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Por preço camarada, Gamestick quer levar jogos mobile para TV

Théo Azevedo

Do UOL, em San Francisco

28/03/2013 13h29

Se tamanho não é mesmo documento, o GameStick, da PlayJam, quer ser a prova definitiva do dito popular: com as dimensões de um pen drive, o “console”, plugado na televisão, vai dar acesso a jogos que rodam via Android. E tudo isso por módicos US$ 79, pouco mais caro que um game para PlayStation 3 ou Xbox 360.

A PlayJam aproveitou a GDC 2013, feira de desenvolvedores de jogos que acontece em San Francisco, para mostrar do que o GameStick é capaz. O console, aliás, arrecadou US$ 600 mil, de 5.000 “investidores”, no Kickstarter, e tem lançamento planejado nos EUA e Europa para o mês de abril.

O GameStick conecta-se à TV por uma porta USB e comunica-se via Bluetooth com um controle (quadradão e não lá muito amigável), incluso no pacote, e via wi fi com a internet. Assim, o jogador tem acesso à uma loja muito parecida com a AppStore, dotada de conquistas, integração com redes sociais e até mesmo acesso ao Netflix.

Não estava previsto no projeto, mas atendendo a pedidos dos “backers” do Kickstarter, a Playjam também criou uma espécie de deck, cuja compra é opcional, e que será uma alternativa para quem possui aparelhos de TV antigos e pode ter problemas na hora de conectar o GameStick. A peça serve ainda para recarregar o controle e tem portas diversas, como HDMI e USB, reforçando uma vocação secundária do console: central de mídia.


Dá pra botar fé no GameStick?

Já está claro que, num futuro próximo, o mercado de videogames não será mais restrito ao trio de ferro – Sony, Nintendo e Microsoft. Mas será que o GameStick tem potencial para estabelecer-se como alternativa? A princípio, o aparelho parece ter mesmo um grande desafio pela frente.

  • No protótipo da loja virtual do GameStick aparecem diversos games de sucesso do Android, como "Shadowgun"

A PlayJam baseia-se na premissa de que o GameStick é a solução para levar à televisão os jogos antes restritos aos smartphones e tablets. “Os jogos não são definidos pela plataforma, mas pelo interesse do jogador”, aposta Sameer Baroova, que cuida da divisão de jogos da empresa.

Há ao menos duas barreiras à vista: primeiro, quem já possui um tablet ou smartphone pode simplesmente não se interessar em jogar os mesmos games na tela grande. E, para completar, é preciso convencer os desenvolvedores a adaptarem seus jogos, baseados em toque, ao controle do GameStick. “Já estamos em contato com os principais produtores no iOS e Android, além de criadores que vão garantir games originais”, explica Baroova.

Quanto vão custar os jogos? Fica por conta do produtor, mas não deve fugir muito à média do que é cobrado nos smartphones e tablets. A PlayJam faz a parte dela e fornece o kit de desenvolvimento de graça.

O lado mais animador do conceito do GameStick, além do preço camarada, é que será uma vitrine extra para empresas pequenas e criadores independentes, uma vez que as barreiras são bem menores se comparadas às impostas pelas grandes fabricantes de videogames. Mas, mesmo nesse ponto, é importante destacar que o GameStick terá a concorrência de plataformas como o Ouya, também baseado em Android, e que vai custar US$ 99.

Por ora, a PlayJam confirma entre a biblioteca inicial de títulos alguns games, não por acaso, já conhecidos da cena mobile, como “Shadowgun” e “Smash Cops”.

E o Brasil?

Embora priorize Estados Unidos e Europa, a PlayJam já está de olho no Brasil, mas com os pés no chão: “Sabemos que os impostos de importação são altos, portanto vamos precisar trabalhar parceiros distribuidores para encontrar a melhor alternativa”, diz Anthony Johnson, executivo da companhia.

Baroova, aliás, chegou a lembrar do Zeebo, console concebido no Brasil em 2009 pela Tectoy com a proposta de rodar jogos via download: “O Zeebo tinha a intenção de levar jogos para mercados emergentes, mas surgiu na hora errada”, diz.

Resta ver se o GameStick será a ideia certa no momento certo.