Topo

"DmC" será o melhor "Devil May Cry" de todos os tempos, diz produtor; UOL testou

Théo Azevedo

Do UOL, em Cambridge*

01/11/2012 13h04

“É o melhor ‘Devil May Cry’ de todos os tempos”, crava Tameem Antoniades, diretor criativo da Ninja Theory. Além de confiante, o chefão da produtora europeia está feliz, afinal, após toda a polêmica gerada em torno do novo visual de Dante, os fãs da série já parecem mais confiantes e animados em relação ao a “DmC”, um 'reboot' da franquia da Capcom.

UOL Jogos foi até a Ninja Theory, em Cambridge, na Inglaterra, para jogar as primeiras horas de “DmC”, cujo lançamento está programado para 15 de janeiro, no PS3 e Xbox 360 com legendas em português.

Responsável por títulos como “Heavenly Sword” e “Enslaved”, a produtora encarou de frente a responsa de dar um novo rumo a “Devil May Cry”, pela primeira vez nas mãos do Ocidente – ainda que sob a devida supervisão da Capcom, é claro.

“Não se trata de ‘Devil May Cry 5’”, explica Antoniades. “É um mundo novo, com uma história nova e um novo Dante”. E esse Dante é um jovem do tipo que não quer nada com nada em relação à vida, mas que de repente descobre uma causa pela qual vale a pena lutar.

O enredo, uma historia sobre o relacionamento do protagonista com o irmão Vergil, mistura ainda temas contemporâneos como a alienação por parte da mídia e o consumo desenfreado de refrigerante. Pois é.

A Ninja Theory não está aqui por acaso: “É uma das poucas produtoras independentes de extrema competência e que não tem um contrato de exclusividade com alguma publisher”, explica Hideaki Itsuno, diretor dos “Devil May Cry” anteriores. É mais que isso: “DmC” é uma abordagem ocidental para a franquia e, por isso mesmo, um excelente ponto de partida para quem ainda não a conhece.

Em meio a isso, o que os fãs de “Devil May Cry” podem esperar de “DmC”?

VEJA A AÇÃO DE "DmC DEVIL MAY CRY"

  •  

Anjos e demônios

Por mais que se trate de uma nova abordagem, bastam alguns minutos com o joystick em mãos para ter certeza de que “DmC” é tão “Devil May Cry” quanto possível: os combates são fluidos e viscerais, e a contagem de pontos, exponenciada conforme a criatividade e eficiência dos combos, está lá, à direita da tela. Ainda é um jogo sobre tentar surrar vários inimigos sem ser atingido. E está mais divertido do que nunca.

  • Divulgação

    Os demônios não são muito fãs de Dante, já as anjinhas...

Se havia alguma preocupação sobre perda de identidade dos combates ou coisa assim, não há razão para esquentar a cabeça, pois a colaboração entre Ninja Theory e Capcom fez muito bem a “DmC”.

O principal trunfo está nos controles, já que o jogador consegue alternar entre as diferentes armas em tempo real, o que só faz bem para o medidor de combos.

Em outras palavras, na busca por um Triple S, o melhor é variar, começando, por exemplo, ao lançar um demônio no ar, efetuar alguns disparos com a Ebony e a Ivory, e alternar entre a Osiris e a Arbiter, armas angelical e demoníaca, respectivamente, para multiplicar a sua pontuação.

Some-se a isso a Rebellion, tradicional espada de Dante, e outras surpresas que o embargo (ainda) nos impede de contar, e “DmC” passa a oferecer ao jogador incontáveis possibilidades na criação de combos.

“O que fizemos foi criar recursos para atrair e incentivar estas pessoas que estão na vasta região entre casual e hardcore”, complementa Alex Jones, produtor da Capcom nos EUA, cujo papel foi ajudar a intermediar a relação entre a Capcom do Japão e a Ninja Theory.

Sim. A despeito da intenção de atrair um público novo, “DmC” é uma experiência hardcore, como todo “Devil May Cry” deve ser: “Nunca tivemos a intenção de tornar o jogo casual”, assegura Antoniades, para quem “casual” é um palavrão. “O verdadeiro prazer do jogo só vem mesmo quando você realmente domina os controles”.

AS ARMAS DE "DmC"


Ebony e Ivory
A dupla de pistolas que é um dos símbolos de "Devil May Cry".
Osiris
Arma angelical, é ideal para dar conta de vários inimigos ao mesmo tempo. Funciona como um gancho para puxar os inimigos na direção de Dante.
Arbiter
Um enorme machado demoníaco e eficiente quando o assunto é causar muito dano. Também faz a função de gancho, mas levando Dante na direção dos demônios ou então lançando-os no ar, para começar combos aéreos.

Rebellion
A tradicional espada do protagonista, pau pra toda obra.

O Limbo quer você

“DmC” se divide entre dois mundos: o real e o Limbo, onde Dante – e você, consequentemente - vai passar a maior parte do tempo. Como um “meio-demônio”, o protagonista, quase sempre contra a sua vontade, é levado para o Limbo, que é dominado por demônios e, literalmente, quer pegar Dante e acabar com ele.

EI, E "DEVIL MAY CRY 5"?


“DmC” está quase saindo do forno, mas o que esperar do futuro da franquia? Será que um dia o Dante nipônico voltará?

Por enquanto,Hideaki Itsuno, diretor de “Devil May Cry”, prefere manter o mistério:

“Nada é definitivo. Não podemos dizer se vamos fazer “Devil May Cry 5” ou não. Vamos escutar o que os fãs têm a dizer, ter paciência e ver o que acontece”.

“Queríamos criar este lugar vivo, com sangue nas veias e pulsação. Daí o sangue negro na superfície, os sons das entranhas e a sensação de que tudo está crescendo ao seu redor”, explica Antoniades.

“É como se o mundo pudesse sentir Dante adquirindo força, como um invasor, e mandasse os demônios, que seriam os anticorpos, para atacá-lo”.

A despeito da descrição apavorante, o Limbo tem um visual fascinante, e este sentimento de que o jogador está sendo vigiado acompanha-o o tempo todo.

Por diversas vezes o cenário tenta sabotar Dante, fechando-se ao seu redor, despencando e por aí vai.

Ao mesmo tempo, como todo “Devil May Cry” que se preze, boa parte da diversão está em explorar os cenários para buscar itens (muito bem) escondidos, para terminar as 20 fases do jogo – com pelo menos uns seis chefões – com a melhor performance possível.

Nesta jornada, além de Mundus, demônio e vilão-mor que aparece em uma forma humana, Dante vai se deparar com seu irmão, Vergil, que vai ajudá-lo a conhecer seu passado, e com Kat, uma jovem meio vidente, meio bruxa. "Ela representa o que há de humano em meio a essa grande batalha, ajuda a entender Dante melhor e mostra como ele cresce enquanto pessoa e passa a se preocupar com algo", conta Antoniades.

Feliz Ano Novo

Lá se vão três anos desde o anúncio de “DmC”. Sabiamente a Capcom decidiu evitar a alta temporada de lançamentos e marcou a chegada do game para 15 de janeiro. Em geral, o jogo tem potencial para agradar, e muito, não apenas os fãs de “Devil May Cry”, mas quem gosta do gênero, que passa por “Bayonetta”, “Metal Gear Rising” e tantos outros.

Se vai ser mesmo o melhor “DmC” de todos os tempos, bem, isso só com o produto final e mãos. Mas uma coisa é certa: nunca um game da série ofereceu uma experiência tão ampla, envolvente e bem acabada como foi possível comprovar nas primeiras cinco horas de “DmC”.

CO-OP E MULTIPLAYER. POR QUE NÃO?

Ao longo de 20 fases, “DmC” promete cerca de 12 horas de jogo na campanha principal, mas há ainda o Replay Mode e o Remix Mode, uma vez terminada a aventura.

Perguntada se a ideia de um modo multiplayer ou co-op nunca foi levada em conta no projeto, a Ninja Theory se justifica: “Nossa ideia era contar a historia de Dante e, de certa forma, achamos que seria conflituoso se fizéssemos algo com co-op”. Quem sabe numa próxima, né?

*O jornalista viajou a convite da Capcom