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Criado por brasileiros, "DungeonLand" estreia na GDC e se mostra promissor

Theo Azevedo

do UOL, em San Francisco

06/03/2012 12h30

Fundada por cinco sócios aficionados por games, autodidatas e muito dedicados, a carioca Critical Studio conseguiu o que um sem número de outras produtoras brasileiras de games morreu tentando: convencer um publisher – no caso, a sueca Paradox, de “Magicka” – a financiar e distribuir o seu jogo, o divertido e desafiador “DungeonLand”.
 
Com lançamento programado para 2012, “DungeonLand” está sendo exibido pela primeira vez durante a Game Developers Conference 2012, em San Francisco. “Sempre gostamos de jogos como ‘Gauntlet’ e ‘Diablo’ e nossa ideia era criar algo do gênero”, explica Gabriel Teixeira, um dos sócios da Critical e responsável pelas animações do game.
 
Os sócios decidiram fundar a Critical após uma empreitada mal-sucedida em outra empresa. “Nossa ideia era fazer jogos que a gente gostaria de jogar, mas nesta outra empresa sobrevivíamos de pequenos projetos que bancavam outros maiores, mas sem muito foco”, conta Marcos Venturelli, game designer e, curiosamente, também formado em Comunicação.

Quem é: Matheus Motta, Marcos Venturelli e Gabriel Teixeira
Onde fica: Rio de Janeiro, Brasil
Projetos atuais: DungeonLand
Distribuidora: Paradox

Só havia uma (louca) saída: abandonar os empregos e empreender por si mesmos. Foi o que fizeram, mas não sem vender bens como carros e, por uns bons meses, arregimentar o apoio de outros apaixonados pela causa, que no início trabalhavam de graça e de suas próprias casas, já que a Critical não poderia oferecer computadores para todos eles.
 
A Critical chegou a participar da GDC 2011, em busca do tão desejado publisher, mas foi só na volta, ao mandar um despretensioso e-mail para a Paradox, que conseguiram o apoio da empresa. “Dois meses depois estávamos com o contrato assinado”, lembra Teixeira.
 
Agora, devidamente capitalizada, a Critical Studio conta com 12 funcionários ao todo e trabalha incessantemente de segunda a sábado para terminar “DungeonLand” a tempo.

Parque de diversões para heróis
 
À primeira vista, “DungeonLand” pode parecer um pouco infantil – afinal, os gráficos são coloridos e os personagens cartunizados. É pura impressão: basta explodir uma das pobres ovelhinhas que, sem razão aparente, estão espalhadas pelo cenário, para perceber que junto com o bom humor vem uma certa dose de sadismo.
 
No game, um grupo de aventureiros visita uma espécie de parque de diversões medieval construído por um vilão, cansado de ter seus planos frustrados. A trama engraçadinha esconde uma mecânica de jogo simples, mas desafiadora, em que até três jogadores (ladrão, guerreiro e mago) percorrem diverso cenários lutando cooperativamente contra as mais variadas criaturas, em eventos randômicos que dificultam ainda mais a tarefa de se manter vivos.
 
Como era de se esperar, “DungeonLand” lembra bastante os jogos do tradicional gênero “hack and slash”: há diversas magias, armaduras e armas para os personagens, que ficam mais poderosos conforme evoluem pelos diversos níveis de experiência.
 
O ousado diferencial de “DungeonLand” está justamente no papel do quarto jogador: ele é o vilão e, como tal, tem a visão aérea do mapa, controlando os monstros e criaturas como em um RTS. Este modo ainda não estava em demonstração pela Critical: “Estamos trabalhando para encaixar o Dungeon Master Mode ao jogo como um todo, e tem sido um desafio e tanto”, diz Teixeira.

HERÓIS SE AVENTURAM EM "DUNGEONLAND"; ASSISTA

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 O jogo só começou
 
De programação à música, tudo é feito na Critical. O único trabalho terceirizado é a dublagem das vozes. Mesmo com o suporte da Paradox, a produtora brasileira sabe que nada está ganho e que há muito em jogo: “100% da empresa depende dos resultados de ‘DungeonLand’”, explica Venturelli, que é realista: “Ainda podemos ter o mesmo destino de tantas outras empresas e, simplesmente, desaparecer”.
 
Mas, no que depender da qualidade da produção, se a Critical mantiver o ritmo o futuro é promissor. Basta dar uma olhada nas imagens e no vídeo do game para ver que, independentemente de ser brasileiro, é uma produção competente.
 
“DungeonLand” deve custar entre US$ 10 e US$ 15 e será distribuído no Steam, serviço de venda de games por download da Valve Software. E com direito a uma versão legendada em português.
 
A Critical tem planos de levá-los a outras plataformas, incluindo os consoles, mas neste estágio de desenvolvimento ainda é muito cedo para tais planos.