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E3 2012: ambiente hostil e violência crua são combustíveis de "The Last of Us"

Akira Suzuki

Do UOL, em Los Angeles

07/06/2012 13h52

Por vários motivos, os momentos finais da conferência da Sony na E3 de 2012 foram marcantes, para dizer o mínimo. "The Last of Us", atual projeto da produtora de "Uncharted", impressionou não apenas pelo visual primoroso, mas também pela brutalidade. Basta dizer que a última coisa que a plateia viu antes do letreiro foi alguém sendo baleado na cabeça por um tiro de espingarda, num quase close de câmera.

Nesta quarta-feira (6), UOL Jogos teve acesso a uma sessão de demonstração do game pós-apocalipse da produtora Naughty Dog. A fase era a mesma mostrada na conferência, mas com mais detalhes e um jeito totalmente diferente de passar pelo hotel, onde Joel e Ellie, os protagonistas do jogo, enfrentam sobreviventes hostis.

Visualmente, "The Last of Us" não representa um salto muito grande em relação a "Uncharted 3", mas, também, o game estrelado por Nathan Drake já é um dos mais bonitos da atual geração de videogames. Talvez tenha uma iluminação mais natural, mas percebe-se que, basicamente, usa a mesma tecnologia.

VEJA TRAILER DE "THE LAST OF US" DA E3 2012

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Perigo real e imediato

O que definitivamente fica no passado é o clima de filme de ação e aventura de sessão da tarde e a progressão linear de fases de "Uncharted". Ficou bem claro que, desta vez, existe várias maneiras de lidar com os inimigos. Numa das cenas, Joel joga uma garrafa vazia para um lado para distrair um grupo de hostis.

  • Você controla Joel, um quarentão que sobreviveu ao holocausto que dizimou a população da Terra.

O confronto direto nunca parece ser a opção mais viável: vale lembrar que, em "The Last of Us", a civilização entrou em colapso, como no filme "Eu sou a Lenda", e os recursos, incluindo munição, são extremamente escassos.

O clima de viver ou morrer está impregnado em cada combate. A violência é crua. "Uncharted" está para "Indiana Jones" assim como "The Last of Us" está para "Tropa de Elite". Vi Joel matando de várias maneiras: enforcando - dá até para ver o inimigo virando os olhos antes de cair -, batendo na cabeça com pedras ou canos de ferro, queimando com coquetéis molotov e, claro, dando tiros.

  • Sua companheira é Ellie, uma menina que, aos 14 anos, não conheceu o mundo antes da barbárie.

"Toda essa brutalidade está a serviço de criar uma tensão em suas mãos, fazer com que fiquem suadas", diz Bruce Straley, diretor de "The Last of Us". "Pois, queremos que você sinta que há um risco real. Isso envolve lidar com outros humanos caso seja encontrado. Eles também estão tentando sobreviver dia após dia, assim como Joel e Ellie".

Não deu para saber se é inteligência artificial ou sob influência de um script fixo, mas o fato é que o game tem inimigos tem comportamentos nitidamente humanos. Não é só procurar por cobertura ou tentar cercar. Eles vão reconhecer o "clic" de uma pistola sem munição. Vão se esconder e ficar a espreita quando estiverem em desvantagem. E vão até tentar ações desesperadas, como jogar um coquetel molotov e partir para um tudo ou nada.

Enfim, "The Last of Us" deixa a impressão de um jogo que não é fácil de ser digerido. Não é apenas violência gráfica, mas algo mais contundente e perturbador. Crianças, saiam da sala; no novo game da Naughty Dog, menor não entra.

INSPIRAÇÕES DO CINEMA E DA TV

  • A idéia para o game veio do documentário da BBC "Planeta Terra", mas os desenvolvedores se inspiraram também nos filmes pós-apocalípticos "Eu Sou a Lenda" e "A Estrada", além do seriado "The Walkind Dead", que retrata um grupo de sobreviventes em um mundo infestado por zumbis.