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Problemas atrapalham boas ideias e Wii U ainda não vale o investimento; leia a análise

Claudio Prandoni

Do UOL, em São Paulo

04/12/2012 10h42

Enfim a Nintendo entra na era da alta definição com o Wii U, console que sucede o Wii e busca emplacar uma nova maneira de jogar ao apresentar um controle com tela de toque que possibilita novas formas de interação com a televisão.

O aparelho chegou aos EUA no fim de novembro em dois pacotes diferentes - um com console branco e memória flash de 8GB por US$ 300 e outro na cor preta, com memória flash de 32GB, o jogo "Nintendo Land" e acessórios por US$ 350 -, mas ainda não possui data para ser lançado oficialmente no Brasil.

Por ora, a Nintendo cita um vago "primeiro semestre de 2013" como período planejado de lançamento por aqui, mas sem dar um possível preço.

De qualquer maneira, UOL Jogos foi buscar um Wii U nos Estados Unidos logo no dia de seu lançamento (veja aqui como foi a aventura do repórter Felipe Carettoni!).

Depois de muito testar o aparelho e seus primeiros jogos, abaixo você confere nossas impressões.

GamePad em mãos

A grande estrela do Wii U é seu controle que, com uma grande tela de toque no meio, lembra muito um tablet. Com peso de 500g, é mais leve que um tablet convencional, porém mais pesado que joysticks convencionais.

À primeira vista, parece desengonçado, mas sua pegada é agradável e não atrapalha mesmo em longas sessões de jogo - ainda que jogadores veteranos e mais acostumados ao PlayStation 3 e Xbox 360 possam estranhar o peso nestas partidas mais extensas.

CONTROLE UNIVERSAL

Além de controle do Wii U, o GamePad funciona também como controle remoto universal para TVs. A configuração é simples e a funcionalidade, ainda que pareça simplória, é muito prática já que facilita e até incentiva você a ligar a televisão e, mesmo que não vá jogar, mantenha o controle por perto para navegar pela internet ou acompanhar o que a galera está falando no Miiverse sobre "Batman: Arkham City", o novo "Mario" ou outros jogos.

Sua bateria é um problema, já que dura pouco tempo (cerca de 3 horas e meia de uso) e não oferece muitas opções de economia de energia. Por exemplo, possui uma proteção de tela que diminui o brilho ao ficar alguns minutos sem usar, mas não permite desligar a telinha em jogos em que ela não é essencial.

Falando na tela do GamePad, ela funciona de tanto de forma complementar como independente da TV. Todas as funções do Wii U podem ser usadas apenas na tela de 6,2 polegadas e 854 x 480 pixels de resolução - com exceção, claro, de alguns jogos que exigem a tela da TV, como "ZombiU".

A distância de funcionamento do controle impressiona: nos testes feitos na redação, conseguimos jogar "New Mario Bros. U" a cerca de 25 metros do console, com apenas uma parede entre o videogame e o GamePad. De fato, o Wii U declara independência total da TV: o aparelho pode estar apenas conectado à tomada que já funciona numa boa.

A disposição dos botões não incomoda e mesmo a alavanca analógica direita - que, diferente de outros controles, fica acima dos botões de ação - é fácil de acostumar. O mesmo não pode ser dito dos gatilhos ZL e ZR, não são analógicos, como nos concorrentes, atrapalhando especialmente em jogos de corrida.

Por sua vez, a tela de toque surpreende pela precisão e rapidez de resposta, considerando-se que é uma tela resistiva, ou seja, igual à do 3DS e sem capacidade de multitoque.

Ainda assim, não é tão eficiente quanto uma tela capacitativa de tablet ou do PS Vita e ainda causa incômodos como ao navegar pela internet ou ver imagens, já que não é possível fazer o já consolidado movimento de pinça com os dedos para aumentar ou diminuir o campo de visão.

Em contrapartida, o GamePad acompanha uma canetinha stylus, idêntica à do Nintendo DS, que ajuda a digitar, desenhar e navegar por páginas e aplicativos.

Já os sensores de movimentos do aparelho surpreendem pela qualidade. Usar o GamePad como radar, por exemplo, em "ZombiU" e vasculhar os arredores é fácil e intuitivo, graças à agilidade de reconhecimento dos nove eixos do joystick, três a mais do que no Wii.

A REDE SOCIAL MIIVERSE


O GamePad funciona como uma janela para o Miiverse, uma rede social da Nintendo que estreou no Wii U, mas promete em 2013 chegar também a outros aparelhos, como PCs e smartphones.

O serviço é formado por comunidades de jogos e aplicativos do Wii U e cada uma funciona como um mural no qual é possível postar mensagens, desenhos feitos na telinha de toque e até telas capturadas direto do game em questão (basta apertar o botão Home durante o jogo para 'capturar' a tela).

No Miiverse é possível dar 'joinhas' para dizer que gostou do post, comentar e até seguir as publicações dos usuários - mesmo que eles não sejam amigos seus na rede.

Um detalhe bacana é que é possível marcar em sua publicação quando ela for spoiler de algum jogo e a própria rede também mostra a todos se você jogou ou não o game da comunidade na qual você está comentando.

O serviço é prático e divertido, já que estimula a trocar informações e desenhos com a comunidade - e uma forte moderação da Nintendo garante que seja um lugar 'do bem', com mensagens de ofensas sendo removidas. Pena que o Wii U não seja muito ágil para abrir mensagens.

As publicações mais 'badaladas' e aquelas feitas por amigos seus aparecem com destaque no WaraWara Plaza, a tela inicial do videogame onde Miis se agrupam ao redor de ícones de jogos e aplicativos populares.

Aliás, o sistema de amigos exclui de vez os famigerados Friend Codes. Agora cada usuário deve se registrar no serviço Nintendo Network e pode passar aos amigos seu apelido na rede. Lamentável apenas que cada usuário só possa se registrar em um console por vez, impossibilitando, por exemplo, que um amigo que também tenha o Wii U crie uma conta dele no seu console.

O console

Um pouco mais comprido e pesado do que o antigo Wii, o Wii U é um hardware bonito, discreto e fácil de acomodar na sala entre tantas outras máquinas. O videogame é um pouco mais barulhento do que seu antecessor, porém mais silencioso que PS3 e X360.

Curiosamente, ele fica ainda mais quieto quando não possui disco inserido - mesmo que o disco não esteja sendo usado, ele continua girando e faz barulho.

VIDEOGAME EM PT-BR

A exemplo do portátil Nintendo 3DS, o Wii U chega com o português do Brasil como opção de idioma, o que ajuda muito a configurar e usar o videogame. Pena que até agora a Nintendo só traduziu o jogo de karaokê "Sing Party" para nosso idioma.

Outro ponto inusitado é que o Wii U pode sim ficar na vertical, diferente do que a própria Nintendo afirmou à época da E3 2012, em junho. Tanto que a edição Deluxe do aparelho acompanha dois suportes para deixar o videogame de pé.

Sem suporte a controles e memory cards de GameCube, o Wii U ao menos aceita todos os joysticks e periféricos do Wii, incluindo a barra sensora e cabos composto e componente - além, claro, de estrear uma saída HDMI em videogames Nintendo.

Com relação a tomadas o videogame traz uma complicação, já que além de exigir uma entrada para o console ele requer também uma tomada só para o controle GamePad.

Inclusive, o joystick conta com uma base carregadora ao estilo daquela presente no portátil 3DS, na qual é só apoiar o controle para carregar sua bateria.

INSTALANDO O Wii U

Instalar o Wii U e começar a usá-lo não é das tarefas mais práticas concebidas pela Nintendo. Além de duas tomadas (uma para o console, outra para o GamePad), o videogame requer uma gigantesca atualização inicial que deve ser baixada online apenas via WiFi, já que o videogame só possui suporte a esse tipo de conexão, não é possível espetar um cabo ethernet nele.

Nos testes feitos com os videogames da redação do UOL Jogos, a atualização demorou cerca de 2 horas para baixar. Em um teste foi utilizada uma conexão de internet de 10MB enquanto no outro foi usada uma conexão de 20MB.

Para piorar, todos os jogos - ao menos desta leva de lançamento - exigem baixar atualizações online também, variando de 5 a 20 minutos entre baixar e instalar o arquivo. Aliás, neste ponto o Wii U é similar ao PS3, já que é necessário fazer download de arquivos e jogos para depois instalar.

Os primeiros jogos

New Super Mario Bros. U
A nova aventura do herói não inova, mas empolga com visual em alta definição e fases muito divertidas. O multiplayer agora suporta até 5 pessoas simultaneamente, sendo que o quinto elemento fica no GamePad, criando blocos para ajudar os aventureiros na tela da TV. Se preferir jogar sozinho, dá para jogar só na telinha do controle, deixando o televisor livre.
Nintendo Land
Coletânea de minigames que acompanha a versão Deluxe do Wii U, serve como boa demonstração das possibilidades (mas não da suposta genialidade) do GamePad. Para jogar as modalidades multiplayer, como as geniais brincadeiras de pega-pega inspiradas em "Super Mario" e "Luigi's Mansion", é necessário ter Wii Remotes, os controles do velho Wii.
ZombiU
Título exclusivo mais original e criativo do aparelho neste lançamento. A atmosfera sombria de uma Londres devastada pelo apocalipse zumbi casa bem com a altíssima dificuldade. No multiplayer, é possível usar o controle Pro.
Batman: Arkham City - Armored Edition
A excelente aventura do Cavaleiro das Trevas lançada em 2011 para PC, PS3 e X360 chega ao Wii U em um disco com todos os extras lançados para download. Aqui, porém, todas as bugigangas do herói devem ser controladas pela telinha do GamePad, o que renova a experiência, mas pode incomodar alguns jogadores.
"Assassin's Creed III", "Mass Effect 3", "Sonic & All-Stars Racing Transformed" e "Epic Mickey 2" apresentam diferenças mínimas em relação às versões para PS3 e X360. A principal mudança fica por conta do uso da tela do GamePad para mostrar mapas e outras informações adicionais.

SUPORTE AO VELHO Wii


O Wii U descarta a retrocompatibilidade com o GameCube, mas funciona com todos os jogos e acessórios do Wii. Pena que isso aconteça de forma tão complicada.

Em vez de integrar o Wii ao seu sistema operacional, o Wii U isola o irmão mais velho em seu próprio quadrado. Na prática, você acessa uma opção no console que o faz funcionar como o antigo videogame, com a velha tela inicial dividida em canais.

O ruim é que até mesmo títulos de Virtual Console e WiiWare ficam confinados a este espaço, impedindo, por exemplo, de comentar no Miiverse sobre games de Super Nintendo, Mega Drive, Nintendo 64 e outras produções originais.

Para aqueles que pretendem substituir o velho Wii pelo Wii U, é possível transferir saves e jogos baixados do console antigo para o novo. O processo é burocrático e exige um cartão SD que possa ser formatado, ligar os dois consoles na TV (não necessariamente ao mesmo tempo) e quase uma hora e meia para finalizar tudo. Uma vez transferido para o Wii U, o conteúdo não pode ser enviado de volta para o Wii.

Vale a pena comprar agora?

Não. No lançamento, o Wii U aparece com propostas divertidas e interessantes, como a rede social Miiverse, mas ainda derrapa em algumas falhas técnicas e, francamente, escassez de conteúdo. Sem a loja online aqui no Brasil muitos títulos - especialmente os indies - ficam inacessíveis e as poucas exclusividades não justificam a compra do aparelho.

A curta duração da bateria, o isolado suporte ao velho Wii e a demora do sistema para acessar aplicativos e mudar de um para o outro acabam também diminuindo o valor de características bacanas.

Felizmente, a maioria delas pode ser solucionada por meio de atualizações online (ou assim esperamos).

Por ora, fica a impressão de que para cada passo dado para a frente a Nintendo também dá um passo pra trás. O controle GamePad é divertido, mas sua bateria dura pouco. O navegador de internet é rápido, mas não suporta Flash, enquanto os aplicativos são práticos, mas demoram uma eternidade para abrir e fechar e por aí vai.

UOL JOGOS MOSTRA O Wii U E TIRA DÚVIDAS

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