas sem imagem. Fica mais difícil interpretar.

OUÇA A DUBLAGEM DE MAURO CASTRO EM “MAX PAYNE”

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UOL Jogos - Você sabe por que “Max Payne 2” não foi dublado?

Castro: Não tenho ideia. Talvez por simples economia. Eu gostaria muito que tivesse sido dublado. Vários fãs me pediram, mas não depende de mim. Se quem faz os games soubesse que as pessoas exigem uma versão dublada, estou certo que ela estaria garantida.

Acho que sempre deveria existir a opção "dublado", sejam em filmes, desenhos, séries, games, documentários etc. Com a tecnologia de hoje em dia não é difícil garantir essa opção ao consumidor. Seria um respeito ao direito democrático. O consumidor tem todo o direito de escolher.

UOL Jogos - É comum ouvir críticas às dublagens de games no Brasil, mas “Max Payne” é um dos poucos jogos poupados – e, na verdade, até muito elogiados pelo público. O que você pensa disso?
Castro: Eu já tinha ouvido falar disso, ou seja, que mesmo quem não gosta de games dublados gostou de “Max Payne”. Sinto-me honrado por ter feito parte do projeto.

UOL Jogos - Você gostaria de dublar Max Payne em “Max Payne 3”, se houvesse tal oportunidade?
Castro: Se eu gostaria? Eu A-DO-RA-RI-A. Acho que hoje ele está ainda mais parecido comigo: mais velho, mais experiente, com cabelo raspado (risos).

UOL Jogos - “Max Payne 3” vai se passar em São Paulo e parte da trama envolve o fato de Max ser um estranho em um país estrangeiro, do qual ele desconhece a língua. Há como uma dublagem em português se encaixar neste contexto?

Castro: Isso já aconteceu em filmes e foi bem contornado. Acho que seria legal, sim, se fosse dublado. Só ficaria ruim dublar se o game tivesse muitas falas de outros personagens, já originalmente, em português. Aí daria confusão.